São Paulo, 21 de agosto de 2020 – A sétima rodada de negociações comerciais pós-Brexit entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido terminou sem progressos, e um acordo parece improvável até o final deste ano, quando termina o período de transição, disse o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, em coletiva de imprensa.
“Com muita frequência esta semana, parecia que estávamos indo mais para trás do que para frente”, disse Barnier. “Neste momento, um acordo entre o Reino Unido e a UE parece improvável. Eu só não entendo porque somos perdendo um tempo tão precioso”, acrescentou.
“Temos muito pouco tempo restante para concluir as negociações para garantir que um acordo possa entrar em vigor em primeiro de janeiro de 2021, em quatro meses e dez dias a partir de agora”, afirmou. Segundo Barnier, um texto legal precisa estar pronto no mais tardar no final de outubro, para que haja tempo para o Conselho e o Parlamento Europeu o aprovarem.
Assim, restam dois meses para chegar a um acordo sobre várias questões ainda divergentes. “Nesta semana, mais uma vez, como na rodada de julho, os negociadores britânicos não demonstraram uma verdadeira vontade de avançar em questões importantes para a União Europeia”, segundo Barnier.
Ele disse que a UE mostrou flexibilidade nos últimos meses para trabalhar os três pontos definidos pelo próprio primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que são: o papel na Corte de Justiça da União Europeia, a autonomia legislativa do Reino Unido e a questão da pesca.
O negociador-chefe da UE criticou a recusa britânica em aceitar a continuação da política de pesca europeia, bem como concorrência justa e igualdade de condições.
Barnier disse que os britânicos não querem atender a certos padrões mínimos dentro da UE e, por outro lado, querem um tipo de acesso concedido apenas a membros do bloco. Barnier lembrou que eles escolheram sair e devem arcar com as consequências.
“Estamos preparados para competir com empresas britânicas, desde que a competição seja justa”, destacou Barnier. “A necessidade de uma igualdade de condições não vai desaparecer, mesmo que o Reino Unido continue a insistir em uma baixa qualidade apenas a bens e serviços. É um pré-condição não negociável para o acesso a nosso mercado”.