Achamos apropriado reduzir os juros com desinflação em andamento, diz Lagarde, do BCE

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, na coletiva de imprensa que acontece depois da divulgação da política monetária, reforçou a mensagem de que o Conselho do banco vai atuar de forma gradual, reunião a reunião, e dependente de dados, para determinar os próximos passos do banco.

“Embora esteja em ritmo de queda, a inflação pode subir ligeiramente no final de 2024. As pressões no mercado de trabalho estão se moderando, e estamos determinados a baixar a inflação para nossa meta de 2% no médio prazo”, afirmou.

Ela informou que, conforme anunciado em 13 de março de 2024, algumas mudanças na estrutura operacional para implementação da política monetária entrarão em vigor a partir de 18 de setembro. Em particular, o spread entre a taxa de juros das principais operações de refinanciamento e a taxa da facilidade de depósito será definido em 0,15 ponto percentual (pp). “O spread entre a taxa da facilidade de empréstimo marginal e a taxa das principais operações de refinanciamento permanecerá inalterado em 0,25 pp”.

Lagarde disse que o mercado de trabalho na zona do euro se mantém resiliente, com desemprego em 6,4%, com uma leve revisão em 0,2% para cima no segundo trimestre de 2024. “O número de vagas de mercado de trabalho está chegando aos níveis pré-pandemia”.

Ela citou o relatório do ex-presidente do BCE, Mário Draghi, que reforça a necessidade de reformas na zona do euro para aumentar o crescimento da economia do bloco. “Com o relatório, os governos devem rever suas políticas fiscais de médio e longo prazo”. Lagarde disse que esse relatório pode ajudar o BCE na transmissão da política monetária para os países do bloco.

A presidente do BCE reforçou que o processo de desinflação deve ser reforçado pelas reduções nas pressões do mercado de trabalho. Além disso, as tensões geopolíticas no mundo, como a guerra na Ucrânia e o conflito no Oriente Médio, podem influenciar os preços para cima, além de afetar o crescimento do bloco. “Esses riscos, do aumento do salário e das tensões, podem pressionar a inflação”. Ela falou também dos eventos climáticos, que são outro fator de pressão inflacionária, especialmente nos preços dos alimentos.

A decisão de cortar os juros em 0,25 pp foi unânime, segundo Lagarde, por conta do processo de desinflação gradual. “Seremos dependentes de dados e vamos decidir os próximos passos reunião a reunião. Não vamos nos fixar em apenas um dado, e sim no conjunto de informações e com a situação atual. Acreditamos que o pico da restrição monetária já foi atingido”.

Por fim, Lagarde disse que as projeções de inflação foram mantidas, mas a do núcleo de inflação foram revisadas para cima, devido ao aumento dos preços dos alimentos e a queda nos de energia, mas o crescimento foi revisto para baixo. “Revisamos para baixo o crescimento por conta do consumo das famílias, que não está subindo”.