Aliansce Sonae+BR Malls anuncia mudança de marca para Allos e possíveis transações

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São Paulo – Os analistas citam boas perspectivas para a ação da Aliansce Sonae+BR Malls, que acaba de anunciar uma mudança de nome para a nova marca “Allos” após 11 meses da fusão entre as companhias, assim como o ticker da ação na Bolsa, que será ALOS3 (atualmente é ALSO3). Segundo a empresa, a nova marca deve ajudar a empresa a ficar mais conhecida nos 16 estados em que possui shoppings e “consolida a mais completa plataforma de serviços, entretenimento, lifestyle e compras da América Latina.” A empresa também pode anunciar novidades na transação de ativos do setor, o que animou analistas. A empresa tem um portfólio de 62 shoppings.

Em teleconferência de resultados do segundo trimestre, na terça-feira (15), a diretoria da empresa disse que não vê necessidade de reciclar seu portfólio de shopping centers e não descarta reduzir sua participação em empreendimentos maiores para uma realocação de capital mais atrativa. O CEO da empresa, Rafael Sales, citou, entre outros fatores, as vendas sustentáveis em novos shoppings, mas não descartou uma possível realocação de capital e desinvestimento em empreendimentos “não tão estratégicos”.

Para o Bradesco BBI, a venda de ativos que estão no percentil inferior em termos de vendas e aluguéis por metro quadrado (m2) é um importante gatilho para a ação, pois melhora a qualidade de seu portfólio e ajuda a acelerar o processo de desalavancagem (o guidance de dívida líquida/EBITDA para 2023 está entre 2,1-2,4 vezes). Dessa forma, a empresa poderia vender uma pequena participação em ativos mais significativos junto com outros menos relevantes para facilitar as negociações, opinam os analistas. “Além disso, a venda de ativos não é uma questão de exigência de caixa, mas sim uma decisão de alocação de capital e gerenciamento ativo do portfólio e, portanto, pode ser um gatilho positivo para melhorar a percepção da qualidade do portfólio da Allos.”

Na segunda-feira, o Bradesco BBI atualizou sua avaliação para a companhia, reiterando a compra e preço-alvo de R$ 30,00, para incluir os resultados do segundo trimestre, que, em linhas gerais, avaliou como ligeiramente positivo. Segundo o relatório, a companhia apresentou o maior taxa de “Aluguel Mesma Loja” (SSR, na sigla em inglês), indicador que mede a relação entre o aluguel faturado em uma mesma área no período atual comparado ao mesmo período do ano anterior, entre os pares listados (11,5% vs. 10,5% e 9,4% do Iguatemi e Multiplan, respectivamente), com G&A caindo 4,1% e FFO subindo 27%, ambos na base de comparação trimestral, impactado positivamente pelas tímidas despesas de R$ 1,8 milhão da fusão entre as companhias.

Os analistas acreditam que os resultados devem ficar ainda mais limpos nos próximos trimestres e reiteraram a classificação de compra e a indicação da futura Allos como a sua principal escolha no setor de shopping centers, diante do múltiplo em que é negociado de 9,1x P/FFO estimado para 2024, tanto em termos absolutos (rendimento FFO de 11% significa um prêmio de 580bps para os títulos públicos indexados à inflação) quanto em termos relativos (eles ainda veem o desconto de 28% para MULT3 como excessivo), além do gatilho da potencial venda de ativos.

O Bank of America também reiterou sua visão positiva para a companhia (compra; R$ 30,00), diante dos resultados do 2T23 que superaram as suas projeções e as do consenso, com o maior crescimento de aluguel entre os pares no trimestre, e de olho na tendência de vendas após este aumento em julho, depois uma ‘desaceleração’ acumulada no ano e o crescimento dos aluguéis em meio a uma inflação menor do que a prevista. “Qualquer fluxo de notícias sobre vendas de ativos também pode ser um gatilho positivo para o estoque”, comentam os analistas do BofA. Eles também vêem os shoppings como uma boa opção de investimento, pois oferecem uma combinação de (1) maior correlação com as taxas; (2) risco de ganhos limitados; e (3) valuations descontados. “No setor, a Allos é a nossa principal escolha, com base em: (1) reciclagem de portfólio gerador de valor, (2) eventuais sinergias da fusão aparentemente não precificadas, (3) exposição à inflação do IPCA em meio a IGP-M negativo e (4) menor ocupação custo em meio ao esperado desempenho de vendas igualmente baixo em portfólios este ano.”