Lucro da Petrobras cresce 22% no 3° trimestre; estatal pagará R$ 17 bi em dividendos

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Wilson Melo / Agência Petrobras

São Paulo, SP – A Petrobras divulgou na noite de ontem (7) o balanço do terceiro trimestre de 2024 (3T24), com lucro líquido de R$ 32,6 bilhões, alta de 22,3% em comparação ao mesmo período do ano passado (3T23). De janeiro a setembro, o lucro líquido foi de R$ 53,650 bilhões, queda de 42,7% em relação ao mesmo período de 2023. Segundo a companhia, o resultado é reflexo da melhora do lucro bruto e do resultado financeiro e das menores despesas operacionais.

A companhia apresentou outros indicadores financeiros consistentes no trimestre, como Ebitda recorrente de R$ 64,4 bilhões, fluxo de caixa livre de R$ 38 bilhões e uma forte geração operacional de caixa (FCO), de R$ 62,7 bilhões, um dos seis melhores fluxos de caixa operacional trimestrais de sua história.

“Apresentamos um lucro líquido expressivo no trimestre, com uma forte geração de caixa e redução tanto da dívida financeira quanto da dívida bruta. Tudo isso em um cenário desafiador, de queda no preço do petróleo brent. Além disso, no 3º trimestre realizamos investimentos de US$ 4,5 bilhões em projetos que garantirão o futuro da companhia. Nossos resultados mostram que estamos no caminho certo”, destacou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.

O FCO é um indicador da capacidade da companhia de gerar recursos a partir de suas operações regulares e é um relevante índice para avaliação do desempenho de uma empresa.

O Ebitda ajustado recorrente foi de R$ 64,4 bilhões, queda de 3,7% em comparação ao 3T23. De janeiro a setembro, o Ebitda ajustado recorrente foi de R$ 188,2 bilhões, queda de 6,6% em relação ao mesmo período de 2023.

A receita de vendas foi de R$ 129,5 bilhões, alta de 3,8% em relação ao 3T23. De janeiro a setembro, a receita de venda foi de R$ 369,5 bilhões, queda de 2,2% em relação ao mesmo período de 2023. O aumento da taxa de câmbio média do real frente ao dólar, o maior volume de petróleo produzido pela companhia no mix de derivados e o crescimento nas vendas contribuíram para o resultado. Esses fatores positivos foram compensados, parcialmente, pela queda de 6% no preço do Brent e a menor margem de derivados, em especial pela redução de 16% da diferença do preço do diesel em relação ao petróleo (crackspread). O Ebitda ajustado recorrente representa o lucro recorrente obtido antes do pagamento de juros, impostos e do cálculo de depreciações e amortizações.

No 3T24, os investimentos totalizaram US$ 4,5 bilhões, 31,3% acima do 2T24. Nos primeiros nove meses do ano os investimentos somaram US$ 10,9 bilhões, um crescimento de 19,5% em relação ao mesmo período de 2023.

O resultado financeiro do 3T24 foi negativo em R$ 1,6 bilhão, melhor em relação ao resultado negativo de R$ 36,4 bilhões observado no 2T24. Esse resultado foi impactado principalmente pelo ganho com valorização cambial do real frente ao dólar. O real se valorizou 2% no 3T24 (câmbio final de R$ 5,45/US$), em comparação à desvalorização de 11,2% no 2T24 (câmbio final de R$ 5,56/US$). Adicionalmente, as despesas financeiras foram menores em função dos impactos da adesão à transação tributária reconhecidos no trimestre anterior.

A dívida financeira da companhia foi reduzida em 2,1% no último trimestre, para cerca de US$ 25,8 bilhões, o menor patamar desde 2008. A dívida bruta também foi reduzida em 0,8%, para US$ 59,1 bilhões (montante que inclui US$ 33,4 bilhões em arrendamentos), permanecendo dentro da faixa estabelecida no Plano Estratégico 2024-2028 da Petrobras.

O prazo médio da dívida passou de 11,76 anos em 30/06/2024 para 11,57 anos em 30/09/2024; e o seu custo médio ficou estável em 6,6% a.a. no mesmo período. A relação dívida bruta/EBITDA ajustado foi de 1,27x em 30/09/2024 em comparação com 1,22x em 30/06/2024. Em 30/09/2024, a dívida líquida atingiu US$ 44,3 bilhões, uma redução de 4,1% em comparação com 30/06/2024.

