Ainda não ‘quebramos o pescoço’ da inflação, mas estamos no caminho, diz Lagarde

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A presidente do BCE/ Christine Lagarde | Foto: Divulgação/ECB

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, na coletiva de imprensa da qual ela participa depois da divulgação da política monetária, na qual as taxas de juros foram reduzidas em 0,25 ponto percentual (pp), e que estão agora em 3,25% e 3,4%, disse que, mesmo com a queda nos juros, ainda não dá para dizer que a inflação está sob controle.

“Ainda não ‘quebramos o pescoço’ da inflação, mas estamos chegando lá”, disse. A decisão de se cortar os juros hoje, segundo o BCE, foi baseada na trajetória de queda do índice de preços ao consumidor (que, em dados divulgados hoje mais cedo, mostrou alta de 1,7% em setembro, o menor índice desde abril de 2021, segundo Lagarde).

“O processo desinflacionário está bem encaminhado, mas as condições financeiras ainda estão restritivas. Estamos determinados a fazer a inflação chegar à meta de 2%”, disse. Ela reforçou que o banco não está comprometido com futuros cortes de juros, visto que eles são dependentes dos dados que serão divulgados.

Sobre o risco de recessão econômica na zona do euro, Lagarde afastou essa possibilidade, mas reconheceu que a atividade econômica está mais fraca que o esperado. “Famílias vêm consumindo menos, mesmo com aumento nos salários. A perspectiva é de recuperação nos gastos das famílias”.

Ela reforçou que o processo de desinflação será apoiado por menores pressões salariais, mas que há riscos de aumento no índice de preços ao consumidor nos próximos meses. Os preços dos alimentos devem subir, impactados pelas mudanças climáticas. Já os riscos para um menor crescimento econômico, segundo Lagarde, podem vir de políticas monetárias excessivamente restritivas. “À vista dos dados que recebemos, não vemos risco de recessão”.

A presidente do BCE disse que está preocupada com o crescimento da economia europeia e o impacto que ela terá na inflação. “Ainda não chegamos à meta sustentável de 2%, mas nossa política monetária está funcionando”.

Ao ser perguntada como o BCE vê a eleição do republicano Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, Lagarde não fez um comentário direto, mas citou que dificuldades no comércio e a imposição de tarifas “são um obstáculo importante para a economia europeia, que é aberta”.

Lagarde disse que a decisão de cortar os juros em 0,25 pp foi unânime, e que não houve discussões sobre cortes maiores, de 0,50 pp, e não há discussões sobre outros cortes no futuro. “Não abri porta para nenhuma possibilidade. Nossas decisões são tomadas reunião a reunião. A decisão de hoje é um exemplo perfeito de sermos dependentes de dados”.

Ela falou brevemente sobre os impactos nos preços das tensões entre Rússia e Ucrânia e no Oriente Médio. “Olhamos além do lado humanitário, vemos também os impactos nas tensões no Oriente Médio no comércio mundial”.

Por fim, ela falou sobre a situação da economia da Alemanha, a maior da Europa, que vem em um processo de crescimento estagnado. “Mesmo com a Alemanha em situação difícil, não vemos sinais de recessão. Não é porque uma economia, por maior que seja, está em situação difícil, que ela levará as demais da zona do euro para a mesma situação”. E manteve a posição de manter a política restritiva até que a inflação “chegue à meta de 2% de forma sustentável”.