Ações da Petrobras e Banco do Brasil despencam no primeiro pregão após eleições

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São Paulo – As expectativas em relação ao futuro das estatais após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência derrubaram os papéis da Petrobras e do Banco do Brasil no pregão desta segunda-feira. No fechamento, os papéis PETR3 e PETR4 recuaram 7,04% e 8,47%, enquanto o BBAS3 caiu 4,63% e ficaram entre as piores quedas do Ibovespa, que subiu 1,30%.

O senador Jean Paul Prates (PT-RN) é apontado como o favorito a assumir a presidência da Petrobras no próximo governo federal, segundo notícias, que especulam o fato de que o político participou de um grupo de especialistas que assessorou o candidato Luís Inácio Lula da Silva em temas do setor, além de seu amplo conhecimento sobre a indústria de petróleo.

Além do senador, também participaram do grupo que assessorou Lula o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e Magda Chambriard ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), além de especialistas de universidades e do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), ligado à Federação Nacional dos Petroleiros (FUP).

Em entrevista ao “Jornal PT Brasil”, concedida pelo senador em julho, ele disse que que a forma como o governo de Jair Bolsonaro tratou a Petrobras foi criminosa e que, se nada for feito para mudar o tipo de gestão, a empresa acabaria destruída.

Os acionistas deveriam olhar a Petrobras e dizer: Nossa, essa empresa está indo para o abismo. Porque ela está puxando óleo do pré-sal, cada vez mais; não tem projeto de transição energética nenhum; vendeu o pé dela no mercado brasileiro, que era a BR Distribuidora; vendeu os gasodutos que davam a ela vantagem competitiva; vendeu refinarias e estão tentando vender, aceleradamente, mais três ou quatro, a preço de banana, descreveu.

Segundo o senador, enquanto outras petroleiras no mundo fazem investimentos para realizar uma transição energética nas próximas décadas, reduzindo a dependência do petróleo, a Petrobras vem distribuindo 100% de seus lucros e se desfazendo de seu patrimônio. O que vai ser a Petrobras em 30 anos, quando esse petróleo do pré-sal talvez entre em declínio? Onde ela colocou investimento?, indagou na ocasião.

Na sua visão, da forma como tem sido gerida, a estatal perde sua função, que é utilizar o petróleo para alavancar o desenvolvimento social e econômico do país e se preparar para o futuro a médio e longo prazo, transformando-se em uma empresa de energia, e não só em uma petroleira.

Na entrevista, Prates argumentava que hoje o setor de energia deve ser pensado de forma integrada e que os segmentos de petróleo, energia elétrica e fontes de energia renováveis estão praticamente igualados em termos de importância para o futuro.

CURRÍCULO

Jean Paul Prates é formado em direito e economia, com mestrado em gestão ambiental pela Universidade da Pensilvânia (EUA) e em economia da energia, pela Escola Superior de Petróleo, Energia e Motores da França. Presidiu o Sindicato das Empresas de Energia do Rio Grande do Norte e o Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia.

Em 2014, foi eleito primeiro suplente de senador. Com a eleição de Fátima Bezerra para o governo do estado, Jean Paul Prates assume a cadeira de senador. Seu compromisso é incorporar novas frentes em defesa da vocação das cidades, atração de investimentos e fortalecimento de empresas locais.

Trabalhou na regulação dos setores de petróleo, energia renovável, biocombustíveis e infraestrutura nos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula. Foi secretário de Estado de Energia e Assuntos Internacionais do Rio Grande do Norte.

BANCO DO BRASIL

O Banco do Brasil disse, nesta segunda-feira, que prestará todas as informações que forem solicitadas na transição entre os governos. “Como integrante da administração pública o BB sempre cumpriu com a legislação que estabelece as regras de transição entre governos. O BB mantém sua postura de prestar neste momento todas as informações que forem solicitadas”, disse o banco, em nota.