Analistas avaliam positivamente o resultado do Itaú, mas ação cai

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São Paulo – A ação do Itaú Unibanco tem forte queda após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre da companhia na noite desta quinta-feira. Às 15h00, o papel caía 3,4%, a R$ 26,65, enquanto seus pares Bradesco (BBDC3;BBDC4) e Santander (SANB11) subiam mais de 1%, após dias de forte de baixa. Já Banco do Brasil (BBAS3) também caía 1,32%.Os papéis de bancos vêm registram quedas por conta do cenário de aumento da inadimplência no setor.

As análises do mercado financeiro avaliaram os resultados do Itaú positivamente e não explicam a queda da ação. O Bank of America (BofA) reiterou a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 34,00, considerando a baixa das ações após os resultados fracos apresentados pelo Bradesco, que impactaram em todo o setor. O BofA considera que essa queda proporcionou um ponto de entrada atraente, já que a ação foi desvalorizada para 6,8 vezes o seu múltiplo P/E projetado para 2023.

Os analistas também destacam que a gestão e habilidades de comunicação de alto nível da companhia reforçam a visão de que o Itaú merece negociar com valor superior ao de seus pares.

Em relação aos resultados, o BofA considerou os resultados sólidos e alinhados, que demonstraram a capacidade da gerência de entregar em um cenário desafiador, diferenciando-se dos seus pares, além da geração de receita robusta, impulsionada pela expansão do NIM, enquanto os NPLs continuaram a subir em um ritmo controlado (+10bp).

A Genial Investimentos também exaltou os números, citando que o Itaú reportou mais um consistente resultado neste trimestre, com bom crescimento de lucro e alta rentabilidade.

“Com uma expansão de +5,2% t/t e +19,2% a/a, o lucro líquido recorrente alcançou R$ 8,08b, em linha com nossas estimativas de R$ R$ 8,14 bilhões. Contrastando com a queda de rentabilidade vista no 3T22 de Santander e Bradesco, o ROE de Itaú melhorou, alcançando 21,0%”, disseram os analistas da Genial, que recomendam a compra de ITUB4, com preço-alvo de R$ 34,00.

A Levante destacou que o Itaú apresentou mais um trimestre de crescimento da margem financeira com clientes, elevação das receitas de prestação de serviços, lucro líquido constituído com qualidade e manteve seu guidance inalterado.

Em relação ao saldo da combinação PDD e inadimplência gerou um índice de cobertura 90 dias de 215 por cento, uma queda muito residual de 0,03 p.p. no indicador. “Na nossa visão, o indicador novamente reafirma a força do Itaú no know-how de crédito, enquanto outros bancos estão vendo largas quedas nesse parâmetro ao mesmo tempo que crescem muito as provisões, o Itaú parece conseguir trafegar pela deterioração da inadimplência com maior estabilidade”, escreveram os analistas da Levante.

Por fim, a Levante avalia que o Itaú reafirmou seu papel de liderança e prêmio na avaliação de múltiplos dentre os grandes bancos, que seguem padecendo com o cenário desafiador: “Santander e o Bradesco entregaram resultados frustrantes, enquanto o Banco do Brasil, a despeito de excelente resultado, permanece como uma incógnita de curto prazo em razão do novo poder executivo federal”, concluem os analistas.

Lucro recorrente cresce 19,2% no 3T22, para R$ 8,08 bilhões

O lucro líquido recorrente do Itaú Unibanco, que desconsidera itens com impacto pontual sobre o resultado, aumentou 19,2% no terceiro trimestre, para R$ 8,08 bilhões, subindo 36,3% em relação a um ano antes.

A carteira de crédito do Itaú Unibanco considerando apenas o Brasil aumentou 20,8%, para R$ 900,3 bilhões. Levando em consideração os outros países em que o banco atua – principalmente na América Latina -, houve alta de 15,5%, para R$ 1111 bilhões.

O retorno sobre o patrimônio líquido (RoE, na sigla em inglês) médio do Itaú Unibanco considerando apenas as operações brasileiras cresceu 1,1 pontos porcentuais (pp) no terceiro trimestre, para 21,6%, enquanto o RoE incluindo todas as operações aumentou 18,2 pp, para 21%.

