RADAR DO DIA: PCE nos EUA; Pnad no Brasil; déficit primário do governo

202

São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em
alta. A semana termina com os investidores de olho na divulgação dos dados de inflação dos preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês). Em julho, o PCE acelerou para 0,2% ante junho, após ter se ficado em 0,1% no mês anterior. Com isso, o núcleo em 12 meses se manteve em 2,6% até junho, a mesma taxa observada em maio.

O PCE é um dos principais índices analisados pelo Federal Reserve (Fed, o banco central
norte-americano) para balizar suas decisões. Ontem, o Produto Interno Bruto do segundo trimestre dos EUA mostrou uma alta forte de 3%, acima das expectativas. Com a economia ainda aquecida, o mercado tenta entender qual será a postura do Comitê Geral do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Fed, em sua próxima reunião, nos dias 17 e 18 de setembro.

Analistas dizem que o fiel da balança serão os dados do relatório de emprego (payroll) de agosto, que será divulgado no dia 6 de setembro. Em julho, o payroll mostrou a criação de 114 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola, abaixo da previsão. A taxa de desemprego ficou em 4,3%, acima dos 4,1% do mês anterior. Ontem os dados de novos pedidos de seguro-desemprego confirmaram que o mercado de trabalho continua controlado, com o recuou de 2 mil novos pedidos, chegando a 231 mil na semana encerrada em 24 de agosto, após ter alcançado 232 mil na semana anterior (dado revisado).

Na semana passada, foi divulgada a revisão anual do payroll, apontando 818 mil empregos a menos criados do que inicialmente publicado no período de 12 meses até o último mês março. Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “a revisão mostra arrefecimento no mercado de trabalho e que existe espaço para começar o corte dos juros”.

A ferramenta CME FedWatch, que rastreia a probabilidade de ajustes nas taxas de juros pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), indicou ontem um aumento na probabilidade de cortes de juros em 0,25 ponto percentual (pp). A possibilidade de cortes em 0,25 pp passou de 62% para 67,5% hoje. Já para os cortes em 0,50 pp caiu de 38% para 32,5%.

Por aqui, hoje saem os números da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Os dados dados mais recentes da Pnad mostram que o número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 38,326 milhões, recorde da série histórica, iniciada 2012. Com isso, o país tem a menor taxa de desemprego dos últimos dez anos. Segundo o Termômetro Safras News, a taxa de desemprego deve chegar a 6,80% da População Economicamente Ativa (PEA) no trimestre móvel encerrado em julho. As previsões de sete instituições financeiras consultadas para o resultado mensal variam entre 6,80%
a 6,90%, com a média das projeções em 6,84%.

Ontem, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), referente a julho, veio dentro do esperado, com a criação de 188.021 empregos formais, abaixo do número alcançado em junho, que foi de 201.705 postos de trabalho com carteira assinada. O resultado de julho foi o sétimo mês consecutivo com mais contratações do que demissões. Assim como nos EUA, o Banco Central também está de olho no mercado de trabalho aquecido e na influência pode exercer sobre a inflação. Analistas procuram uma pista sobre qual deverá ser a postura do Comitê de Política Monetária (Copom) em sua próxima reunião, em setembro. A expectativa é que os juros podem subir 0,25 ponto percentual.

Hoje pela manhã foi divulgado o resultado primário do setor público consolidado, que ficou
deficitário em R$ 21,3 bilhões em julho, ante déficit de R$ 35,8 bilhões no mesmo mês de 2023. O Governo Central, os governos regionais e as empresas estatais registraram déficits respectivos de R$8,6 bilhões, R$11,0 bilhões, e R$1,7 bilhão. Em doze meses, o setor público consolidado acumulou déficit de R$257,7 bilhões, equivalente a 2,29% do PIB e 0,15 p.p. inferior ao déficit acumulado nos doze meses até junho.

No setor corporativo, a Eletrobras informou que a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) elevou a nota de crédito (rating) em escala global de BB- para BB, e reafirmou os ratings de longo e curto prazo na escala nacional da Eletrobras em brAAA/brA-1+ com perspectiva estável.

O Itaú comunicou aos seus acionistas que seu Conselho de Administração, na data de hoje, aprovou o pagamento de JCP – juros sobre o capital próprio no valor de R$ 0,27298 por ação, com retenção de 15% de imposto de renda na fonte, resultando em juros líquidos de R$ 0,232033 por ação, excetuados dessa retenção os acionistas pessoas jurídicas comprovadamente imunes ou isentos, que serão pagos até 30.04.2025. A base de cálculo utilizada será a posição acionária final registrada no dia 19.09.2024, com suas ações negociadas ex-direito a partir do dia 20.09.2024.

A Petrobras vai investir R$ 500 milhões na compra de cinco novos supercomputadores, com o objetivo de manter competitividade no mercado. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (29) pela empresa, que há quatro anos é líder em capacidade computacional na América Latina, de acordo com o ranking Top500.org, que avalia os maiores High Performance Computer (HPCs) do mundo.

A Pré-Sal Petróleo (PPSA) vai realizar, no próximo dia 18 de setembro, processo de venda spot para comercialização de 1,5 milhão de barris de petróleo em três cargas dos campos de Atapu, Sépia e Itapu. Do campo de Itapu, a produção da União será comercializada pela primeira vez.

A Azul divulgou um comunicado em resposta à notícia publicada pela agência Bloomberg na manhã de ontem, que afirmou que a companhia aérea estaria em busca opções para pagar dívida enquanto negocia com a Gol. Segundo a Azul, a noticia foi “mal-interpretada”. No comunicado, a Azul ressaltou que, conforme divulgado anteriormente em sua teleconferência de resultados do segundo trimestre de 2024, em 12 de agosto, suas operações foram severamente impactadas em 2024 por diversos fatores, tais como desvalorização do real brasileiro; redução da capacidade doméstica como resultado das
enchentes no Rio Grande do Sul em maio e o fechamento do Aeroporto de Porto Alegre, com reabertura parcial prevista para outubro de 2024; redução temporária da capacidade internacional no primeiro semestre do ano; e os atrasos nas entregas de novas aeronaves pelos fabricantes.