RADAR DO DIA: De olho em Powell; Juros no Japão; Galípolo e a inflação

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São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em alta. A semana termina com o mercado de olho no discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano, Jerome Powell, que acontecerá nesta manhã, às 11h (horário de Brasília), durante conferência no simpósio de Jackson Hole (EUA). Apesar da expectativa, Powell não deverá “revelar” algo além do que já está precificado.

Diante de um cenário menos turbulento, com inflação em queda, emprego e economia controlados, a expectativa é que o Comitê Geral do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Fed, faça um corte de 0,25 ponto percentual na reunião de setembro, e repita a dose nas últimas duas reuniões do ano (novembro e dezembro), o que levaria a taxa de juros a 3,5% no verão de 2025. Mas não está descartado um possível corte de 0,50 ponto percentual ainda neste ano

Ontem, os números de novos pedidos de seguro desemprego mostraram que o mercado de trabalhos nos EUA está desaquecido, com um aumento de 4 mil novos pedidos, chegando a 232 mil na semana encerrada em 17 de agosto, após ter alcançado 227 mil na semana anterior (dado revisado). Outro índice que mostrou a situação do emprego foi a revisão para baixo da quantidade de vagas criadas de empregos entre março de 2023 e março de 2024, divulgada pelo departamento do Trabalho norte-americano (BLS, da sigla em inglês). Foram 818 mil a menos dos níveis mostrados pelos registros fiscais. Assim, em vez de adicionar 2,9 milhões de empregos nos 12 meses até março de 2024, houve apenas 2,1 milhões de novos empregos.

O presidente do Fed Filadélfia, Patrick Harker, afirmou que é a favor de uma redução nas taxas de juros em setembro, desde que os dados se mantenham conforme esperado. “A menos que surjam surpresas nos dados, é hora de iniciar o processo de redução das taxas de juros. O tamanho da redução não é tão relevante quanto o ritmo e a abordagem geral das cortes”, comentou Harker, que defendeu uma abordagem lenta e metódica, ao contrário dos aumentos agressivos que ocorreram no início de 2022.

No Japão, o presidente do Banco do Japão (BoJ), Kazuo Ueda, reafirmou sua intenção de aumentar as taxas de juros se a inflação continuar a atingir de forma sustentável a meta de 2%, destacando que a recente volatilidade do mercado não deve prejudicar o plano de longo prazo para aumento das taxas. Ueda ressaltou, no entanto, que os mercados continuam instáveis, o que pode impactar as previsões de inflação do BoJ, tornando os movimentos do iene e dos preços das ações fatores cruciais na determinação do momento para o próximo aumento dos juros.

Por aqui, ontem, a Receita Federal divulgou os números da arrecadação total referente a julho, que chegou a R$ 231,044 bilhões, registrando acréscimo real (IPCA) de 9,55% em relação a julho de 2023. No período acumulado de janeiro a julho de 2024, a arrecadação alcançou o valor de R$ 1,529 trilhão, representando um acréscimo pelo IPCA de 9,15%. Quanto às Receitas Administradas pela RFB, o valor arrecadado, em julho de 2024, foi de R$ 214,7 bilhões, representando um acréscimo real (IPCA) de 9,85%, enquanto no período acumulado de janeiro a julho de 2024, a arrecadação alcançou R$ 1,450 trilhão, registrando acréscimo real (IPCA) de 9,07%.

Segundo a Receita, o acréscimo observado no período pode ser explicado pelo comportamento das variáveis macroeconômicas, pelo retorno da tributação do PIS/Cofins sobre combustíveis, pela tributação dos fundos exclusivos e pela atualização de bens e direitos no exterior, ambas em conformidade com a Lei 14.754, de 12 de dezembro de 2023 e pela calamidade ocorrida no Rio Grande do Sul.

Ontem, o diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, voltou a dizer que o cenário econômico segue marcado por incertezas e pressões inflacionárias, e alertou como essas mudanças pesam de maneira desfavorável para o atingimento da meta de inflação. Ele afirmou que “subir os juros não representa necessariamente um desconforto, mas sim uma medida necessária para controlar uma inflação que está fora da meta e cujas expectativas estão se desancorando”.

No setor corporativo, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirmou ontem (22) que às 20h40 foi concluída a recomposição total da carga no Acre e Rondônia. Às 16h47, houve interrupção da carga que atende a região Norte, resultando no desligamento de 984 MW. A ocorrência afetou os estados do Acre (187 MW) e Rondônia (797 MW).

O Itaú Unibanco Holding S.A comunica ao mercado que realizou emissões de Letras Financeiras Subordinadas Nível 2 (Letras Financeiras) no montante total de R$ 3,1 bilhões, em negociações privadas com investidores profissionais. As Letras Financeiras possuem vencimento em 2034, com opção de recompra a partir de 2029 sujeita à prévia autorização do Banco Central do Brasil. Nos termos da Resolução BCB Nº 122 as Letras Financeiras contribuirão para Capital Nível 2 do Patrimônio de Referência da Companhia, com impacto estimado de 0,24 p.p (base: junho de 2024) no seu índice de capitalização Nível 2.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou nesta quinta-feira (22) a abertura de chamada pública que deve disponibilizar R$ 6 bilhões para investimentos em combustíveis verdes, incluindo o Combustível Sustentável de Aviação (SAF, na sigla em inglês) e o combustível sustentável para navegação. O fundo é mais um incentivo que integra as políticas integradas do Governo Federal por meio do programa Combustível do Futuro.

Os aeroportos brasileiros receberam em julho o maior número de passageiros de voos internacionais para o mês, desde o começo da série histórica da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), iniciada no ano 2000. Foram mais de 2,2 milhões de pessoas entre embarque e desembarque, um número 17% maior do registrado em julho do ano passado. É também a maior movimentação internacional entre janeiro e julho (14,1 milhões de passageiros) da série, superando os números registrados antes da pandemia do Covid-19 para o período.

A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) admitiu incidente de assunção de competência (IAC 18) para analisar a “caracterização do termo de compromisso firmado entre a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais e a Vale S.A. como título executivo extrajudicial para o ajuizamento de ações individuais e a legitimidade das vítimas para sua execução”. A relatoria é do ministro Antonio Carlos Ferreira, que afetou o Recurso Especial 2.113.084 para ser julgado no incidente. O colegiado determinou a suspensão, em todo o território nacional, dos processos que versem sobre a mesma questão.