A inadimplência total Brasil cresceu 0,4 pp no 3T22, a 3,2%, enquanto a inadimplência total cresceu 0,2 pp no 3T22, a 2,8%.

A despesa do Itaú Unibanco com provisões para devedores duvidosos (PDD) aumentou 49,7% no terceiro trimestre, para R$ 8,28 bilhões, e o saldo de PDD acumulado até o fim do período foi de R$ 53,44 bilhões, subindo 14,9% em relação a um ano antes.

O Itaú Unibanco manteve suas projeções para 2022 inalteradas.

MENSAGEM DA ADMINISTRAÇÃO

Em relação ao desempenho financeiro, nosso resultado recorrente gerencial alcançou R$ 8,1 bilhões no terceiro trimestre de 2022, com crescimento trimestral de 5,2%. O retorno recorrente gerencial sobre o patrimônio líquido foi de 21,0%, enquanto no Brasil o retorno atingiu 21,6%. Seguimos avançando no crédito e nossa carteira subiu 2,7% no Brasil e 2,5% no consolidado. A carteira para pessoas físicas no Brasil cresceu 3,4% no trimestre.

Nesse trimestre o crédito pessoal cresceu 6,8%, sendo que 91% do crescimento das carteiras de cheque especial e crédito pessoal ocorreram nos segmentos Personnalité e Uniclass. A carteira de crédito imobiliário apresentou crescimento de 5,7% apesar do aumento da taxa básica de juros.

Em micro, pequenas e médias empresas o crescimento foi de 4,5%. Esse aumento no volume de crédito foi uma das razões para o crescimento de 6,4% em nossa margem com clientes, que atingiu R$ 23,4 bilhões no trimestre.

Além do volume, a margem com clientes também foi beneficiada pela maior quantidade de dias corridos no trimestre e por uma continuada mudança de mix de produtos, com maior crescimento relativo de produtos com melhores spreads como cartão financiado e crediário.

Também merecem destaque o impacto positivo da Selic em nossa margem de passivos e da taxa de juros pré-fixada em nosso capital de giro próprio. O custo do crédito cresceu e chegou a R$ 8,0 bilhões, por conta das maiores despesas nos negócios de varejo no Brasil, relacionado ao crescimento contínuo da carteira de crédito, assim como também por um mix de crescimento mais concentrado em carteiras de crédito ao consumo.

A margem com mercado recuou no trimestre e ficou em R$ 0,5 bilhão, principalmente em função dos menores ganhos na América Latina. As receitas de serviços e seguros permaneceram praticamente estáveis no trimestre, visto que o aumento da receita com cartões, tanto emissor quanto adquirência, e com seguros, foram compensadas por menores receitas com administração de recursos (no trimestre anterior houve reconhecimento de performance fee) e com banco de investimento (menor atividade do mercado de capitais).

As despesas não decorrentes de juros cresceram 4,7% na comparação trimestral, com maiores despesas de pessoal devido aos efeitos da negociação do acordo coletivo de trabalho. O índice de eficiência consolidado ficou em 41,1%, uma redução de 3,0 p.p. na comparação com o terceiro trimestre de 2021. Nos primeiros noves meses de 2022, o resultado recorrente gerencial cresceu 17,2% e o retorno recorrente gerencial sobre o patrimônio líquido foi 1,6 p.p. maior.

O efeito positivo do crescimento da carteira, associado à gradual mudança do mix para créditos relacionados ao segmento de varejo, levaram a um crescimento de 29,4% na margem financeira com clientes. Além disso, o aumento verificado na taxa de juros, trouxe impacto positivo para a remuneração de nosso capital de giro próprio e para a margem de passivos. Esses efeitos positivos foram parcialmente compensados por menores spreads em produtos de crédito. No outro sentido, tivemos redução na margem financeira com o mercado e aumento no custo do crédito, relacionado à expansão da carteira de crédito de varejo.

As receitas com prestação de serviços e seguros aumentaram 8,8% na comparação anual. Esse aumento ocorreu em função do maior faturamento na atividade de cartões, tanto em emissão quanto em adquirência, e pela evolução do resultado com seguros. As despesas não decorrentes de juros também merecem destaque, dado que cresceram 5,9%, enquanto a inflação acumulada do período foi de 7,2%.