Bolsa fecha em queda e dólar sobe quase 1% e encerra a R$ 5,76 com peso do fiscal doméstico

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda em um dia volátil com o peso do fiscal, após falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre as medidas de corte de gasto, e o recuo do setor bancário. Os frigoríficos foram destaque de alta com a valorização do dólar.

As ações da Minerva (BEEFS3) subiram 3,02%. Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3) avançaram 2,98% e 0,91%.

O principal índice da B3 caiu 0,36%, aos 130.729,93 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro recuou 0,67%, aos 132.435 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,1 bilhões. Nos Estados Unidos, as bolsas fecharam mistas.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que “o mercado estava relativamente comportado até o Haddad [ministro da Fazenda, Fernando Haddad] dizer que não tem previsão de datas e nem de valores [sobre o corte de gastos]. Ele desmentiu os valores que o mercado estava apostando entre R$ 20 e 50 bilhões [cortes]. Isso acaba jogando uma balde de água fria e o mercado estressa. O mercado cansou de discursos, espera coisas mais concretas para dar alívio nos juros, bolsa e câmbio”.

João Abdouni, analista da Levante Inside Corp, disse que “a bolsa está travada nos 130 mil pontos e o que pressiona são os juros e o dólar mostrando as incertezas sobre o fiscal. O mercado não acredita nesse pacote de corte de gastos, e vai colocando prêmio na curva. O destaque fica para os frigoríficos. Há uma posição razoável nas empresas exportadoras diante desse volume baixo da bolsa. As empresas que têm receita em dólar e com estímulo forte da China podem subir como Petro, Vale, Suzano, JBS, Gerdau e CSN, além das boas pagadoras de dividendos”.

Em relação à queda do Santander, Abdouni disse que o balanço veio bom, mas o recuo das ações pode ter refletido “o índice de cobertura [redução da provisão para aumentar um pouco o lucro] veio um pouco maior que o trimestre anterior”. As ações caíram 5,12% e o setor recuou na esteira do Santander.

Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capita, disse que “o Ibovespa está volátil com uma recuperação nos setores de mineração e frigoríficos, além do impacto positivo de um possível estímulo fiscal da China”.

Um analista de investimentos de um grande banco do mercado financeiro disse que “o mercado está em movimento de cautela, em observação com esse baixo volume, na expectativa do pacote do governo e dados importantes nos EUA na quinta-feira e sexta-feira. Estou pessimista com as possíveis medidas do governo, o cenário muda se vier um ajuste estrutural. A Vale sobe na esteira de que na próxima semana venha novidade da China em relação ao pacote de estímulos”.

O dólar comercial fechou em forte alta de 0,95%, cotado a R$ 5,7622, patamar visto em março de 2021, quando encerrou em R$ 5,7613, com o mercado estressado com o fiscal. A moeda norte-americana oscilou entre a mínima de R$ 5,6979 e máxima de R$ 5,7669.

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que que não tem previsão para o anúncio sobre as medidas de corte de gastos e não mencionou valores, isso estressou o mercado.

De acordo com o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “o câmbio entra no momento de expectativa para o resto. O payroll, na sexta, deve mexer bem com o mercado”.

Brigato pontua, ainda, que caso o candidato Donald Trump vença as eleições, países como o Brasil, devem ser impactados pelas medidas protecionistas que devem ser adotadas.

A balança comercial negativa, pondera Brigato, também contribui para o enfraquecimento do real nesta terça. A balança comercial brasileira teve déficit de US$ 6,5 bilhões em setembro.

Para a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, “as eleições americanas têm trazido comportamento de risco para os ativos, principalmente a taxa de câmbio”.

Quartaroli, contudo, entende que o anúncio de um pacote de corte de gastos no Brasil “tende a amenizar ligeiramente este comportamento negativo vindo do exterior”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta em um dia de volatilidade refletindo falas da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o pacote fiscal, e o leilão do Tesouro com taxas recordes.

Por volta das 16h54 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,256% de 11,252% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,745%, de 12,690%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,905%, de 12,820%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,930% de 12,830% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, enquanto investidores digeriam novos dados sobre vagas de emprego e absorviam uma nova onda de balanços, antes dos aguardados resultados da Alphabet, controladora do Google.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,36%, 42.233,05 pontos
Nasdaq 100: +0,78%, 18.712,7 pontos
S&P 500: +0,16%, 5.832,92 pontos

 

Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News