São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje em entrevista à radio O Povo,/CBN de Fortaleza (CE) que reconhece que o PT tem tido dificuldades em dialogar com o trabalhador contemporâneo, já que a carreira política presidente foi forjada em meio a milhares de metalúrgicos nos anos 80, quando Lula era sindicalista. Essa obstáculo na transmissão das ideias e valores poderia explicar o desempenho opaco do PT nas recentes eleições municipais.
À época, Lula chegava a representar 40 mil metalúrgicos que trabalhavam em fábricas de das principais montadoras de veículos estabelecidas no Brasil – nesse caso a Volkswagen. Hoje, segundo ele, são 12 mil os funcionários da empresa.
“Houve uma mudança substancial no mundo do trabalho e nós precisamos adequar o nosso discurso ao mundo do trabalho atual , que não é só carteira profissional assinada… É o cara que quer trabalhar em home office, é um cara que quer ser um pequeno empreendedor, que que ter um pequeno comércio, que trabalhar por conta própria, porque é o sonho todo ser humano é trabalhar por conta própria – porque ninguém quer ter chefe.”
No entanto, a um dos setores o presidente diz que destina a maior parte das preocupações da área. “Nós temos que ter uma preocupação sabe quem trabalha em aplicativo. Esse é um público que não tem sindicato, um público que não quer que a carteira profissional assinada. Eles querem ser autônomos independentes e com direitos”, diz
“Nós temos que nos preocupar com a Previdência porque esse cidadão pode ficar doente, esse cidadão pode ter um infortúnio, esse cidadão vai ficar velho. Eentão é preciso que a gente cuide qual garantia que a gente pode fazer com que continue se precavendo.”
Ele conta que o governo prepara em conjunto com o Congresso Nacional, projeto de lei que estabeleça numero de horas de trabalho ou tempo de contribuição para ter direito à aposentadoria.
“Nem de longe a gente tá pensando em fazer com que ele deixe de ser o profissional que ele quer ser, se ele quiser trabalhar por conta própria. Na verdade a gente quer que a pessoa viva, e se o cara tem vontade de vencer por conta própria, que vença. O nosso papel é dar apoio para ele, então o PT precisa construir discurso, tem que saber falar isso e o PT tem essa dificuldade” reconhece.
ELEIÇÕES “Chega uma hora que você perde”, diz o presidente sobre o desempenho de seu partido nas eleições municipais. “Mas a eleição de prefeito, na verdade, na verdade, ela não tem muita incidência numa eleição presidencial. Porque nem todo prefeito no segundo ano de mandato tá bem [com o eleitorado]”, explica.
“Claro que o nosso relacionamento com os prefeitos é essencial. É prefeito que dá o primeiro passo no atendimento das políticas públicas da sociedade brasileira na cidade, com cara participa da escola, com cara participa da saúde, com cara tem a presença do Estado. E o governo federal tem parceria com todos os prefeitos. O Bolsa Família é cadastrado pelas prefeituras. O Minha Casa Minha Vida, as obras do PAC, são cadastrados pelas prefeituras – numa relação de confiança republicana que nós temos e vamos continuar assim. O fato do prefeito não ser do PT, ser do PSD, ser do PMDB, pra mim não faz nenhuma diferença. Eu vou tratar ele com o respeito que eu tenho pelo mandato que ele decidiu e vou tratar com o respeito ao povo. Sempre foi assim e continuará sendo assim”, diz ele
Perguntado sobre o que o PT poderia fazer para reverter os cenários em que não teve boa aceitação, o mandatário disse que ainda esta em processo de descobrir.
“Primeiro nós vamos tentar ganhar as eleições. O que é que é possível fazer nessa campanha tão curta? Nós temos que descobrir, porque vem a eleição, depende de muitas coisas. Nós estamos vivendo um momento histórico em que o fundo de participação do município cresceu muito em 2023, e o fundo de participação do município cresceu muito em 2024, com relação a 2023. Essa quantidade de prefeitos reeleitos é em função de que os prefeitos estão com recursos para fazer coisas, senão seria reeleito. Além disso, você tem as emendas do orçamento – que era secreto até outro dia. Porque o dinheiro chega na mão das prefeituras, às vezes tem que passar até pela mão do governador. Então, os prefeitos com mais recursos fizeram mais obras. É o maior percentual de prefeitos reeleitos da história do Brasil. Antes não era assim”, lembra.
“Então, o que é que nós temos que fazer? Na cidade que nós estamos disputando, nós temos que ver aonde nós erramos, qual discurso que precisa ser feito para tentar ganhar as eleições. Mas pra mim, se perder eleição e tiver uma boa participação, sabe, não tem nenhum problema. É se preparar pras próximas.
Eu sou um cara que perdi três eleições. E cada uma que eu perdi, eu não ficava lamentando, não. Eu ia me preparar pras próximas – como diria o Brizola, eu ia lamber minhas feridas e depois partir pra outra. E foi assim que eu perdi três eleições e foi assim que eu sou o presidente que mais eleição venci nesse País”, conclui
Camila Brunelli / Safras News
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