Se o Galípolo quiser abaixar ou subir juros, tudo bem, mas tem que ter uma explicação, diz Lula

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à rádio MaisPB, na Paraíba, hoje mais cedo, falou sobre a indicação de Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central (BC), à presidência do órgão, a partir de 2025.

“O Galípolo é uma indicação extraordinária, e vamos indicar mais pessoas para a diretoria do BC. Ele é um jovem extremamente competente, e vai trabalhar com a autonomia que [Henrique] Meirelles teve. Se um dia ele chegar em mim e disser que tem que subir os juros, ótimo”, afirmou.

Ele criticou o atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto. “O atual presidente do BC age como um político, não como economista. Não sei quem teve a ideia de que o presidente do BC é intocável. Se eu recebo críticas, ele também precisa receber”. Ele voltou a falar que as taxas de juros atuais estão altas e “não têm explicação”.

Para Lula, o presidente do BC deve atender aos interesses do país. “No imaginário do mercado, o presidente do BC tem que ser um representante do sistema financeiro. Não tem que pensar somente nos interesses do mercado. O papel do BC não é subir juros, mas também ter metas de crescimento”.

A respeito da suspensão da rede social X (antigo Twitter), por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ele disse que “quem tem investimentos no Brasil precisa seguir as leis daqui. Musk [Elon Musk, proprietário do X] precisa respeitar as leis brasileiras. Este país é soberano, se as leis valem para mim, valem para ele também”.

Sobre a Venezuela e seu presidente, Nicolás Maduro, Lula afirmou que não tem relações ideológicas com chefe de estado, enquanto presidente da República. “Sempre me preocupei com a Venezuela, temos uma grande fronteira. Mas não sei o que o Maduro fez, ele fez uma opção política. Não aceito a vitória dele nas eleições, nem da oposição. Quero que ele arque com as consequências dos gestos dele, assim como eu arco com as minhas”.

Lula também foi perguntado sobre críticas que ele fez ao presidente venezuelano sobre o processo eleitoral. “Obviamente ele tem o direito de não gostar do que eu disse”.

A respeito do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, Lula disse que “ele enveredou por outro caminho há muito tempo”. Ele falou sobre a expulsão do embaixador brasileiro naquele país, por não participar de um evento. “Eu convidei todos os embaixadores para a cerimônia do 7 de Setembro, mas eles não são obrigados a ir. Se alguns não forem, eu não vou expulsar embaixador”, afirmou.