Bolsa fecha em alta, bate novo recorde histórico, em meio à indicação de Galípolo para presidência do BC; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta, bateu novo recorde histórico, com o mercado reagindo positivo à confirmação do nome de Gabriel Galípolo, economista e atual diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), para suceder a Roberto Campos Neto na presidência do BC. A alta da Petrobras (PETR3 e PETR4) também contribuiu para o movimento positivo.

O Ibovespa passou praticamente todo o pregão de lado, a oficialização do Galípolo ajudou a firmar em alta perto do fechamento. Galípolo será sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

O nome deverá aprovado pelo plenário da Casa. Se for aceito, Galípolo assumirá a presidência do BC a partir de janeiro.

A Petrobras (PETR3 e PETR4) subiu 2,26% e 1,43%.

O principal índice da B3 subiu 0,41%, aos 137.343,96 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 0,38%, aos 139.135 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,6 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que “a Bolsa reagiu bem ao nome do Galípolo. Desde que ele foi colocado como o número 2 do Haddad existia essa expectativa [para assumir o BC]. Ao longo dos últimos meses surgiu uma dúvida sobre nomes de ala mais política do governo que deixaram o mercado preocupado e quando volta essa normalidade, o mercado reage bem”.

Anderson Miranda, head de distribuição da W1Capital, disse que a indicação do Galípolo para assumir a presidência do Banco Central foi positivo.

“O nome do Galípolo já era amplamente esperado. Ele tem se mostrado bem pragmático em suas falas, aparentemente a indicação é algo bom para o mercado”.

Felipe Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, disse que “o pregão de hoje reflete o equilíbrio entre a queda das ações de Vale e queda Petrobras e Itaú. Além disso, diante do noticiário econômico esvaziado, o volume observado na sessão de hoje se deve a reposicionamentos e realizações de lucros apurados em dias recentes”.

Castro disse que o mercado “espera que Galípolo se dissocie das pressões políticas. Galípolo deve assumir no momento em que o desajuste fiscal do governo deve levar os juros à retomada de uma trajetória de alta, já que o consenso de mercado aponta para uma Selic de 12% ao final de 2025. Vai ser interessante ver o discurso do governo diante da alta da taxa de juros sob a presidência de um indicado pelo próprio governo”.

Felipe Moura, analista da Finacap, disse que o Ibovespa oscila, mas a perspectiva é de alta.

“A Bolsa está andando de lado, mas o comportamento dela é saudável, está resiliente e já subiu 15% em dois meses de forma substancial. Espera por um movimento de correção mais forte. Minha leitura é bem positiva. O estrangeiro voltou a comprar com a melhora de cenário, e isso é bom sinal, já o investidor local está pouco alocado porque os juros ainda estão altos. Vejo potencial de fluxo pra vir, e para coroar os resultados das empresas no segundo trimestre foram muito bons”.

Em relação à Selic, Moura disse que “uma ala do mercado acha que vai aumentar os juros e outra que vai subir. Se mantiver uma comunicação mais dura vai controlar o câmbio; se for muito dovish pode ter pressão na divisa”.

Mais cedo, em evento promovido pelo Santander, o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto disse que o colegiado prefere não dar projeções (guidance) para poder “ter mais flexibilidade” e o mercado fica dependente disso. “As pessoas tentam tirar o guidance pelo que é dito por cada diretor do BC”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,96%, aos R$ 5,5559 refletindo o cenário externo em meio ao exagero de otimismo do mercado em relação ao corte de juros nos EUA, expectativa do resultado da Nvidia e absorvendo a formalização do economista Gabriel Galípolo para a presidência da instituição.

Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, disse que o DXY operou no positivo, “o que prevaleceu a alta do dólar frente a várias moedas com os investidores reparando o excesso entusiasmo com o corte de juros nos Estados Unidos. Não necessariamente um prêmio de risco com a indicação do Galípolo porque tem também a questão do mercado internacional e não é possível atribuir a proporção de cada um desses eventos”.

Camila disse que “desde o ano passado o mercado trabalhava com a hipótese de Galípolo na presidência do BC, mas houve uma certa mudança na percepção que se tinha em relação ao diretor de política monetária. Em 2023, o mercado entendia que Galípolo sucumbiria às pressões do governo, falava-se em Tombinização [se referindo a Alexandre Tombini, ex-presidente do BC] do BC. No entanto, a postura que o diretor adotou recentemente, seguindo as sinalizações mais duras de combate à inflação, reduziu essa percepção. Agora, fica a expectativa pela nomeação para diretoria deixada pelo Galípolo. Fora isso, entre setembro e dezembro tem uma alta de juros em discussão e o mercado assistirá com bastante atenção o posicionamento do indicado”.

Lucas Brigato, sócio da Ethimos Investimentos, disse que o dólar reage a indicação do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, para a presidência do BC.

“Na falta de um segundo nome, o mercado deveria reagir melhor. Com a certeza, o dólar deve mexer um pouco, mas vai ser momentâneo. Não terá nenhum impacto a longo prazo. O comportamento do Galípolo está bem condizente com que ele vai desempenhar, mas vamos pagar pra ver”.

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, disse que o cenário externo azedo e o doméstico incerto fortalecem o dólar.

“O resultado da Nvidia é um ponto de atenção para os investidores. Criou-se expectativa muito otimista com a companhia, ela é quase 7% do S&P 500, e os resultados dela têm sido bons, que uma decepção pode gerar uma piora bem acentuada. Outro ponto externo é que de madrugada, o vice-presidente do banco do Japão disse que a estratégia do bc é manter perspectiva de subir juros [impacta nas moedas de emergentes como aconteceu no mês passado]. Por aqui, o mercado está confuso com a política monetária e fiscal. Ontem, o IPCA-15 animou o mercado, tinha sido muito bom e poderia ser um argumento para a manutenção dos juros, mas o RCN disse hoje que apesar dos números bons, não muda o cenário. As declarações dos diretores do BC têm sido genéricas, se não ancora o mercado fica numa direção fica solto. A questão fiscal também gera preocupação com a aproximação do orçamento de 2025, o governo anunciou auxílio gás e não sabe de onde vai sair este dinheiro. Tudo gera incerteza”.

O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, tinha alta de 0,56% a 101,11 pontos.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta com declaração mais hawkish do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Hoje, o presidente Lula oficializou a indicação do diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, à presidência do BC, após a saída de Roberto Campos Neto, em dezembro.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,940% de 10,880% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,700%, de 11,580%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,645%, de 11,525%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,690% de 11,560% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, enquanto os investidores aguardavam resultados da Nvidia logo após o fechamento.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,39%, 41.091,42 pontos
Nasdaq 100: -1,01%, 17.575,1 pontos
S&P 500: -0,59%, 5.592,21 pontos

 

 

Com Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News