Bolsa fecha em queda com sentimento de piora fiscal e commodities limitam perdas; dólar sobe

222

São Paulo, 23 de setembro de 2024 – A Bolsa fechou em queda, na contramão de Nova York, com o sentimento do mercado de uma piora do cenário fiscal, após o relatório bimestral de receitas e despesas mostrar diminuição do congelamento dos gastos no orçamento. A alta das ações da Vale e Petrobras trouxeram um alívio, impedindo um recuo maior do índice. No relatório, o congelamento das despesas passou de R$ 15 bilhões para R$ 13,3 bilhões. A Petrobras (ON, +1,02% e PN, +1,08%). Vale (ON, +0,31%). Itaú (ON, -0,58%) e Bradesco (ON, -2,41% e PN, -2,57%).

O principal índice da B3 caiu 0,37%, aos 130.568,37 pontos Ibovespa futuro com vencimento em outubro recuou 0,16%, aos 131.380 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,6 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.

Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, disse que o fiscal é foco do mercado. A Vale e Petrobras, praticamente, estão segurando o índice. O mercado não digeriu de forma positiva o relatório de receitas e despesas [do governo], mas ainda aguardando a entrada de fluxo estrangeiros para entender se vamos ter um controle melhor ou vamos continuar com um fiscal desajustado. O corte de juros lá fora e a elevação da Selic [pelo Fed e Copom, na semana passada] não favoreceram a bolsa.

Rafael Passos, analista da Ajax Asset, disse que o fiscal pesa, mas as commodities trazem um alento. Esse problema com o fiscal, principalmente depois de sexta-feira [divulgação do relatório de despesas e receitas do governo] em que a revisão de despesas [de R$ 3,8 bilhões] interfere na trajetória futura da Selic e traz mau humor ao mercado.

Os DIs refletem a piora no fiscal, que vai exigir um banco central mais duro. O que alivia é Vale e Petrobras [que sobem]. A Vale teve uma abertura mais negativa por conta do minério, mas temos visto uma recuperação. Lá fora, as petrolíferas e mineradoras estão subindo bastante e aqui as ações acabam se beneficiando [dessa performance no exterior].

O dólar comercial fechou em alta de 0,26%, cotado a R$ 5,5344. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o temor de descontrole fiscal doméstico.

Segundo o sócio da Ethimos Investientos Lucas Brigato, “o mercado está colocando prêmio de risco para o Brasil. A questão é principalmente fiscal”.

O head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, observa que o real a única moeda que se desvaloriza hoje: “Só o governo não consegue entender isso, que com um fiscal legal o dólar estaria abaixo dos R$ 5,00 e os juros na casa dos 9%”.

A Ajax Asset entende que a “o ajuste de despesas da quarta avaliação bimestral foi frustrante e contribui para a continuidade dos prêmios de risco em alta”.

“Houve uma diminuição de R$ 1,7 bilhão na contenção de despesas, que passou de R$ 15,0 bilhões para R$ 13,3 bilhões. O Governo ainda aumentou em R$ 4,4 bilhões a estimativa de receita, com aumento da entrada de dividendos (R$ 10 bilhões), revisão para cima de PIB e IPCA, além de algumas medidas de compensação à desoneração da folha. Por outro lado, a arrecadação prevista com o Carf recuou de R$ 37,7 bilhões para menos de R$ 1 bilhão. Vale notar: mercado considerava novo bloqueio de R$ 5 bilhões, levando contenção de despesas para R$ 20 bilhões. Contudo, Governo revisou dados anteriores e reduziu as projeções de cortes”, contextualizou a Ajax.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta impactadas pela piora do fiscal, após o relatório bimestral de avaliação receitas e despesas divulgado na sexta-feira (20) pelo governo.

Mais cedo, o Boletim Focus trouxe elevação na projeção da Selic para 2024- de 11,25% para 11,50%.

Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,025% de 11,025% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,280%, de 12,065%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,400%, de 11,990%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,470% de 12,050% na mesma comparação. O dólar opera em alta, cotado a R$ 5,5331 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, atingindo mais um recorde de fechamento, à medida que os investidores aguardavam declarações de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e outros dados de inflação para obter pistas sobre a probabilidade de outro grande corte nas taxas de juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,15%, 42.124,65 pontos
Nasdaq 100: +0,14%, 17.974,3 pontos
S&P 500: +0,28%, 5.718,57 pontos

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News

Copyright 2024 – Grupo CMA