Por Danielle Fonseca
São Paulo – As ações da MRV recuam cerca de 6% e registram a maior queda do Ibovespa hoje após notícia que a companhia deve comprar a AHS Residential, empresa ligada aos fundadores da MRV e que atua no
segmento imobiliário nos Estados Unidos. Apesar de a maioria dos analistas ter visto, inicialmente, um impacto positivo em função da diversificação, há muitas dúvidas sobre qual a estratégia da MRV ao realizar essa operação e sobre o seu valor.
Às 15h49 (horário de Brasília), as ações da MRV (MRVE3) caíam 6,01%, a
R$ 17,80, enquanto o Ibovespa subia 1,01%, aos 100.688,96 pontos.
Em documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a MRV
afirma que faria um “aporte direcionado a financiar o crescimento da AHS sem desembolso para os atuais acionistas que não venderão suas participações.” Apesar de a construtora não dar mais detalhes e não mencionar valores, uma reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo” afirma que a negociação está em fase final e que deve girar em torno de US$ 235 milhões.
Para o analista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, a aquisição seria relevante para a estratégia de diversificação da companhia, com novos clientes e novo funding, porém, destaca que a sua avaliação é preliminar dado que não foram divulgado os números da possível transação e há possibilidade de mudança de foco da MRV.
“A aquisição da AHS também pode desviar o foco da gestão no seu
‘core business’, que segue enfrentando alguns desafios com MCMV [Minha Casa, Minha Vida], (em especial, obstáculos com os repasses do Governo). A medida poderia ser uma sinalização de pouca clareza no crescimento do segmento de baixa renda, diante dos desafios fiscais e concorrência dos últimos trimestres. Vamos acompanhar”, disse em relatório.
Já os analistas da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi e Fernando Bresciani, chamam a atenção para o possível valor da transação. “O valor de mercado da MRV é de R$ 8,369 bilhões e portanto a aquisição ao dólar atual representaria 11,7% do valor de mercado da MRV”, afirmaram, em relatório.
Eles também destacam que “toda a operação terá que ser muito
transparente, para não gerar dúvidas”, apesar de poder ser uma
diversificação atraente para a MRV e por se tratar de uma empresa em comum para o acionista controlador.