São Paulo -A Bolsa fechou em queda, em dia morno e com bastante oscilação, operou entre a mínima de 130.472,60 pontos e a máxima de 131.026,92 pontos. O tom de mercado é de cautela, no aguardo de ações concretos por parte do governo sobre o corte de gastos.
O destaque positivo ficou para as ações cíclicas, petroleiras e as exportadoras. O Indice Small Caps subiu 0,93%. Na ponta negativo, a Weg (WEGE3) liderou as perdas (-5,16%) refletindo o resultado do 3T24 em linha com as expectativas.
“A empresa tem entregado resultados excelentes, com isso as projeções são muito altas para o balanço dela. Os números dentro do esperado, o mercado entende que é abaixo das expectativas e acaba corrigindo”, disse Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos.
O principal índice da B3 caiu 0,06%, aos 130.639,33 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro registrou queda de 0,10%, aos 132.300 pontos. O giro financeiro foi de R$ 16,8 bilhões. Nos Estados Unidos, as bolsas fecharam em queda.
Um analista de uma gestora de investimentos disse que “o mercado está em espera por ações concretas do governo sobre o corte de gastos. Com o dólar em alta, as exportadoras se beneficiam e as petroleiras sobem com a valorização do petróleo.
Anderson Miranda, head de Distribuição W1 Capital, disse que a Bolsa “está no zero a zero, Rui Costa [ministro da Casa Civil] disse que quem apostar contra o Brasil vai perder, ações ligadas ao petróleo subindo”.
Alvarenga disse que a Bolsa está de lado, em movimento de cautela. “Temos alguns pregões em alta e baixas, mas está conseguindo se sustentar no patamar dos 130 mil pontos, cenário diferente do dólar e DIs. Boa parte das ações tem alta e Small Caps sobe. Muito se especula a questão do fiscal, mas as falas de hoje foram positivas, mas o mercado espera algo mais concreto. Ele disse que ‘o ajuste fiscal será o impacto necessário para o arcabouço ser cumprido independente de uma dinâmica de uma rubrica específica ou nã’. Vemos os DIs fechando um pouco. Acredito que as medidas não precisam ser estruturais, como uma reforma administrativa, mas sim as de curto prazo para ajudar os DIs desestressarem, e consequentemente a bolsa, principalmente as Small Caps”.
O sócio da One Investimentos acredita que “há exagero do mercado, estão precificando como se o cenário atual fosse perpetuar daqui em diante, que não vamos ter nenhuma medida estrutural para endereçar o fiscal, que o governo não vai fazer nada independente pra onde o dólar vai. Um ótimo termômetro disso são as projeções de bancos. No início do ano diziam que teríamos uma Selic no final do ano em 8,5%; agora falam do ano que vem na casa dos 12,5%, com uma inflação no teto de 4,5% e isso seria um juro real em 8,0% no curto prazo, é muito exagerado”.
Em relação às eleições americanas, Alvarenga explicou que as pesquisas apontam um empate entre Kamala Harris e Donald Trump, mas as casas de apostas indicam 2/3 de chance de uma vitória de Trump.
“O mercado tem acreditado nas projeções das casas de apostas, mas se as pesquisas estiverem certas podemos ter uma correção no mercado americano e respingar aqui”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,03%, estável, cotado a R$ 5,7640, abaixo da máxima do dia de R$ 5,7926.
A divisa perdeu um pouco de força após as falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o ajuste fiscal e o impacto no arcabouço. As eleições americanas e os próximos passos do banco central dos Estados Unidos também fizeram preço no mercado de câmbio diante de uma economia aquecida.
A economista-chefe da Coface para a América Latina, Patrícia Krause, acredita que as falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendendo o cumprimento do arcabouço fiscal, com a elaboração de medidas de contenção das despesas públicas, foram benéficas para o real.
Segundo o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, parte da valorização do câmbio provém da espera pelo anúncio do pacote fiscal.
Weigt também observa o “Trump trade”, que consiste em medidas protecionistas que devem ser implementadas caso o candidato Donald Trump vença o pleito: “Países emergentes como o Brasil e, especialmente o México, devem ser prejudicados”.
Mais cedo, o relatório ADP apontou a criação de 233 mil vagas em outubro, nos Estados Unidos, acima das projeções (115 mil).
Já a leitura prévia do PIB norte-americano indicou um crescimento de 2,8% no 3 trimestre ante projeções de +2,8%
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam mistas em meio à aceleração da inflação- Indice Geral de Preços Mercado (IGP-M) de outubro subiu mais que o esperado, o que traz mais preocupação com o cenário fiscal doméstico. O mercado espera pelas medidas de corte de gastos que devem ser anunciadas nas próximas semanas e atento às eleições municipais.
Por volta das 16h19 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,266% de 11,252% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,750%, de 12,740%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,895%, de 12,910%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,910% de 12,940% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, pois os fortes lucros da Alphabet -controladora do Google – impulsionaram o otimismo em relação aos resultados das big techs, mas não foram suficientes para elevar os índices pesados em tecnologia. Enquanto isso, dados cruciais sobre o PIB e o mercado de trabalho continuaram a fornecer peças ao quebra-cabeça do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) antes de sua próxima decisão sobre a taxa de juros.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,22%, 42.141,54 pontos
Nasdaq 100: -0,56%, 18.607,9 pontos
S&P 500: -0,33%, 5.813,67 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News