São Paulo -A Bolsa fechou em queda pelo quinto dia seguido em um dia de aversão ao risco global sob efeito dos pesos-pesados em razão do recuo das commodities e alta na curva de juros futuros.
As ações Vale (VALE3) caíram 1,75% e as da Petrobras (PETR3 e PETR4) recuaram 1,41% e 1,24%. Na ponta positiva, o destaque ficou para o ressegurador IRB (IRB3) subiu 12,28% com o resultado no 3T24 melhor que o esperado-lucro líquido de R$ 29 milhões em agosto, recuo ante o mês anterior de 13,69%.
O principal índice da B3 caiu 0,55%, aos 129.233,11 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro recuou 0,78%, aos 131.075 pontos. O giro financeiro foi de R$17,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.
Rafael Passos, sócio e analista da Asset Management, disse que a alta dos DIs e commodities impactam na bolsa.
“A alta dos DIs reflete a abertura das treasuries, e isso impacta na bolsa. Hoje teve dois leilões [de títulos do Tesouro] nos EUA e a demanda mais fraca por taxas maiores causou esse estresse e uma alta mais forte das treasuries. Com a piora do setor de utilities e as commodities bastante pressionadas, o Ibovespa cai”.
Felipe Moura, analista da Finacap, disse que o exterior está pesando puxado pelas commodities e fiscal
“O mau humor vem do exterior com a queda das commodities-minério de ferro e petróleo. O investidor não está com muito apetite para tomar risco, apesar de o governo dizer que vai direcionar um plano para conter gastos. Dessa vez, o mercado não deu o benefício da dúvida pra isso [corte de gastos], o mercado não compra essa narrativa. Mas acredito que o pacote [a ser anunciado após o segundo turno das eleições municipais no domingo 27] vai ser razoável, acho que vem algo melhor que o mercado está esperando. O que levou a bolsa a 136 mil pontos foi uma trégua entre o mercado e o governo, mas agora o mercado quer algo mais concreto”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em tímida queda de 0,10%, perto da estabilidade, cotado a R$ 5,6908, mas operou a maior parte do dia em alta sob a influência do “Trump trade” com o mercado apostando em uma possível vitória do candidato Donald Trump nas eleições americanas. Na sessão de hoje, a divisa bateu a máxima de R$ 5,7322.
Segundo o analista da Potenza Capital Bruno Komura, a vitória do candidato Donald Trump deve gerar mais impostos nas importações, especialmente de produtos chineses.
Além disso, observa Komura, há grandes chances de que o Congresso americano seja majoritariamente republicano (red sweep), o que daria ainda mais poder ao potencial presidente, que também implementaria uma política de corte de impostos.
Sobre o fiscal doméstico, Komura acredita que enquanto o governo não apresentar medidas concretas de corte de gastos, o prêmio dos ativos brasileiros continuará elevado, impactando diretamente o câmbio e as curvas de juros.
Para o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, a possiblidade de vitória de Trump fortalece o dólar, já que o ex-presidente deve ter maior intervenção em políticas de comércio exterior.
Serrano também observa que embora o fiscal doméstico esteja menos ruidoso nos últimos dias, não houve nenhuma evolução neste aspecto, o que tem gerado prêmio nos ativos locais.
Diferentemente do dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta. O driver desta quarta foi novamente o temor de descontrole fiscal, podendo resultar em uma alta da inflação.
Por volta das 16h34 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,224% de 11,204% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,745%, de 12,690%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,940%, de 12,850%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,965 de 12,865% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda expressiva, com o Dow Jones registrando seu pior dia em mais de um mês, à medida que os juros mais altos dos Treasuries pesavam sobre o sentimento do mercado.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,96%, 42.514,95 pontos
Nasdaq 100: +0,63%, 18.276 pontos
S&P 500: +0,39%, 5.864,67 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News