A Petrobras investiu US$ 4,5 bilhões no 3T24, cerca de 30% acima do trimestre passado. O foco dos investimentos continua, principalmente, nos grandes projetos do pré-sal. Nos primeiros nove meses do ano, os investimentos somaram US$ 10,9 bilhões, representando um aumento de 19,5% em relação ao mesmo período do ano anterior (9M23). A projeção de CAPEX total para 2024 da Petrobras está mantida para no patamar entre US$ 13,5 bilhões e US$ 14,5 bilhões, conforme anunciado em agosto.

No terceiro trimestre de 2024, a companhia recolheu R$ 64,4 bilhões em tributos, pagos aos diversos entes federativos (União, estados e municípios) e que representam a relevante contribuição da Petrobras para a sociedade brasileira.

Novas plataformas

Os resultados financeiros do 3T24 se somam a relevantes marcos operacionais, que contribuirão para a produção futura de petróleo e gás da companhia. Em 30 de outubro, o navio-plataforma Marechal Duque de Caxias (Mero 3) começou a produzir óleo e gás, no campo de Mero, bloco de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos. A unidade tem capacidade de produzir até 180 mil barris de óleo e de comprimir até 12 milhões de metros cúbicos de gás, tudo isso diariamente.

O FPSO Maria Quitéria, cuja previsão inicial era começar a operar 2025, teve sua entrada antecipada, e produziu o seu primeiro óleo em 15 de outubro. A unidade tem capacidade de produzir diariamente até 100 mil barris de óleo e de processar até 5 milhões de metros cúbicos de gás. Instalada no campo de Jubarte, no pré-sal da Bacia de Campos, a plataforma está equipada com tecnologias para redução de emissões, incluindo o ciclo combinado na geração de energia, que permite maior eficiência operacional associada à redução em cerca de 24% de emissões operacionais de gases de efeito estufa.

Outro marco importante em outubro foi a chegada ao Brasil do navio-plataforma Almirante Tamandaré, vindo da China. A unidade será instalada no Campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, na costa do Rio de Janeiro. Plataforma do tipo FPSO (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência, da sigla em inglês), Almirante Tamandaré é a primeira unidade de alta capacidade a ser instalada no campo, com potencial para produzir até 225 mil barris de óleo (bpd) e processar 12 milhões de metros cúbicos de gás por dia.

Dividendos

A Petrobras informou que seu Conselho de Administração aprovou o pagamento de dividendos intercalares no valor de R$ 17,12 bilhões, equivalente a R$ 1,32820661 por ação ordinária e preferencial em circulação, como antecipação da remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2024, declarada com base no balanço de 30 de setembro de 2024.

O pagamento proposto está alinhado à Política de Remuneração aos Acionistas vigente, a qual prevê que, em caso de endividamento bruto igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no Plano Estratégico em vigor (atualmente US$ 65 bilhões), a Petrobras deverá distribuir aos seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre. Esta distribuição é compatível com a sustentabilidade financeira da companhia. Vale comentar ainda que, ao longo do terceiro trimestre, não houve recompra de ações.

Os proventos serão pagos em duas parcelas nos meses de fevereiro e março de 2025, da seguinte forma:

Valor a ser pago: R$ 1,32820661 por ação ordinária e preferencial em circulação, sendo que, a primeira parcela, no valor de R$ 0,66410331 por ação ordinária e preferencial em circulação, será paga em 20 de fevereiro de 2025; e a segunda parcela, no valor de R$ 0,66410330 por ação ordinária e preferencial em circulação, será paga em 20 de março de 2025.

A data de corte será no dia 23 de dezembro de 2024 para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 e record date em 27 de dezembro de 2024 para os detentores de ADRs negociados na New York Stock Exchange (NYSE). As ações da Petrobras serão negociadas ex-direitos na B3 a partir de 26 de dezembro de 2024.

O pagamento da primeira parcela para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 será realizado no dia 20 de fevereiro de 2025 e o da segunda parcela no dia 20 de março de 2025. Os detentores de ADRs receberão os pagamentos a partir de 27 de fevereiro de 2025 e de 27 de março de 2025, respectivamente.

A definição da forma de distribuição (se sob a forma de dividendos e/ou juros sobre capital próprio) ocorrerá até 12 de dezembro de 2024 e será tempestivamente comunicada ao mercado.

“Importante ressaltar que os valores de cada parcela serão atualizados pela variação da taxa Selic de 31 de dezembro de 2024 até a data de cada pagamento; e em caso de pagamento na forma de juros sobre capital próprio (JCP), incidirá imposto de renda, conforme legislação vigente. Por fim, esses proventos serão abatidos da remuneração aos acionistas a ser aprovada na Assembleia Geral Ordinária de 2025 relativa ao exercício de 2024”, conclui o comunicado a estatal.