Petrobras apresentará Plano Estratégico 2025-2029 no dia 21 de novembro

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A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, na cerimônia de abertura da Rio Oil & Gas & Energy (ROG.e) 2024, em 23/09/2024. Foto: Armando Paiva / Agência Petrobras.

São Paulo, 17 de outubro de 2024 – A Petrobras informa que apresentará o Plano Estratégico 2025-2029 no dia 21 de novembro e realizará a reunião pública com analistas para comentar os investimentos no dia seguinte (22/11), segundo atualização do seu calendário de eventos corporativos enviada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta quinta-feira.

A companhia apresentará os resultados dos terceiro trimestre de 2024 no dia 7 de novembro e realizará a reunião para comentar o balanço no dia 8 de novembro.

Analistas consideram o principal evento para as ações da companhia neste momento, pois deve atualizar as estratégias da companhia sob a gestão da presidente Magda Chambriard, que assumiu a companhia em maio, após a divulgação do planejamento atualmente vigente, anunciado em novembro do ano passado, pelo então CEO, Jean Paul Prates.

Essa á a avaliação da Ativa Investimentos, que destaca os principais pontos do plano, na sua avaliação.

“Quanto à data, é comum a empresa divulgar seus planos entre o final de novembro e o início de dezembro. Ademais, acreditamos que a divulgação do próximo plano estratégico trata-se do principal evento para as ações da companhia neste momento. Esperado sobretudo depois que Magda Chambriard assumiu a presidência da empresa, veremos no plano: a atualização da curva de produção de petróleo; quais os planos para a reposição das atuais reservas, incluindo as pretensões para a Margem Equatorial e exploração de demais geografias; o quanto será destinado à renováveis, projetos que nos preocupam pelas baixas taxas de retorno se comparados à Exploração e Produção de Petróleo; qual será a postura da empresa no Refino, área que também concentra atividades de margem mais apertada; o quanto será disponibilizado para M&As; se haverá alteração de ferramentas definidoras para o pagamento de proventos regulares, como a meta de endividamento bruto de US$ 65 bilhões de dólares e ainda, se haverá alteração em parâmetros fundamentais para a definição de pagamentos extraordinários, como o caixa mínimo de US$ 8 bi”, comenta a corretora.

FUP defende campanhas exploratórias da cia no Brasil e no exterior para recompor reservas de petróleo

O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, com base em projeções da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) defendeu investimentos da Petrobras em campanhas exploratórias no Brasil e no exterior para recompor suas reservas de petróleo.

A segurança energética do Brasil passa, necessariamente, pelo equilíbrio entre a produção de petróleo e gás natural e a reposição de suas reservas. E para que o país não corra o risco de romper esse equilíbrio estratégico é imprescindível o movimento de busca por alternativas exploratórias, em território brasileiro e no exterior, afirmou Bacelar.

Campanhas exploratórias da Petrobrás em bacias nacionais permanecem sendo fundamentais. Porém, aquisições em blocos exploratórios no exterior, como as anunciadas pela empresa no continente africano, também são importantes, tanto para a reposição de suas reservas quanto para consolidar uma nova e relevante posição da companhia no contexto internacional, em consonância com a retomada do protagonismo da diplomacia brasileira em direção ao Sul Global, particularmente em seu entorno estratégico, avalia Bacelar.

De acordo com dados da ANP, a proporção entre as reservas provadas e a produção brasileira de petróleo e gás natural conhecida como relação R/P é de apenas 13 anos, considerando os números de 2023.

Paralelamente, estimativas da EPE, no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), indicam que a produção de petróleo no país deverá aumentar 47%, em dez anos, passando da média de 3 milhões de barris dia, registrada em 2023, para 4,4 milhões de barris/dia em 2034. Já o pico de produção nacional está previsto para 2030, quando o país deverá alcançar 5,3 milhões de barris por dia. A partir daí, há desaceleração neste crescimento.

Embora a expansão na produção de petróleo esteja prevista, essa tendência não se sustentará ao longo da década, mesmo com a inclusão de recursos ainda não descobertos. Segundo a EPE, 94% da produção de petróleo projetada para esse período terá origem em Recursos Descobertos (RD). Diante desse cenário, e do fato de que o intervalo entre a descoberta de novas reservas e o início da produção pode levar até 10 anos, dependendo das características geológicas das jazidas, torna-se indispensável a realização de investimentos exploratórios especialmente em novas fronteiras.

Dados divulgados pela Petrobrás reforçam ainda mais a necessidade de atenção à recomposição de suas reservas de petróleo e gás natural, observam pesquisadores do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep). Em 2023, as reservas provadas de petróleo, condensado e gás natural foram estimadas em 10,9 bilhões de barris de óleo equivalente (boe). Com base nesses números e na produção da companhia, a relação entre reserva e produção (R/P) da Petrobrás, em 2023, é de aproximadamente 12,2 anos, o que significa que as reservas provadas seriam suficientes para sustentar a atual taxa de produção da empresa por pouco mais de uma década, calcula a diretora técnica do Ineep, a economista Ticiana Alvares.

