Ações da Petrobras sobem, em meio a especulações sobre mudança de estatuto

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São Paulo – Em dia de reunião ordinária do conselho de administração da Petrobras para convocar uma assembleia de acionistas para decidir o novo comando da estatal, as ações da petrolífera (PETR3; PETR4) subiram mais de 1% no pregão desta quarta-feira.

O governo federal nomeou Caio Mario Paes de Andrade para substituir José Mauro Coelho na presidência da empresa, mas a aprovação do nome passa ainda pela confirmação do conselho da estatal, em reunião sem hora para encerrar. O novo indicado não teria os pré requisitos necessários para assumir o cargo, o que promete muitas dúvidas e especulações ainda na Bolsa.

A saída de Coelho só se concretiza ao fim de junho, depois da assembleia e a questão chave é saber se Andrade terá (ou não) a anuência dos membros do conselho. Caso aceito, seu grande desafio será achar uma saída para suavizar os reajustes de derivados de combustível. O intervalo de 100 dias para cada ciclo de reajustes ganha espaço, segundo analistas.

Também há especulações que a companhia pode mudar estatuto para segurar preços dos combustíveis. Isso porque o presidente Jair Bolsonaro quer reduzir a frequência dos reajustes e dar mais “previsibilidade” de preços, o que pode levar até mesmo à mudança no estatuto da estatal.

Segundo informações do jornal “O Estado de S. Paulo”, com a chegada do novo presidente da Petrobras, o governo não descarta suspender a paridade de preços com o mercado internacional em momentos de crise. Para o governo, a barreira da Lei das Estatais, que obriga estatais a ser gerida como empresa privada, pode ser contornada diante do impacto que a política de preços da Petrobras tem na economia, inclusive no aumento da inflação. Por outro lado, o afrouxamento da barreira pode ser questionado pelos acionistas.

Segundo o jornal, uma das dificuldades para reduzir a frequência dos reajustes, além do risco de desabastecimento, é o fato de que a gestão da Petrobras tem de chegar a 31 de dezembro de 2022 com o preço na média da paridade internacional. Para alterar essa regra, seria preciso tirar do estatuto a obrigação do governo de indenizar a empresa pelos custos que vier a ter com essa política.

Para Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos, a notícia de que o novo comando da Petrobras deve mudar o estatuto da companhia para que a União não precise compensar possíveis perdas geradas por alterações na política de preços é negativa para a tese de investimento na companhia. “A informação é bastante especulativa, mas se isso realmente acontecer, é bastante negativa para a Petrobras”, comentou o analista, em seu podcast.

Por volta das 8h23 (horário de Brasília), as ações da Petrobras subiam 0,35% no pré mercado de ações de Nova York a US$ 14,28 após as perdas de terça-feira (24/5), quando o papel recuou 3,8% e fechou a US$ 14,23. Mas nas mínimas do dia, as perdas de terça bateram em 12%, reflexo da troca de comando na companhia, anunciado na segunda à noite.

No Brasil, ontem, as ações da Petrobras recuaram quase 3% com demissão do presidente da companhia e a nova indicação do governo federal para o comando da empresa, refletindo a insatisfação do mercado com a interferência política na companhia e possível redução na frequência de aumentos dos preços de combustíveis.