ALIMENTOS: BofA vê segurança alimentar no debate global e Brasil ganhando mais espaço com commodities

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São Paulo – A segurança alimentar tem estado no centro do debate global e levou a mudanças significativas no comércio de commodities, percebeu o Bank of America, destacando que o Brasil e os Estados Unidos lideram fortalecimento de grãos, com esse último ganhando ainda mais participação.

O BofA considera que o cenário tem sido reforçado por recentes conflitos geopolíticos – como da Russia e Ucrânia – e surtos de doenças como a recente a peste suína, o que levou a mudanças significativas no comércio global de alimentos e commodities nos últimos anos.

Conforme cálculos dos especialistas, nos últimos dois anos os preços das soft commodities subiram cerca de 65% devido a choques de oferta: eventos climáticos adversos nos EUA e no Brasil (La Nina) e choque de oferta de fertilizantes do gás natural da UE, guerra Ucrânia/Rússia e proibição de exportação da China. “Exploramos o impacto de potenciais eventos climáticos em cada área produtora, e esse debate como parte da agenda ESG vem levando a novos usos de culturas, como diesel renovável e etanol.”

BRASIL, ESTADOS UNIDOS E CHINA

Brasil e Estados Unidos são as superpotências agrícolas globais, respondendo por 21% da produção total de grãos, 44% da oleaginosa e 28% da oferta de proteína. “O Brasil deve ganhar mais participação na oferta global de culturas, dada a disponibilidade de terras agricultáveis e espaço para melhorar a produtividade”, estimam os analistas.

A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) prevê que a produção brasileira de soja e milho cresça 2,4% CAGR nos próximos 10 anos, enquanto o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) prevê que as exportações brasileiras de milho cresçam 4,2% e as exportações de soja 3,9% CAGR, contra o comércio global em 2,8%.

A China , por sua vez, representa 22% da demanda global de grãos e 26% da demanda de oleaginosas, e deve continuar a impulsionar esses mercados em termos de crescimento e estratégia de abastecimento.

“O USDA estima que a China responderá por 75% do aumento total no comércio global de soja nos próximos 10 anos. O upside para o milho é mais limitado, mas acreditamos que a China vem diversificando sua oferta da Ucrânia para o Brasil”, diz o BofA, que retoma, aqui, o importante papel que o país asiático no quadro de insumos agrícolas, já que é produtor relevante de nitrogênio e fosfato.