O coordenador-geral da FUP ressalta que o Brasil ainda possui significativas fronteiras exploratórias, com destaque para a Margem Equatorial e a Bacia de Pelotas, cujas receitas, segundo ele, serão essenciais para financiar investimentos em tecnologias indispensáveis à transição energética.

Bacelar afirma que aliados aos movimentos internos da Petrobrás, os investimentos da empresa no segmento de Exploração e Produção (E&P) no exterior refletem um reposicionamento estratégico da companhia no cenário atual e representa uma ruptura com as políticas da gestão anterior, uma vez que promove aumento dos investimentos em E&P no Brasil e no exterior.

Nesse contexto, ele destaca as aquisições na participação de blocos exploratórios em regiões com elevado potencial, como a Bacia de Orange, na África do Sul, e em São Tomé e Príncipe, que também registraram descobertas recentes. De modo geral, são regiões com características geológicas com relativa similaridade ao pré-sal, onde a Petrobrás desenvolveu grande capacidade operacional, diz Bacelar.

Previsão de investimentos menores entre 2025- 2029 pode restringir pagamentos de dividendos

O BTG Pactual divulgou um relatório com as perspectivas sobre os próximos passos da Petrobras, incluindo a divulgação do Plano Estratégico 2025- 2029, que deverá acontecer no início de novembro, com previsão de gastos menores nos próximos 5 anos, focando no negócio de Exploração e Produção, e sem perspectiva de grandes fusões e aquisições. A expectativa é que os investimentos cheguem a US$ 16,8 bilhões, ante a previsão inicial de US$ 19 bilhões.

O banco de investimentos acredita que o Ebitda deste ano deve recuar 5%, refletindo, principalmente, os preços mais fracos do Brent. Para o ano que vem, a previsão para o Ebitda permanece estável em US$ 47 bilhões. Com a estimativa de investimento menor, o crescimento em 2025 deve chegar a 20%, o que, embora ainda significativo, é muito mais realista do que o orientação atual de US$ 21 bilhões para 2025.

“No futuro, esperamos que o Plano Estratégico 2025-2029 impulsione os investimentos de US$ 91 bilhões para US$ 94,5 bilhões (assumindo apenas investimentos em implementação), sem incorporar fusões e aquisições. A expectativa é que a companhia deve alcançar em 2025 um FCF de 22%. Usando nosso cálculo FCF (que inclui todas as obrigações, arrendamento amortização, resultados financeiros), o rendimento FCF deve alcançar 11%. Isto se traduz em um dividend yield ordinário (45% do FCF operacional menos capex) de 10% no exercício de 2025”, explicou o BTG.

Apesar do forte desempenho da ação no acumulado do ano, o BTG acredita que uma combinação de fatores positivos, com pagamentos de dividendos, nova equipe de gestão entregando surpresas positivas e menor risco nas operações, justifica a manutenção de uma visão otimista sobre as ações. “Em agosto, apontamos que a Petrobras não era nossa principal escolha, mas o desempenho das ações provou, diferentemente do que apontamos, que os seus fundamentos ascendentes estão entre os melhores do setor e que os riscos políticos são precificado. Ainda prevemos novas revisões positivas, apesar de uma elevação importante nos últimos meses, e consideramos os preços do petróleo o principal risco de curto prazo. Embora a petroleira tenha um ponto de equilíbrio de baixo custo de caixa, dividend yield mais baixo poderia levar investidores a outros setores mais lucrativos, como bancos e serviços públicos”, comentou o banco de investimentos, que mantém recomendação de compra, com preço-alvo de US$ 19/ação.

A Genial Investimentos disse que o aumento no fluxo de investimentos tende a reduzir a atratividade do fluxo de dividendos, especialmente se estes forem em negócios pouco interessantes, geralmente fora do segmento de Exploração & Produção. “Nosso receio é que a materialização do cenário mais restritivo ao pagamento de dividendos acabe por ocasionar em um ajuste nos atuais preços de mercado a partir de 2025”, comentou a Genial, que recomenda manter a ação, com preço-alvo de R$ 47/ação.

A análise apontou ainda que um dos pontos de atenção a serem acompanhados na tese da Petrobras é a execução do seu plano de investimentos tendo em vista o histórico de sucesso no segmento de E&P versus um fraco histórico em outros segmentos ou ativos fora do país e fluxo de pagamento de dividendos dependente da execução do volume de investimentos (formula atual é de 45% x Fluxo de Caixa Operacional Investimentos).

TERCEIRO TRIMESTRE

A Genial acredita que a empresa deve uma vez mais apresentar números sólidos no terceiro trimestre, com investimentos de US$ 4 bilhões vs pouco mais de US$ 3 bilhões nos últimos trimestres. A estimativa é uma distribuição de R$1,03/ação em dividendos regulares. “Resta saber se o tão esperado dividendo extraordinário vai ser anunciado já no balanço do terceiro trimestre ou apenas último trimestre deste ano”, concluiu a Genial.

Com Emerson Lopes (Safras News)

Edição: Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)

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