Surpresa inflacionária pode fazer o Fed ‘pausar’ cortes em dezembro, diz Kashkari

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Kashkari participa da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) em janeiro de 2024. Foto: Reprodução / Fed

São Paulo – O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode ter que reconsiderar um novo corte na reunião de dezembro se a inflação “surpreender para cima” no próximo mês, disse o presidente da unidade de Minneapolis da instituição, Neel Kashkari.

“Isso pode nos fazer parar para pensar”, afirmou ele hoje na conferência Invest do Yahoo Finance.

O próximo teste virá amanhã, com a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de outubro, uma medida-chave de inflação que o banco central analisará antes da última reunião do ano, marcada para os dias 17 e 18 de dezembro.

A inflação dos alugueis, disse Kashkari, é “o grande elefante na sala”, mas ele está confiante de que começará a diminuir à medida que novos contratos sejam assinados com aluguéis mais baixos.

Kashkari evitou comentar como as políticas econômicas propostas pelo presidente eleito Donald Trump poderiam afetar as expectativas do Fed para uma série de cortes adicionais nas taxas de juros em 2025, destacando que o banco central não pode incorporar mudanças em seus modelos até que as ações sejam implementadas.

“No Fed, simplesmente precisamos esperar para ver”, afirmou ele.

O presidente do Fed de Minneapolis também mencionou que novas tarifas, por si só, não são necessariamente inflacionárias a longo prazo, pois representam um “aumento único nos preços”. Onde elas poderiam elevar a inflação a longo prazo seria se outros países responderem com suas próprias tarifas, criando uma “guerra comercial olho por olho”.

“Agora, estamos todos apenas fazendo suposições”, acrescentou ele. “Pode ter um grande efeito, mas precisamos esperar para ver”.

Kashkari destacou que o Fed continuará focado em seu duplo mandato de estabilidade de preços e pleno emprego, mesmo que um novo presidente exerça mais pressão sobre o banco central para cortar as taxas de juros.

“Estou confiante de que continuaremos focados em alcançar os objetivos econômicos e não responderemos a quaisquer pressões vindas de Washington”, afirmou.