Governo federal propõe criar estruturas regionais de combate a incêndio para cada estado

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O ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

São Paulo, 19 de setembro de 2024 – O ministro da Casa Civil, Rui Costa, conduziu, nesta quinta, uma reunião com os governadores para tratar das queimadas pelo país. O encontro ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília. O presidente Lula tinha compromissos no Maranhão e alguns governadores não poderiam comparecer em outra data. Ele disse que o governo federal quer aportar um volume de recursos, dialogando com os estados e consórcios, para fazer um projeto adequado a cada um, e pediu para que cada governador ou consórcio apresentasse suas propostas, envolvendo Defesa Civil e Bombeiros, para a parceria.

Um segundo aspecto proposto pelo governo federal, após conversa com o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, é dar aos Estados e consórcios maior capilaridade, utilizando apoio municipal, treinando as guardas municipais para resgates e salvamentos e, eventual apoio inicial aos incêndios.

“Eu tenho dialogado com o ministro Valdez, sugerimos que o BNDES nos ajudasse nos estudos para reconfigurar a Defesa Civil nacional”, disse Costa, durante a reunião.

“Existe uma estrutura de resgate montada regionalmente. Queremos montar uma força de Defesa Civil regional, a custos menores, e se houver necessidade, teria reforço de outras regiões”, sugeriu o ministro.

Segundo ele, os equipamentos federais são adaptados e não atendem a finalidade do combate aos incêndios. “Acabam sendo equipamentos muito grandes, com custos operacionais muito maiores e de menor mobilidade e agilidade, pois são equipamentos pensados para guerra e não para resgates.”

“Eu comecei na área industrial, na Braskem. Todas as empresas têm brigada de incêndio, mas todos os funcionários eram regularmente treinados para fazer a primeira ação do incêndio. Por que, em incêndio, quanto mais rápido você faz a ação, menor o tamanho que ele toma, menor o prejuízo. Portanto, nós queremos aumentar essa capilaridade de resgate utilizando as unidades municipais também, as comunidades, para que elas sejam treinadas, com apoio e financiamento do governo federal, através dos estados e consórcios. Por isso também chamamos a Federação dos Municípios para que juntos possamos estruturar isso.”

AÇÕES CRIMINOSAS

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse a governadores que existem “ações criminosas relacionadas aos incêndios, coordenadas ou não, sejam articuladas ou desarticuladas” e que elas têm impacto cada região. Ele disse que o objetivo da reunião foi ouvir os governadores e entender de que forma o governo federal pode ajudá-los no combate às queimadas criminosas que acontecem em várias regiões do País.

“Sei que cada governador e prefeito está combatendo isso junto com o governo federal. Isso levou a uma situação e chegamos a um bom momento para ouvir o que cada um está fazendo e o que mais pode ser feito”, disse Padilha.

Padilha defendeu a união entre União e federações para alcançar resultados mais efetivos.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse que o atual momento “é muito significativo e relevante da história do Brasil” e que o país vive uma das piores secas e impactos das mudanças climáticas, assim como outras regiões do mundo. “A Amazônia vive a pior seca dos últimos 43 anos. Isso é uma química que se junta a situações de baixa umidade, até mesmo em função da seca, elevada temperatura e um processo de evapotranspiração severo, que faz com que a gente perca muito rapidamente a umidade relativa do ar, chegando a 7% em algumas regiões. Numa situação como essa, leva a ignição de incêndios na magnitude que estamos vendo agora no Brasil, na Bolívia e em outros países vizinhos, mas também em Portugal e outros países do mundo.”