Altas de juros exigiram intensificação de compra de ativos, diz ata do BCE

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São Paulo – Os membros do Conselho do Banco Central Europeu (BCE) concordaram que as altas recentes nos juros de títulos exigiram uma intensificação no programa de compra de emergência pandêmica (PEPP, na sigla em inglês), de acordo com a ata reunião realizada nos dias 10 e 11 de março.

“Houve um amplo consenso entre os membros de que os recentes aumentos nas taxas sem risco e nos juros soberanos ponderados pelo Produto Interno Bruto (PIB) exigiram uma intensificação do ritmo de compras sob o PEPP”, de acordo com a ata.

“Um aumento significativo no ritmo de compras para os próximos três meses foi visto como justificado pelo aperto observado nas condições de financiamento e pela falta de uma melhoria material nas perspectivas de crescimento e inflação. A proposta também foi considerada proporcional à luz do mandato do BCE”.

Segundo o documento, juros soberanos de longo prazo figuraram entre as principais variáveis ​​usadas para avaliar as condições de financiamento e são indicativos de mudanças futuras.

Os membros do BCE afirmaram que os juros de títulos soberanos na zona do euro aumentaram desde a reunião de dezembro, refletindo repercussões dos aumentos de juros de títulos dos Estados Unidos em função do estímulo fiscal no país, da alta de preços das commodities e melhores perspectivas de crescimento global com campanhas de vacinação.

“Ao mesmo tempo, considerou-se que o aumento observado nos juros soberanos permaneceu contido e, em certa medida, dissociado da evolução nos Estados Unidos”, diz a ata, destacando o papel do PEPP em atenuar o aumento dos juros.

Assim, os membros concordaram que “um amplo estímulo monetário continuou a ser necessário para preservar as condições de financiamento favoráveis ​​durante o período de pandemia” de covid-19.

“Embora os riscos para as perspectivas econômicas da zona do euro tenham se tornado mais equilibrados no médio prazo, o recente aperto das condições de financiamento foi geralmente considerado prematuro para a zona do euro, que se encontrava ainda numa posição cíclica mais fraca do que a Estados Unidos”.

Na reunião de março, o BCE manteve o PEPP de US$ 1,850 trilhão de euros ao menos até março de 2022, e prometeu acelerar o rimo de compras no próximo trimestre, afirmando que se as condições de financiamento favoráveis puderem ser mantidas, “o envelope não precisa ser usado na íntegra”.

Os membros destacaram, na ata, a flexibilidade simétrica do PEPP, “o que implica que o ritmo de compras pode ser aumentado e diminuído de acordo com as condições de mercado”. Eles concordaram em realizar uma avaliação conjunta trimestral das condições de financiamento.

Eles afirmaram ainda que as condições de financiamento deveriam ser avaliadas com base em um conjunto holístico e multifacetado de indicadores cobrindo toda a cadeira de transmissão da política monetária.

Além disso, “considerou-se essencial que o Conselho do BCE reiterasse o seu compromisso de estar pronto para ajustar todos os seus instrumentos, conforme adequado, de modo a garantir que a inflação avança para o seu objetivo de forma sustentada, em linha com o seu compromisso com a simetria”.

Os membros reiteraram ainda que “o Conselho do BCE manterá uma política monetária acomodatícia durante o tempo necessário e não vê riscos de sobreaquecimento na zona do euro no atual ambiente”.

Por último, “tendo em conta a forte contração da economia da zona do euro e a recuperação desigual entre os setores, considerou-se importante realçar a necessidade de continuar a apoiar as políticas orçamentais para sustentar a recuperação”.