Americanas tem prejuízo de R$ 12,9 bi em 2022; e revisa resultado de 2021

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São Paulo, SP – A Americanas divulgou hoje o balanço referente ao ano de 2022, com prejuízo líquido R$ 12,912 bilhões, acima do prejuízo de R$ 6,237 bilhões em 2021. A receita líquida consolidada foi de R$ 25,809 bilhões, e o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ficou negativo em R$ 6,162 bilhões.

A companhia também revisou o lucro líquido de R$ 544 milhões registrado em 2021 para prejuízo de R$ 6,237 bilhões. Segundo o comunicado, a revisão é reflexo do ajuste no Ebitda recorrente, que foi a impactado pela fraude e outros temas relacionados a ela e pela adoção de melhores práticas, ficando negativo em R$ 1,8 bilhão, o que representa uma variação de aproximadamente R$ 4,1 bilhões em relação aos R$ 2,3 bilhões positivos divulgados anteriormente.

“A fraude gerou relevantes impactos nas contas do Balanço Patrimonial. Enquanto os resultados eram artificialmente majorados pela fabricação de contratos fictícios de VPC contabilizados como redutores de custo, a contrapartida contábil era o lançamento dos respectivos valores como redutores da conta de fornecedores. Somado a isso, os contratos de risco sacado e de capital de giro não eram devidamente registrados como endividamento. O resultado foi a divulgação de uma falsa situação patrimonial da companhia”, explicou a nota sobre a revisão dos dados referente a 2021.

O lucro bruto em 2022 foi de aproximadamente R$ 5 bilhões e a margem bruta atingiu a marca de 19,5% da receita líquida, impactada pelo real custo de mercadorias vendidas, que já não contava com a fraude de lançamentos de contratos fictícios de VPC que reduziam o custo. Outro impacto relevante foi a provisão de obsolescência de
estoques no valor de R$ 744 milhões, que teve contrapartida na linha de custos de
mercadoria vendida.

O resultado financeiro consolidado do exercício social de 2022 foi negativo em R$ 5,2 bilhões, já considerando as despesas de juros dos contratos de risco sacado e contratos de capital de giro devidamente contabilizados. Adicionalmente, o alto custo de serviço da dívida reflete o elevado endividamento líquido da Companhia em um cenário de taxas de juros elevadas.

O perfil de endividamento no final do exercício social de 2022 teve uma deterioração considerável comparado com o endividamento do exercício social de 2021 reapresentado. No ano de 2022, a companhia aumentou significativamente sua dívida bruta, ao mesmo tempo em que reduziu os níveis de caixa e recebíveis, resultando em uma dívida líquida de R$ 26,3 bilhões, o que representa uma variação de mais de R$ 12 bilhões comparado com 2021.

O capital de giro em reais apresentou uma piora de R$ 1,2 bilhão na comparação anual, com a redução dos recebíveis não sendo suficiente para compensar a redução do financiamento dos estoques.

O resultado operacional negativo da companhia ao longo do ano de 2022, considerando os ajustes extraordinários que impactaram o balanço, levou a um patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões em 31 de dezembro de 2022

As despesas com SG&A atingiram a marca de R$ 9 bilhões, representando 35,0% da receita líquida e constituída por R$ 4,8 bilhões de despesas com vendas e R$ 4,2 bilhões de gerais e administrativas. É importante destacar que essa rubrica foi afetada neste exercício pelo correto lançamento de certas despesas, antes indevidamente capitalizadas, como folha de pagamento e frete.

PROJEÇÕES

A companhia divulgou seu plano estratégico de negócios com previsão de geração de Ebitda de mais de R$ 2,2 bilhões (ou mais de R 1,5 bilhão depois do pagamento de aluguéis) em 2025.

Segundo o comunicado, após sofrer fraude de resultados praticada pela antiga diretoria, a companhia tem centrado esforços na continuidade do negócio, que ganhará mais fôlego a partir do aumento de capital de R$ 12 bilhões que será realizado pelos acionistas de referência e capitalização de dívida concursal por parte dos credores também no valor de R$ 12 bilhões, assim como com a aprovação do Plano de Recuperação Judicial pelos credores.

A companhia projeta uma dívida financeira bruta de entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão em 2025. Já a alavancagem deve ser inferior a 0,75x (sem considerar recebíveis) Por fim, a nota afirmou que as projeções são baseadas em suas expectativas sobre o futuro dos negócios. “Essas expectativas dependem, substancialmente, de fatores alheios à vontade da companhia, tais como condições de mercado, desempenho da economia brasileira, do setor e dos mercados internacionais”.