São Paulo – Um acordo entre os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados para a manutenção, por no mínimo mais dois meses dos cortes de produção, pode acelerar a recuperação da cotação da commodity, fazendo com que os preços por barril encostem novamente no patamar de US$ 50,00, um incremento próximo a US$ 7,93 sobre a cotação de fechamento do último dia 5 que foi de US$ 42,07.
Segundo o chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone, Thadeu Silva, o corte adicional tem capacidade de melhorar os preços no curto prazo. “A crise provocou uma destruição na demanda global por petróleo, o que provocou uma queda brusca nos preços. Mas, por outro lado, as principais economias do mundo já mostram sinais de uma recuperação melhor que a esperada, o que pode contribuir bastante”.
Cotação do Brent de março a junho de 2020Em um cenário otimista, com as economias globais ganhando tração a partir do ano que vem, o chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone acredita que o petróleo tipo Brent pode encostar novamente nos US$ 60,00 já no segundo semestre de 2021.
“No curto prazo a retomada tem limite e podemos achar um teto próximo aos US$ 50,00 até dezembro. Mas dependendo de como as principais economias da Europa e dos Estados Unidos se comportarem podemos ter um nível de preços muito melhor no segundo semestre do ano que vem”.
Para o sócio-diretor da consultoria Leggio, Marcus D’Elia, o panorama atual da economia mundial é de retomada na China, Estados Unidos e Europa, o que pode levar a uma recomposição nas cotações do produto podendo ser acelerado por uma queda na oferta.
“Hoje o mercado pensa em um petróleo na faixa entre os US$ 40,00 a US$ 50,00 até a economia mundial se estabilizar, mas já temos sinais de recuperação em alguns países”, analisou D’Elia.
Por outro lado, o sócio da Bip Brasil, Flávio Meneses, está menos otimista com o ritmo da recomposição nos preços da commodity. Segundo ele, a efetivação do acordo entre os membros da Opep e seus aliados é importante e pode estabilizar o preço do petróleo no curto prazo, até que as economias mundiais voltem a crescer.
Meneses ressalta os impactos do acordo fechado no último fim de semana, que pode reduzir a oferta em até 8 milhões de barris de óleo até o final deste ano. “É uma sinalização importante, embora ainda não regularize a oferta. Ano que vem retoma a demanda até porque este ano será muito baixo. Agora, uma recuperação para a casa dos US$ 60,00 acho que só a partir de 2022”.
O sócio da Bip Brasil vê o patamar de US$ 50,00 ser alcançado em 2021, quando é esperado um desempenho melhor da economia global, o que elevará gradualmente a demanda por petróleo.
ACORDO
Os países membros da Opep e aliados concordaram em fazer um corte de 9,6 milhões de bpd até 31 de julho, e, a partir de agosto, haverá uma redução de 7,7 milhões de bpd. O cartel negociou, ainda, a redução de 5,7 milhões de bpd a partir de janeiro de 2021.
Corte de produção acertado entre a Opep e aliadosO acordo tem como objetivo equilibrar os preços do petróleo num momento em que a demanda ainda está fraca e os estoques globais elevados.