Ações de saúde sobem após STF suspender aumento do piso salarial de enfermagem

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São Paulo – Ações do setor de saúde estavam entre as maiores altas no Ibovespa após o Supremo Tribunal Federal (STF) suspender lei que estabelece piso salarial para enfermeiros. Às 13h18 (horário de Brasília), as ações de SulAmérica (SULA11) lideravam os ganhos do setor, com alta de 4,60%, Rede D’Or (RDOOR3) subia 4,17%, seguidas por Fleury (FLRY3 +1,62%) e Hapvida (HAPV3; +1,14%).

A Genial Investimentos diz que a decisão do STF é positiva para as ações da Hapvida, que possui uma maior disparidade entre o novo piso e o salário atual em vista do seu posicionamento geográfico e menor ticket médio. “Na nossa visão, o piso tem um impacto extremamente negativo no setor público de saúde, que não tem capacidade de absorver os custos adicionais levando a demissões, fechamento de leitos e, por consequência, precarização do SUS e das Santas Casas”, comentaram os analistas da corretora.

A XP, por outro lado, comenta que apesar do desempenho positivo das ações de saúde no pregão de hoje, mantém uma visão cautelosa sobre o setor enquanto não houver uma decisão definitiva sobre essa lei. “Em nossa visão, os investidores em geral esperavam que alguma medida compensatória mitigasse parte do impacto negativo. Ainda assim, as decisões sinalizam que o STF analisará os efeitos gerais que a lei pode ter sobre o setor de saúde antes de tomar uma decisão final sobre sua constitucionalidade”, escreveu o analista Rafael Barros.

A XP tem recomendação de compra para Rede D’Or, Hospital Mater Dei, Kora Saúde, Oncoclínicas, Hapvida, Hypera, Blau Farmacêutica e neutro em Fleury e Hemers Pardini.

O BTG Pactual também esperava uma reação positiva para as ações do setor após a decisão do STF, especialmente Hapvida, e disse que, embora a nova legislação já estivesse em vigor no mês passado, a percepção é de que o setor privado ainda não havia implementado o salário mínimo. Então, a decisão anunciada ontem elimina os potenciais impactos, pelo menos para este ano.

“Dito isso, caso a legislação seja finalmente implementada (após a decisão final da Suprema Corte), poderia até mesmo acelerar a consolidação no mercado de saúde do Brasil, enquanto soluções de financiamento são prováveis para ganhar impulso político no Congresso”, escreveram os analistas do BTG ao reiterar a suas preferências em Hapvida, Rede D’Or, Sul América, Viveo e Mater Dei.

ENTENDA

O Ministro Luís Roberto Barroso, do STF, suspendeu neste domingo (4) a lei aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro e que cria o piso salarial da enfermagem. A suspensão é válida por até 60 dias, exigindo um estudo mais detalhado dos efeitos econômicos da medida na saúde financeira do setor privado e público de saúde.

A suspensão já foi criticada por políticos da oposição ao governo, pelo presidente da Câmara Artur Lira e por membros do sindicato de enfermagem, que não descartam a possibilidade de greve.

A Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), que representa hospitais, clínicas e empresas prestadoras de serviços no setor de saúde e é requerente da suspensão da lei que elevou o piso salarial de enfermagem, defendeu a decisão do STF por entender que existia uma expectativa de o governo anunciar uma contrapartida para financiamento do piso, o que não ocorreu, justificando a falta de sustentabilidade da medida.