Ações da Petrobras recuam após anúncio de reajustes e falas de Prates sobre Venezuela; veja análises

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São Paulo – As ações da Petrobras operam em queda no início do pregão, após a companhia anunciar reajustes nos preços dos combustíveis e a intenção de investir na Venezuela após redução das sanções pelos Estados Unidos, em meio ao acirramento do conflito no Oriente Médio. Às 12h24 (horário de Brasília), os ativos PETR3 e PETR4 caíam 1,33% e 1,59%, a R$ 40,71 e R$ 37,73, respectivamente.

A partir de amanhã (21), o preço da gasolina na refinaria terá corte de cerca de 4%, e o diesel terá aumento de 6,6%. A companhia reduzirá em R$ 0,12 por litro o preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras, que passará a ser de R$ 2,81 por litro, e aumentará em R$ 0,25 por litro o preço médio de venda de diesel para R$ 4,05 por litro. No ano, os preços da Petrobras para as distribuidoras passam a ter reduções acumuladas de R$ 0,27 para gasolina e de R$ 0,44 para o diesel.

Outra notícia que chamou a atenção foi a declaração do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, após a redução das sanções dos Estados Unidos sobre a Venezuela. Prates comentou que este movimento dos norte-americanos inspira a Petrobras a considerar seriamente a possibilidade de investir no país vizinho.

O Itaú BBA comenta que a Petrobras disse que a implementação da estratégia comercial permitiu inicialmente reduzir os preços da gasolina e do diesel e, nas últimas semanas, mitigar os efeitos da volatilidade e da subida abrupta dos preços internacionais, proporcionando períodos de estabilidade de preços aos seus clientes. A empresa destacou ainda que, para a gasolina, o fim da temporada de condução significa maior disponibilidade e desvalorização do produto em relação ao petróleo. Para o diesel, por outro lado, a procura global sustentada e um esperado aumento sazonal resultaram numa valorização do produto em comparação com o petróleo. Como a Petrobras está no limite de sua otimização operacional, inclusive realizando importações adicionais, tornou-se necessário fazer ajustes para se reequilibrar com o mercado e com seus próprios valores marginais.

“Com base nas nossas últimas estimativas da faixa de preço da gasolina, a empresa ajustou o seu preço para perto do limite superior da faixa, acompanhando o estreitamento do crack spread nas últimas semanas”, avalia o Itaú BBA. “Para o diesel, segundo nossas estimativas, a Petrobras parece estar visando o centro da faixa de preço, o que deve representar o custo de oportunidade da empresa, considerando o mix entre produtos refinados e importados. Acreditamos que esses ajustes sinalizam o compromisso da Petrobras com a execução tempestiva da política para permanecer dentro da faixa de preços, evitando volatilidade para o consumidor”, acrescenta.

O analista da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, disse que o reajuste terá, indiretamente, um impacto macro “gigantesco” em função da matriz de transportes de bens do Brasil, mas que o seu repasse ao consumidor tem uma defasagem temporal maior e o coeficiente é mais incerto. “A queda da gasolina o que deverá ter impacto cheio no IPCA de novembro em cerca de -8bps, segundo nossos cálculos. Liquidamente, em termos de IPCA, reduziremos nossa perspectiva para 2023 de 4,69% para 4,65%, mediante a queda da projeção de novembro de +0,31% para +0,23%, mas com a elevação da projeção de dezembro de +0,57% para +0,61%”, comentou. “Ressaltamos que o corte de 12 centavos na gasolina amplia a defasagem para próximo de 30 centavos, ao passo que a alta do diesel ainda deixa resíduo altista de cerca de 35 centavos. Em outras palavras, o preço da gasolina precisaria subir R$0,30 e o diesel R$0,35, para se equiparar aos níveis internacionais”, conclui Sanchez.

A Levante comenta que após o início do conflito entre o Hamas e Israel, os preços do petróleo tiveram altas consecutivas, o que tem impulsionado as ações das petroleiras. “Ruídos políticos à parte, o momento é bastante favorável para a petroleira. Com o petróleo negociado por volta dos US$ 93 o barril e com o aumento da produção anunciado de 7,8% referente ao mês de setembro, a companhia deve divulgar mais um resultado positivo referente ao terceiro trimestre de 2023.”

Em relação à declaração do presidente da Petrobras sobre investimentos na Venezuela, a Levante comenta: “Como sabemos, movimentos como estes no passado não foram bem-sucedidos e trouxeram prejuízos para a estatal. As condições de mercado por lá seguem deterioradas por conta de questões políticas e econômica. No entanto, a liberação feita pelos Estados Unidos é de apenas seis meses, o que limita as ações da Petrobras visando investimentos de longo prazo no país hoje governado por Nicolás Maduro.”