Bolsa fecha em queda e dólar recua com mercado à espera da Super Quarta

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A Bolsa fechou em ligeira queda em mais um dia morno com os investidores cautelosos à espera da Super Quarta-decisão de juros aqui e nos Estados Unidos-, e na expectativa das sinalizações dos bancos centrais.

As ações de peso no índice, como Vale (VALE3), Petrobras (PETR3 e PETR4) e Itaú (ITUB4) caíram e frigoríficos subiram.

Aqui, a taxa básica de juros (Selic) está em 10,5% ao ano (aa), se for elevada em 0,25 ponto percentual (pp), passara para 10,75% aa.

Nos Estados Unidos, os juros estão entre a banda de 5,00% e 5,25%. A dúvida é se o corte será de 0,25 pp ou 0,50pp.

A Vale (ON, -0,47%), Petrobras (ON, -0,61% e PN, -0,45%) e Itaú (PN, -0,24%). A JBS (JBSS3) subiu 1,60%, após recomendação de compra pelo Goldman Sachs com preço-alvo de R$ 39,90 para R$ 40,30.

O Bradesco BBI reiterou recomendação de outperform (equivalente à compra) para as ações da empresa frigoríficos de R$ 43,00 para R$ 46,00.

O principal índice da B3 caiu 0,11%, aos 134.960,19 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro recuou de 0,14%, aos 136.030 pontos. O giro financeiro de R$ 16,2 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que a expectativa com os juros reflete na Bolsa.

“O mercado está em compasso de espera pra decisões do Copom e Fed; nos Estados Unidos, 70% apostam em um corte de 0,50pp e 30% acreditam em redução de 0,25pp. Se tiver corte de 0,50pp pode surpreender e passar a ver fluxo pra mercados emergentes. A Bolsa está um pouco lateralizada com recuperação de alguns papéis e outros recuando. O setor de proteína chama a atenção. Ontem a JBS divulgou números de receita e ebitda, o que fez muitas casas reverem as projeções achando que o papel tem muito potencial, isso acabou puxando as outras ações do setor. Siderurgia recuperando um pouco; petróleo sobe, mas Petrobras está na contramão, pq também registrou alta ontem. Petrorio (ON,+1,45%) sobe”.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que “ninguém quer se posicionar até a Super Quarta. Será o dia dos 0,25 pp, com alta aqui e corte lá fora. O mercado aguarda mesmo as sinalizações [dos bancos centrais, fala do Powell [Jerome Powell, presidente do Fed] e comunicado do BC”.

Brayan Campos, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o mercado espera as decisões de juros amanhã aqui e nos Estados Unidos.

“O que está fazendo que a Bolsa cair é uma alta de juros no Brasil, a curva de juros abre na sessão de hoje e reflete nas ações da economia doméstica. Por outro lado, uma alta dos juros pode estabilizar o IPCA em 4% [no final de 2024]. O consenso por parte do mercado é de 70% para uma alta 0,25 ponto porcentual (pp) na Selic. A elevação dos juros se concretizando, a gente vai ter direção mais definida. É importante também uma decisão unânime. Nos Estados Unidos, o consenso do mercado é diferente daqui. Lá, 50% acreditam em corte de 0,25pp e 50% em 0,50pp”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,41%, cotado a R$ 5,4867. A moeda refletiu, durante a sessão, as expectativas pelas decisões de Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e Comitê de Política Monetária (Copom), amanhã.

Segundo o analista da Potenza Capital Bruno Komura, “a gente está vendo o real apreciando com perspectiva de corte de juros pelo Fed”.

Para o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o clima é de cautela: “Não vejo a queda do dólar com muita consistência. Se for para aqueles níveis de R$ 5,40 é uma oportunidade de compra”, opina.

De acordo com a Ajax Asset, “quanto mais fraco este resultado [o Varejo dos Estados Unidos], maior a chance de o Fed promover um corte mais forte de juros na reunião de amanhã”.

“A inesperada alta nas vendas no varejo em agosto ajuda a reduzir preocupações sobre uma possível desaceleração econômica, trazendo novamente, segundo alguns analistas, a sensação de pouso suave da economia”, explica o economista do portal Money You, Jason Vieira.

As vendas no varejo, nos Estados Unidos, subiram 0,1% em agosto ante projeções de -0,2%.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda, perto da estabilidade, às vésperas de decisão de juros pelo Banco Central (BC) e as incertezas em relação à questão fiscal interna.

Por volta das 16h28 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,945% de 10,950% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,790%, de 11,830%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,825%, de 11,855%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,905% de 11,905% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão de lado, enquanto os investidores demonstraram incerteza sobre o tamanho do corte de juros esperado do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que está programado para ser anunciado na quarta-feira, ao término da tão aguardada reunião de política monetária.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,04%, 41.606,18 pontos
Nasdaq 100: +0,20%, 17.628,1 pontos
S&P 500: +0,02%, 5.634,58 pontos

Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News