Acompanhando mercado externo, Bolsa cai e dólar fecha estável

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São Paulo – O pregão da B3 operou todo o dia com muita volatilidade. Próximo ao fechamento, o Ibovespa acelerou a queda acompanhando o movimento das bolsas norte-americanas, que tiveram forte queda. Os índices Dow Jones e Nasdaq perderam 0,94% e 1,12%, respectivamente. O Ibovespa fechou com recuo 1,49%, 113.261,80 pontos.

Para o José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, no Brasil não houve notícia que impactasse tão forte a B3, o movimento de retração está atribuído às perdas lá fora por conta de comentários de alguns governadores sobre a economia do país ainda ser afetada em 2022. “A queda aqui está direcionada com os movimentos internacionais”, afirmou.

O Ibovespa iniciou em queda com as preocupações sobre a pandemia mundo afora e aqui no Brasil, depois ensaiou uma leve subida com as informações divulgadas sobre o depoimento que o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, e a secretária do Tesouro, Janet Yellen, fariam na Câmara dos Estados Unidos.

No texto, as autoridades demostravam que a economia dos Estados Unidos está avançando mais rápido do que se estimava, mas a recuperação total ainda demorará. No momento da fala de Powell e Yellen, na Câmara dos Estados Unidos, houve alteração no índice e começou a cair um pouco.

Mas, para Leonardo Ramos, sócio da DNA Invest, não havia motivo específico para a mudança de movimento da B3. Ele comentou que o cenário brasileiro não está atrativo para o investidor, “A pandemia está se agravando, a comunicação do governo não é a melhor possível e ainda temos os respingos do estresse de ontem com o efeito Turquia. O cenário no País está complicado.” afirma.

Ele afirmou que “o Brasil precisa urgente das reformas para poder ser mais atrativo”. Hoje não temos a economia pujante, câmbio descontrolado e juros baixos. “O País oferece muito risco e pouco retorno”, conclui.

O dólar comercial fechou com ligeira queda de 0,03% no mercado à vista, cotado a R$ 5,5160 para venda, em sessão de forte volatilidade com a moeda reduzindo as perdas na reta final dos negócios, chegando a ficar no campo positivo em linha com uma piora no exterior. O que levou as moedas de países emergentes a cairem mais de 1%. Aqui, a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro fará um pronunciamento na TV e no rádio às 20h30 deixou investidores cautelosos, em dia também de ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

“Apesar de adiantarem que o pronunciamento será sobre vacina, chegou uma certa incógnita no mercado. Nunca se sabe o que pode vir”, diz o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, sobre o pronunciamento de Bolsonaro em cadeia nacional, reforçando que a piora no exterior antes do fim da sessão pesou no mercado doméstico em meio à baixa liquidez e volatilidade na sessão.

A economista da Toro Investimentos, Paloma Brum, destaca que o movimento descolado do real em relação às principais moedas emergentes em boa parte da sessão refletiu ainda a crise do banco central da Turquia, após a demissão do presidente, o que resultou em uma forte desvalorização da lira turca e contaminou os mercados emergentes ontem.

“A política monetária contracionista da Turquia elevou o risco de outras moedas emergentes, de manter juros artificiais”, diz, explicando que esse risco monetário não pesa para o Brasil, já que o “Banco Central (BC) é “respeitado pelos investidores”.

“Principalmente, após o tom mais duro [‘hawkish’] Copom na semana passada, ao subir a taxa Selic em 0,75 ponto percentual (pp), acima do esperado, e com o reforço de hoje na ata da reunião afirmando que deverá subir novamente a Selic em maio. A recente independência do BC corrobora para esse alívio de que o Brasil está resguardado de uma crise monetária”, pondera.

Brum acrescenta que há um movimento na curva de juros futuros que precifica alta de 1,00 pp da Selic na próxima reunião, acima do pretendido pelo Copom. “O que dá mais atratividade aos nossos ativos e favorece a taxa de câmbio”, ressalta.

Nagem, da Terra Investimentos, diz que a tendência é de mais volatilidade e liquidez reduzida nos próximos dias com o feriado antecipado em São Paulo na semana que vem e com a paralisação de alguns setores, enquanto no mundo, os mercados estão “inconsistentes” com o endurecimento de medidas restritivas em partes da Estados Unidos e da França, além da Alemanha, o que gera receio para uma possível terceira onda de contaminação por covid-19 na Europa.

A economista da Toro diz que o mercado ficará atento às prévias de março da atividade industrial e do setor de serviços norte-americano e europeu, que devem mostrar uma leitura de como essas economias devem fechar o primeiro trimestre do ano. Aqui, ela chama a atenção para os eventos domésticos e o avanço na pandemia no Brasil, que seguem no radar do mercado podendo refletir em paralisação no Congresso e novos atrasos na discussão das pautas econômicas. “Isso não tem feito preço, mas está no radar do mercado”, finaliza.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em alta em um dia no qual os investidores divergiram sobre o tom da ata da reunião realizada na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Enquanto os vencimentos mais curtos ajustaram-se às apostas para os próximos passos do aperto monetário no Brasil, os vencimentos mais longos refletiram os riscos fiscais e políticos.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 chegou ao fim do pregão com taxa de 4,675%, de 4,595% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,420%, de 6,265%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,91%, de 7,70% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,43%, de 8,18%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano aceleraram as perdas nos minutos finais da sessão para fechar o dia em forte queda, pressionados pelo ressurgimento de casos de covid-19 em várias partes do mundo, enquanto os investidores digeriam o depoimento do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, ao Congresso sobre as medidas de estímulo.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,94%, 32.423,15 pontos

Nasdaq Composto: -1,12%, 13.227,70 pontos

S&P 500: -0,76%, 3.910,52 pontos