O Banco Central Europeu (BCE) divulgou hoje a ata da reunião dos dias 11 e 12 de setembro, na qual os membros decidiram pelo corte de 0,25 ponto percentual (pp) na taxa de juros, que agora está em 3,5%. O corte, para os membros, equilibra a política restritiva com a inflação em queda de forma lenta.
“A decisão de corte busca equilibrar a necessidade de uma política monetária restritiva, que mitigue choques inflacionários, com a proteção contra uma desinflação excessivamente lenta. O ajuste gradual nas taxas será ajustado conforme os dados econômicos, com flexibilidade para acelerar ou desacelerar dependendo da recuperação econômica e da inflação”, diz um trecho do documento. “É cedo para declarar vitória”.
“A recuperação econômica é prevista para ser impulsionada pela demanda, o que deve elevar a produtividade e permitir que as empresas absorvam custos trabalhistas sem comprometer a lucratividade. Embora as expectativas salariais permaneçam elevadas, espera-se uma desaceleração em 2025, que contribuirá para a desinflação”, afirma um trecho da ata.
Segundo o BCE, na avaliação econômica, notou-se que o crescimento global se mantém resiliente, impulsionado pelo setor de serviços, apesar da contração na manufatura. A demanda externa na zona do euro sustentou a atividade econômica, embora indícios de fraqueza, como a queda nos pedidos de exportação, sinalizem desafios futuros. “As projeções de setembro melhoraram ligeiramente em relação a junho, sugerindo que os temores de uma desaceleração significativa podem ser exagerados”.
Os membros do conselho reconheceram que a atividade econômica na zona do euro no segundo trimestre foi mais fraca do que o esperado. “Embora as projeções macroeconômicas mais recentes tenham sido aceitas, foi destacado que os dados indicam uma revisão para baixo nas perspectivas de crescimento, especialmente considerando que a economia doméstica está estagnada desde meados de 2022”.
Após a revisão das projeções, a Eurostat (a agência de estatísticas europeia) ajustou os dados recentes, mostrando contribuições de consumo e investimento ainda mais fracas do que inicialmente previstas, o que reforçou a visão pessimista sobre a demanda interna. “Essa situação, combinada com balanços enfraquecidos de famílias e empresas e cortes de empregos, sugere uma recuperação do consumo mais lenta. Embora uma recuperação liderada pelo consumo fosse esperada, até o momento isso não se concretizou”.
Os membros do BCE expressaram preocupações sobre a fraqueza nos investimentos nos próximos anos, dada a importância do investimento para a economia. “A recuperação não deve ser impulsionada pela acumulação de capital devido a condições financeiras apertadas e incertezas estruturais. Além disso, os lucros corporativos, fundamentais para o investimento, têm diminuído, impactando negativamente as previsões de investimento”.
No mercado de trabalho, a resiliência persiste, com o desemprego em níveis historicamente baixos, apesar da baixa produtividade e da queda nas vagas. “Contudo, a diminuição da demanda por trabalho e a redução das vagas podem aumentar os riscos de destruição de empregos. Problemas estruturais podem afetar o crescimento potencial e elevar os custos do trabalho, o que não será resolvido apenas por políticas monetárias”.
Por fim, os membros citaram a disparidade nas perspectivas de crescimento entre os países da zona do euro, que representa um desafio para a política monetária. Embora alguns países mostrem crescimento robusto, a maior economia da zona enfrenta dificuldades estruturais. “As incertezas fiscais, junto aos riscos geopolíticos, continuam a impactar a confiança e o crescimento global. Os membros ressaltaram a necessidade de reformas fiscais e estruturais urgentes para aumentar o crescimento potencial e a competitividade na Europa”, conclui a ata.