Bolsa fecha em alta e dólar em queda com possível pacote do governo para contenção de gastos

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta e voltou ao patamar dos 131 mil pontos com a notícia de governo federal está preparando um pacote de medidas para controlar os gastos, o que mostraria austeridade fiscal. Somado a isso, subiu na esteira do exterior e puxada pelo setor bancário.

O destaque positivo na sessão de hoje ficou para o Assai (ASAI3) com alta de 6,25%. As ações do Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC3 e BBDC4) subiram, respectivamente, 0,75%, 1,38% e 1,75%. Banco do Brasil (BBAS3) avançou 0,72%. As ações sensíveis a juros se recuperaram e subiram com o fechamento na curva de juros.

A Petrobras (PETR4) registrou ganho de 0,23%, mas outras petroleiras caíram. Vale (VALE3) recuou 0,30%.

O principal índice da B3 subiu 0,77%, aos 131.005,25 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro registrou ganho de 0,63%, aos 131.135 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse a Ibovespa sobe com notícias locais e a melhora do mercado externo.

“O pacote de medidas que o governo prepara para conter os gastos trouxe um alívio para o mercado. Somado a isso, em Nova York as bolsas estão firmes e o Ibovespa vai na esteira”.

Segundo a Ativa Investimentos, o Ibovespa sobe “em meio a notícias sobre medidas do governo para elevar a austeridade fiscal. As ações das empresas de petróleo estão caindo de forma generalizada, acompanhando a queda no preço do petróleo, influenciadas por dados de inflação frustrantes da China e pela falta de definição sobre seus planos de estímulo”.

Daiane Gubert, head de assessoria de investimento da Melver, disse que o mercado absorve os dados da prévia do PIB e falas do Haddad e Galípolo.

“O mercado começou olhando o IBC-Br, que veio um pouco melhor, e para o evento em que o Galípolo [Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC] e o Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda] participaram [Itaú Macro Vision, pela manhã]. O Focus [Boletim] fez revisão do PIB para 3,01% e o Haddad falou que a expectativa do Ministério [da Fazenda] para o PIB é de 3,02%. Já tivemos uma revisão da proxy do PIB, e mesmo com a taxa de juros [alta], a economia está exuberante”.

A head de assessoria de investimento da Melver chamou atenção para a curva de juros que estressou na semana passada com as falas do presidente Lula sobre isenção do Imposto de renda para quem paga até R$ 5 mil.

“O governo pareceu não preocupado com o fiscal e o mercado reagiu com mau humor deu preço da Selic no final do aperto monetário na casa dos 13% na sexta-feira. Hoje o Haddad disse que o custo desse imposto será neutro dentro do fiscal, mas não deu detalhes. Hoje as ações estão com movimentos mistos, os bancos estão se beneficiando com a melhora da curva de juros e o IBC-Br bom [subiu 0,23% em agosto ante julho]. Assai sobe com a revisão pela Receita Federal do processo de arrolamento [de R$ 1,3 bilhão] e a Vale cai”.

Daiane comentou que com o feriado nos EUA em que as bolsas abrem, mas o mercado de treasuries está fechado, “o mercado está recalibrando os números [após CPI, e PPI na semana passada] para as próximas reuniões de novembro e dezembro, com 90% de chance de corte de 0,25 ponto porcentual (pp) em ambas, mas as eleições por lá podem mudar a redução do último encontro do Fed. A última pesquisa indica Trump [Donald Trump] com posição melhor. Ele é mais protecionista, o que pode gerar inflação. Apesar de ter um viés de estímulos, com a ação de proteger a economia interna, o país fica mais fechado. O mercado fica de olho na temporada de balanço e no conflito do Oriente Médio. Os resultados podem ser uma proxy [prévia] do crescimento”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou a R$ 5,5816 para venda, com desvalorização de 0,57%. Às 17h05, o dólar futuro para novembro tinha baixa de 0,40% a R$ 5.595,000. O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, subia 0,32% a 103,23 pontos.

Após um início de dia lateralizado, o dólar comercial passou a cair firme a partir da metade da tarde. Marcos Weight, head de Tesouraria da Travelex Bank, disse que a queda do dólar esteve relacionada a uma notícia veiculada na Reuters de que o governo estaria preparando um pacote para contenção de gastos obrigatórios. “Primeiramente serão os gastos específicos e depois os obrigatórios. Isso seria após as eleições municipais”, disse.

Weight explicou sobre os cortes de despesas que agradariam o mercado. “O corte de gastos não vai mudar a tabela do IR pra isentar quem ganha abaixo de R$ 5 mil, seria muito bom desindexar os gastos do governo ao salário-mínimo. Outros pontos favoráveis seriam a revisão dos gastos sociais que eles anunciaram também pra coibir as fraudes, e se fizessem a reforma administrativa teria um ganho de produtividade e, por consequência menos gastos pra sustentar a máquina publica”.

Na semana passada, o presidente Lula disse que pessoas que ganham até R$ 5 mil deveriam ficar isentas do Imposto de Renda. “É compromisso de justiça”, disse. Essa fala desagradou o mercado.

Mais cedo, a projeção para a taxa de câmbio em 2024 ficou estável em R$ 5,40 por dólar na pesquisa Focus dessa semana, enquanto a estimativa para 2025 subiu de R$ 5,39 para R$ 5,40 por dólar. Quatro semanas atrás, a previsão para 2024 era igual, mas a estimativa para 2025 era menor, de R$ 5,35.

IBC-Br

O Indice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central subiu 0,23% em agosto em relação a julho, indo a 152,02 pontos. Nos dados sem ajuste sazonal, o IBC-Br atingiu 156,27 pontos, ganho de 3,12% na comparação com o mesmo mês de 2024. O Termômetro CMA apostava em alta de 0,10% em agosto ante julho. Já na comparação com agosto de 2023, era esperada uma alta de 3,13%.

O indicador subiu 3,96% no trimestre na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, houve um aumento de 1,45%. No acumulado em 12 meses, a elevação é de 2,49%. No ano, o índice subiu 2,91%.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda devido a rumores, vindos do Ministério da Fazenda, de que o governo deve anunciar cortes pontuais de gastos para, num segundo momento, abordar gastos mais estruturais.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,134% de 11,142% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,550%, de 12,625%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,665%, de 12,810%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,650% de 12,825% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta segunda-feira em alta. O S&P 500 atingiu um novo recorde, impulsionado pela expectativa dos investidores quanto aos próximos resultados corporativos. No Dow Jones, os destaques positivos foram McDonalds e UnitedHealth Group.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,47%, 43.065,22 pontos
Nasdaq 100: +0,87%, 18.503,0 pontos
S&P 500: +0,77%, 5.859,85 pontos

 

 

 

Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e