Projeção de alta do PIB mundial se mantém em 3,2% em 2024, segundo FMI

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Foto: Divulgação/FMI

O FMI manteve o crescimento do PIB mundial em 3,2% em 2,24 e revisou para baixo a de 2025, de 3,3% para 3,2%. “Embora as expectativas para os Estados Unidos tenham melhorado, as economias avançadas da Europa enfrentam reavaliações negativas. Os países emergentes e em desenvolvimento também foram afetados por perturbações na produção e no transporte de commodities, conflitos e condições climáticas adversas. Em contrapartida, a demanda por semicondutores e eletrônicos impulsionou o crescimento da Ásia emergente, alimentado por investimentos em inteligência artificial”, diz um trecho do relatório do FMI.

Segundo o documento, após um crescimento impulsionado pela reabertura em 2022, as economias avançadas apresentaram uma desaceleração acentuada em 2023, com uma projeção de crescimento estável entre 1,7% e 1,8% até 2029. “Essa estabilidade aparente oculta dinâmicas diferentes entre os países, já que várias forças cíclicas se desenrolam e a atividade econômica se alinha ao potencial”.

Já a perspectiva de crescimento para as economias emergentes e em desenvolvimento é estável para os próximos dois anos, com uma taxa projetada em torno de 4,2% e se estabilizando em 3,9% até 2029. “Assim como nas economias avançadas, dinâmicas opostas estão ocorrendo entre os grupos de países, sugerindo uma diversificação nas trajetórias de crescimento entre diferentes regiões”.

Em comparação com as projeções de abril, o crescimento nas economias emergentes e em desenvolvimento foi revisado para cima em 0,1 ponto percentual para 2024. “Essa revisão positiva se deve principalmente aos avanços esperados na Ásia, especialmente na China e na India, que compensam as reduções nas previsões para a África Subsaariana e para o Oriente Médio e Ásia Central”.

Em 2024, o crescimento projetado para os Estados Unidos foi revisado para cima, alcançando 2,8%, o que representa um aumento de 0,2 ponto percentual em relação à previsão de julho. “Esse ajuste positivo é atribuído a resultados mais fortes em consumo e investimento não residencial. A resiliência do consumo é em grande parte resultado de aumentos robustos nos salários reais, especialmente entre as famílias de baixa renda, e dos efeitos de riqueza”.

Para 2025, o FMI espera que o crescimento desacelere para 2,2%, à medida que a política fiscal começa a ser gradualmente restrita e um mercado de trabalho em esfriamento diminui o consumo. “Essa mudança indica uma expectativa de que os estímulos econômicos atuais se tornem menos influentes na dinâmica de crescimento”.

Na zona do euro, o relatório informa que o crescimento parece ter atingido seu ponto mais baixo em 2023. Embora um pouco mais fraco do que o projetado em abril e julho de 2024, espera-se que o crescimento do PIB aumente modestamente para 0,8% em 2024, “impulsionado por um desempenho melhor das exportações, especialmente de bens. Em 2025, a projeção é de que o crescimento aumente ainda mais, chegando a 1,2%, apoiado por uma demanda doméstica mais forte”.

O WEO informa que o crescimento do Japão deve desacelerar em 2024, refletindo interrupções temporárias de oferta e o desaparecimento de fatores pontuais que impulsionaram a atividade em 2023, como o aumento no turismo. Em relação às previsões de abril, o crescimento foi revisado para baixo em 0,6 ponto percentual, atingindo apenas 0,3% em 2024, devido a uma interrupção temporária na indústria automobilística e ao efeito base das revisões históricas de dados. “No entanto, prevê-se uma aceleração para 1,1% em 2025, impulsionada pelo consumo privado, à medida que o crescimento dos salários reais se fortalece”.

Por outro lado, o Reino Unido projeta um crescimento acelerado de 1,1% em 2024, com expectativas de que continue a aumentar para 1,5% em 2025. “Essa melhora é atribuída à queda da inflação e das taxas de juros, que devem estimular a demanda interna. Isso sugere um cenário econômico mais positivo para o Reino Unido em comparação com o Japão”, diz o WEO.

Na China, espera-se que a desaceleração do crescimento seja mais gradual. “Apesar da fraqueza persistente no setor imobiliário e da baixa confiança do consumidor, a projeção é de que o crescimento diminua apenas marginalmente para 4,8% em 2024, principalmente devido a exportações líquidas melhores do que o esperado”. Em comparação com a previsão feita em abril, houve uma revisão para cima de 0,4 ponto percentual para 2025 no WEO de outubro, sugerindo uma leve melhoria nas perspectivas de crescimento.

Além disso, medidas políticas recentes podem trazer riscos positivos para o crescimento no curto prazo, indicando que o governo está buscando maneiras de estimular a economia em meio a desafios contínuos. Isso pode ajudar a mitigar os impactos negativos das condições atuais, como a fraqueza no setor imobiliário e a hesitação dos consumidores.

No Brasil, a projeção de crescimento é de 3,0% para 2024 e 2,2% para 2025. Essa é uma revisão para cima de 0,9 ponto percentual para 2024, em comparação com as projeções do World Economic Outlook Update de julho de 2024. Essa melhora se deve ao aumento mais forte do consumo privado e dos investimentos no primeiro semestre do ano, impulsionados por um mercado de trabalho aquecido, transferências do governo e interrupções menores do que o esperado devido a inundações”.

Apesar da revisão otimista para 2024, o FMI acredita que o crescimento se modere em 2025, em razão da política monetária ainda restritiva e do esperado esfriamento do mercado de trabalho. “Isso sugere que os fatores que impulsionaram o crescimento em 2024 podem não ser sustentáveis a longo prazo, levando a uma desaceleração econômica no ano seguinte”.

Já a inflação global está prevista para cair de 6,7% em 2023 para 5,8% em 2024 e 4,3% em 2025. Segundo o FMI, economias avançadas devem atingir suas metas inflacionárias mais rapidamente do que os mercados emergentes. Apesar dos avanços na desinflação, riscos persistem, incluindo aumentos nos preços das commodities e tensões geopolíticas, que podem dificultar a redução das políticas monetárias pelos bancos centrais e impactar a estabilidade financeira global.

O documento aponta também que a desaceleração do setor imobiliário na China ou o aumento das políticas protecionistas podem exacerbar as tensões comerciais e comprometer o crescimento global. A urgência de ajustar políticas fiscais e implementar reformas estruturais torna a cooperação multilateral vital, especialmente para acelerar a transição verde e promover a reestruturação da dívida. “As crises recentes, como a pandemia e conflitos geopolíticos, interromperam cadeias de suprimento e provocaram crises de energia e alimentos, levando os governos a adotarem medidas extraordinárias”.

As decisões fiscais e monetárias moldarão o futuro econômico global, especialmente em um contexto de incertezas como a fragmentação geoeconômica. “Embora existam desafios, os governos têm a oportunidade de promover reformas que melhorem o crescimento, a sustentabilidade fiscal e a estabilidade financeira. A cooperação multilateral será fundamental para mitigar os impactos das incertezas e promover um crescimento global equilibrado”.