Bolsa fecha estável, mas encerra agosto em alta de 6,54%, melhor mês do ano; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou perto da estabilidade no último pregão do mês. Os investidores “festejaram” agosto que encerrou em alta de 6,54%, o melhor mês do ano refletindo a forte entrada de capital estrangeiro.

O fluxo externo corrobora para o mercado enxergar um cenário otimista para o Ibovespa, pelo menos no curto prazo. Na semana subiu 0,29%.

O quadro fiscal ainda fica no radar do mercado, após os números ruins das contas públicas em julho divulgados hoje pelo Banco Central (BC). As contas do setor público consolidado mostraram déficit primário de R$ 21,3 bilhões em julho. No acumulado em 12 meses até julho, R$ 257,7 bilhões.

Em relação às ações, as ações cíclicas caíam- Magazine Luiza (ON, -5,66%)-; Blue chips mistas- Vale (ON, +0,47%); Petrobras (PN,+0,10% e Itaú (PN, -0,70%).

O principal índice da B3 caiu 0,02%, aos 136.004,01 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro subiu 0,40%, aos 138.140 pontos. O giro financeiro foi de R$ 45,7 bilhões. O grande volume na sessão de hoje é explicado pelo rebalanceamento da carteiro do MSCI. Em NY, os índices fecharam em alta.

Alan Martins, analista técnico da Nova Futura Investimentos, disse que os números ruins das contas públicas deixaram o mercado preocupado com o fiscal, mas o cenário ainda é favorável para o Ibovespa.

“Com o resultado primário e setor público consolidado horríveis, o mercado fica preocupado com o cenário fiscal. Mesmo com esse quadro, a Bolsa continua firme por conta da entrada forte de fluxo estrangeiro. Hoje tem rebalanceamento da carteira do MSCI [Indice do Morgan Stanley] e é esperado uma entrada forte [de capital externo] trazendo fluxo pra bolsa. A pergunta é: a hora que parar esse fluxo será que a Bolsa sustenta? Mesmo assim estou otimista”.

Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester, disse que no pregão de hoje “só a Vale performa positivo, bancos caem e Petrobras leve alta. É um cenário misto, excluindo o PCE, não tem drive. A Bolsa realizou um pouco e está retomando o movimento. O dado da inflação nos Estados Unidos veio em linha por isso puxou os juros e as principais empresas da economia interna-sensíveis a juros- caem. Se viesse melhor, mais positivo, os juros poderiam cair e impulsionar a Bolsa. O mercado começa a olhar para o payroll na semana que vem (6)”.

Mota enxerga cenário positivo pra Bolsa, “o que estava travando muito preço era perspectiva de juros futuros. Quando se fala em provavelmente aumentar juros [Selic] nas próximas reuniões, diminui pressão nas curvas longas e isso é positivo bolsa. Como ajusta perspectiva de mercado, de juros mais longos, se torna é um drive mais positivo para empresas”.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que a Bolsa segue o movimento de realização da véspera.

“Não há grandes novidades pra explicar essa queda-um pouquinho de ruído-Galípolo e política-, mas aproveita pra realizar, continuação da véspera, o que é saudável. Não vejo mudança de tendência, pelo contrário. O gringo segue entrando [com recurso] até porque os juros americanos devem recuar a partir de setembro. A Bolsa teve uma grande recuperação, chegou no patamar acima dos 137 mil pontos à vista [Ibovespa] e o Futuro [Ibovespa] 139 mil pontos. No curto prazo nossas empresas estão preparadas, relativamente descontadas das médias dos pares. Com a volta do fluxo estrangeiro tem movimento positivo pra Bolsa”.

Em relação ao PCE divulgado hoje, Moliterno disse que “veio neutro e segue a tendência de corte. Ontem, o PIB colocou um pouco de água no chopp, a redução deve ser de 0,25pp e não 0,50pp em setembro”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que “o Ibovespa subiu muito e muito rápido. Perder um pouco de fôlego pode ser saudável. E hoje tem esse rebalanceamento do MSCI [Indice do Morgan Stanley] e vai ter um fluxo de saída dos papéis locais para os papéis brasileiros negociados em NY. Isso acaba impactando um pouco o Ibovespa. Estão falando de US$ 1.5 bilhão.

O índice de preços PCE subiu 0,2% em julho em termos mensais, acima do esperado (+0,4%) e 2,5% em base anual, em linha. A renda dos americanos registrou alta de 0,3% na comparação de julho com junho, acima das estimativas dos analistas de 0,2%, e os gastos pessoais subiram 0,5% dentro das previsões.

O dólar comercial fechou em alta de 0,18%, cotado a R$ 5,6324. A moeda refletiu, ao longo da sessão, certo temor do mercado após o leilão cambial de US$ 1,5 bilhão, por volta das 9h30. Na semana, o dólar teve valorização de 2,78%, enquanto no mês a divisa estadunidense recuou 0,38%.

Julio Hegedus Netto, economista-chefe da Confiance Tec, disse que a valorização da moeda norte-americana implica em um conjunto de fatores.

“Os dados do setor público consolidado vieram ruins e o projeto do orçamento para 2025 mais leniente. Acreditamos que a meta de déficit zero [defendida pelo governo] é ambiciosa. O mercado prevê déficit em torno de 0,7% a 1% do PIB. Embora a economia esteja retomando, toda a gestão fiscal é complicada e preocupa o mercado. O leilão e o fechamento de Ptax também estressaram o mercado”.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, a disparada do dólar teve início após o leilão: “O dólar está com uma tendência muito forte. Nós temos um movimento hoje na Ptax brutal. Nós somos os piores entre os pares”, avalia.

Já o analista da Potenza Capital Bruno Komura entende que “não tem nenhum motivo para a venda de R$ 1,5 bi. E isso só faz levantar dúvidas: ‘Será que tem algum problema que o mercado não sabe? Será que isso é uma sinalização que na gestão Gabriel Galípolo o BC vai voltar a ser mais ativo com o câmbio?”.

“O BC está colocando dúvidas onde não tinha”, observa Komura.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta. Os DI voltaram a subir pouco antes de uma nova fala do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que ministrou duas palestras em em eventos diferentes hoje.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,995% de 10,995% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,830%, de 11,810%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,930%, de 11,780%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,030% de 11,825% na mesma comparação. O dólar opera em alta, cotado a R$ 5,6404 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, à medida que a leitura mais recente do índice de inflação preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) aumentou as esperanças de cortes na taxa de juros e manteve o banco central no caminho para uma mudança de política em setembro.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,55%, 41.563,08 pontos
Nasdaq 100: +1,13%, 17.713,6 pontos
S&P 500: +1,00%, 5.648,40 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News