Bolsa fecha em alta com ajuda de Vale e Itaú em meio à expectativa do payroll; dólar recua

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São Paulo- Em um pregão morno, a Bolsa conseguiu terminar a sessão desta quinta-feira no positivo com auxílio da Vale (VALE3) e Itaú (ITUB4). Os investidores ficam na expectativa para a divulgação do principal dado da semana, o payroll, amanhã (6), que vai trazer a fotografia do mercado de trabalho nos Estados Unidos, e será um balizador para os passos seguintes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em um momento de aposta de início de corte de juros na maior economia do mundo.

A Vale (VALE3) subiu 0,70%; Petrobras (PETR3 e PETR4) caiu 0,59% e 0,62%. Itaú (ITUB4) avançou 0,64%.

O principal índice da B3 subiu 0,28%, aos 136.502,49 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro registrou ganho de 0,05%, aos 138.065 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital disse que a Bolsa tem leve alta, e “o dado de emprego nos EUA, ADP, abaixo do esperado, e provocou uma rotação de portfólio por parte dos investidores, sendo o Brasil um dos destinos. O fluxo comprador no Ibovespa permanece forte, mesmo com expectativa de alta da Selic e dados mais fracos na economia americana, que podem indicar uma recessão futura”.

Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos, disse que o dia está “morno, mais negativo com as ações da Petrobras, Vale e Itaú [as blue chips] segurando o índice em meio a indicadores econômicos mistos nos Estados Unidos mostrando que a maior economia do mundo está desacelerando. O mercado está à espera do payroll amanhã (6), que será um divisor de água para a definir do ciclo de corte de juros por lá. Se o dado vier acima do esperado corrobora para um corte de 0,25pp, a não ser que seja um número absurdo; caso venha em linha a expectativa de redução de 0,25pp será mantida, mas se vier muito abaixo o mercado se estressa”.

Mais cedo, o relatório publicado pela Automatic Data Processing (ADP) e pela Macroeconomic Advisers mostrou que o setor privado dos Estados Unidos criou 99 mil vagas de trabalho em agosto, excluindo o setor rural. A previsão do mercado era a abertura de 140 mil postos de trabalho.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 1,18%, cotado a R$ 5,5715. A moeda acelerou o ritmo de queda após o diretor de política econômica do Banco Central (BC) reforçar o compromisso do banco com a busca pela meta de inflação e mostrar preocupação com a desancoragem das expectativas.

Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, “o câmbio está reagindo aos dados. Os investidores estrangeiros estão começando a tomar posição no Brasil, e a tendência é de dólar caindo no curto prazo”.

O analista da Potenza Capita explica que o mercado “gostou bastante do que o Guillen no evento do UBS, reforçando que o BC preferiu não dar nenhum tipo de guidance e tomar decisões de acordo com as condições que eles tiverem no momento da reunião [do Copom]”.

Komura explica que o mercado ainda considera um hard landing (controle da inflação com desaceleração da economia), já que os indicadores nos Estados Unidos seguem robustos: “Se o Fed cortar 0,50 ponto percentual p.p. pode mostrar que a situação está pior do que se pensava”, opina.

De acordo com o economista da Confiance Tec, Julio Hegedus Netto, “o ADP veio bem abaixo, e já se fala num corte de 0,50 p.p. O impacto no real é positivo, já que o nosso diferencial de juros vai aumentar”.

Netto acredita que o quadro estadunidense não é de recessão, mas que a economia está desacelerando mais rápido do que se imaginava.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam no negativo com influência do cenário doméstico. Os investidores aguardam sinalizações do Banco Central sobre a condução da política monetária do País. A dúvida paira sobre a magnitude da alta da Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nos dias 17 e 18.

Por volta das 16h26 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,920% de 10,940% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,690%, de 11,770%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,690%, de 11,785%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,765% de 11,890% na mesma comparação. O dólar opera em queda, cotado a R$ 5,5784 para venda.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão mistos, enquanto os investidores digeriam dados do mercado de trabalho mais fracos do que o esperado, o que pode ajudar a definir as expectativas tanto para possíveis cortes na taxa de juros quanto para a saúde da economia dos Estados Unidos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,54%, 40.755,75 pontos
Nasdaq 100: +0,25%, 17.127,66 pontos
S&P 500: -0,30%, 5.503,41 pontos

Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência SafrasNews