Sem EUA, Bolsa fecha em campo negativo com pressão de Vale e Petrobras; dólar cai

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Mercado Gráfico Percentual
Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo -A Bolsa fechou em queda pressionada pelos papéis das empresas de commodities, como Petrobras e Vale.

O Indice oscilou entre a máxima de 136.003,81 pontos e mínima de 134.496,71 pontos, em um pregão morno com a ausência do mercado acionário dos Estados Unidos. Liquidez reduzida.

Os investidores ficam na expectativa de dados relativos ao mercado de trabalho americano ao longo da semana, e aqui o PIB do segundo trimestre, amanhã (3).

A Vale (ON, -1,40%); Petrobras (ON, -0,41%; PN, -0,93%); Azul (PN, -18,18%) refletindo as incertezas do mercado em relação à saúde financeira da empresa.

Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, disse que a Petz (ON, +1,23%) avançou no pregão desta segunda-feira “devido a negociações com a Cobasi, que vai aumentar a escala e competitividade da empresa, e também pela revisão de nota pela Moodys que antes era AA e pode aumentar”.

Outra ação em alta foi Assai (ON, +2,40%) “em meio a boatos de fusão com o grupo Mateus. Mesmo essa informação tendo sido desmentida, alguns players do mercado veem a fusão como algo benéfico para o Assai, que pode ganhar força em outras regiões além do norte e nordeste, e diminuir seu endividamento”, ressaltou.

Os papéis da BRF (ON, -6,02%) caíram impactadas pela redução da demanda chinesa e o cenário macroeconômico desfavorável têm levado ao recuo das ações de frigoríficos, disse a especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital.

O principal índice da B3 caiu 0,80%, aos 134.906,07 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro recuou 1,20%, aos 136.350 pontos. O giro financeiro foi de R$ 13,8 bilhões.

Ricardo Leite -head de renda variável Diagrama Investimentos, disse que as commodities pressionam o índice em dia de liquidez reduzida devido ao feriado do dia do Trabalho nos Estados Unidos.

Na sexta-feira (30), no evento da XP, Roberto Campos [Roberto Campos Neto, presidente do BC] falou que a interferência do BC no câmbio foi somente para ajustar o fluxo de saída devido à venda de ações, mas programaram outra interferência no final de semana e isso fez preço nos vértices longos da curva de juros prejudicando ativos mais sensíveis a esse movimento, como construtoras e companhias aéreas. Com a queda de Vale e Petrobras, o índice não segurou. A queda da mineradora acompanha o preço do minério, e Petro acredito que seja mais movimento político”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse a o desempenho da Bolsa mostra um ajuste do mercado na sexta-feira, também reflete a queda das commodities e a suspensão da rede social X (antigo twitter).

“Com o feriado nos Estados Unidos, diminui a liquidez no mercado local. Um dos pontos da performance da Bolsa reflete uma queda que estava acontecendo antes do fechamento do mercado na sexta feira (30). Com o rebalanceamento da carteira MSCI, do Morgan Stanley, acabou tendo um fluxo forte comprador e acabou distorcendo um pouco [desempenho] do mercado. teve um ajuste de sexta-feira. A proibição do twiiter acaba chamando a atenção pro lado negativo. Musk disse que é muito arriscado investir aqui, e o PLOA não trouxe grandes novidades continuam dizendo que a revisão de gastos ainda está em desenvolvimento, querem diminuir o risco fiscal e aumentar a credibilidade. Na semana passada, os dados fiscais mostraram um déficit alto no Brasil com a economia crescendo. As empresas de commodities tem performe ruim e piora o desempenho da Bolsa. O minério teve queda com os dados [econômicos] mais fracos da China. Petrobras caindo mesmo com o petróleo subindo. A semana será importante com a divulgação de vários dados sobre mercado de trabalho nos EUA”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,29%, cotado a R$ 5,6156. A moeda refletiu, ao longo da sessão, as dúvidas que cercam os próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom), além do fiscal doméstico que voltou a ser ruidoso.

Segundo a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, “existe um sentimento de aversão ao risco com o fiscal, além das dúvidas sobre quais serão os novos nomes da diretoria do BC. Isso gera ruído e traz volatilidade para o ativo local”.

De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, a desvalorização – principalmente as metálicas -, impactadas pelo fraco desemprenho chinês, prejudicam a moeda local.

Borsoi explica que o quadro interno se agrava com as incertezas que rondam os próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom), e o leilão “fora de hora” de swap, na última sexta: “A questão do swap complicou ainda mais a situação. Existe uma grande dúvida sobre a política monetária local. A indicação do Galípolo faz com que o Campos Neto perca peso perante os investidores, e abre questionamentos de ele [Galípolo] terá capacidade de glutinar a diretoria do Copom em torno de subir os juros”, avalia.

O economista-chefe também entende que a questão fiscal segue ruidosa: “Estamos em um momento no qual o governo deveria estar aumentando o esforço fiscal. Existe um desafio grande para entregar este resultado tanto nas receitas quanto nas despesas”, referindo-se ao Projeto de Lei Orçamentária de 2025.

A Ajax Asset diz que “lá fora, o feriado nos Estados Unidos diminuirá a liquidez dos mercados internacionais. Os fracos índices dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da China e da indústria europeia impactam negativamente as ações e as commodities. Por aqui, orçamento de 2025 mostra volume relevante de receitas cercado por elevada incerteza. Comunicação do Banco Central aumentou a incerteza para o próximo Comitê de Política Monetária (Copom), o que pode manter as taxas de juros mais longas elevadas e a taxa cambial depreciada”.

“O PMI Indicador de manufatura caiu para 49,1 pontos em agosto (consenso de 49,5 pontos), enquanto o PMI de não-manufatura aumentou para 50,3 pontos (consenso de 50,1 pontos). Já o PMI Caixin de manufatura avançou para 50,4 pontos em agosto (consenso de 50,0 pontos). Em suma, PMIs da China mostraram nova rodada de desaceleração da economia. O país segue num processo desafiador para lidar com a crise no mercado imobiliário e mantém saída em seu modelo econômico baseado em investimentos, que se mostra esgotado”, contextualizou a Ajax.

Na Zona do Euro o PMI de manufatura ficou em 45,8 pontos em agosto (prévia de 45,6 pontos), e no Reino Unido o PMI de manufatura ficou em 52,5 pontos, em linha com a prévia.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham majoritariamente em alta, refletindo expectativas por causa da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 18 de setembro.

Por volta das 17h (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,990% de 10,950% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,895%, de 11,880%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,985%, de 11,980%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,095% de 11,860% na mesma comparação.

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli / Agência Safras News