Ações da Petrobras despencam após companhia aumentar preços dos combustíveis

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São Paulo – As ações da Petrobras estão entre as piores quedas do Ibovespa nesta sexta-feira após a companhia aumentar os preços dos combustíveis sob forte ataque do governo federal, que é acionista controlador da companhia. Às 13h37 (horário de Brasília) os papéis da empresa (PETR3 e PETR4) tinham queda de 8,92%, e 8,56% a R$ 29,40 e R$ 26,61, respectivamente.

No diesel, o aumento será de 14,26%, enquanto na gasolina o percentual de reajuste a ser aplicado é de 5.18%.

A Mirae Asset divulgou comentário antes da Petrobras anunciar o reajuste de preços dos combustíveis opinando que “o aumento de ruídos sobre o tema deve gerar volatilidade no preço da ação no pregão de hoje, que já terá o ajuste da queda do ADR ontem (feriado aqui)” e com isso, via a abertura da Bolsa com “queda contratada” e com a promessa de volatilidade para as ações da Petrobras na sessão de hoje.

A corretora lembra que a pressão sobre o governo e a Petrobras em relação a reajuste de preços dos combustíveis se elevou com o andamento da redução do ICMS e ao mesmo tempo a defasagem de preços praticados no mercado doméstico em relação ao internacional. A defasagem do diesel é a mais gritante, em 18%, contra 14% da gasolina. Como a Petrobras não reajusta preços a pelo menos 100 dias, a situação começa a se complicar.

O reajuste anunciado nesta sexta-feira ocorre após o conselho de administração sinalizar que a diretoria da empresa tem autonomia para subir os preços, ao mesmo tempo que o governo pressiona para não acontecer reajuste neste momento.

Segundo Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, no diesel, pesaram o aumento sazonal da demanda no 2o semestre no hemisfério norte em função da advinda do verão e a necessidade da Petrobras praticar preços em linha aos internacionais. “É para sinalizar aos importadores a necessidade de se prepararem para importar com antecedência sobretudo aos meses de agosto a outubro, onde a demanda global por diesel e por conseguinte, o risco de desabastecimento é gradualmente mais forte”, considera o analista.

“Na gasolina, entendemos que sob um galão no Golfo a US$ 4,01, o litro a US$ 1,06 (R$5,43) e o dólar a R$ 5,13, a defasagem atual frente aos R$ 3,86 cobrados pela companhia nas refinarias chegava a 41,2%. Com o aumento proposto, nosso modelo aponta que a defasagem cairia para 33,8%, mantidos os preços atuais no Golfo e a atual relação cambial”, disse.

“Entendemos que a ação diminui a defasagem frente aos preços internacionais, o que via de regra, é positivo para as finanças da companhia, mas em contrapartida, entendemos que a ação foi desenvolvida por lideranças que estão de saída da companhia, o que impede a dissolução das assimetrias referentes ao tema para os próximos meses” Apesar da iminência da continuidade deste risco, a Ativa segue com recomendação de compra em PETR4, entendendo que a precificação do papel ainda apresenta positiva relação risco x retorno.

Antes do reajuste anunciado ontem, dados da Associação Brasileira dos Importadores e Combustíveis (Abicom) mostravam que a defasagem chegava a 18% no diesel e de 14% na gasolina frente às cotações dos produtos no mercado internacional.