Analistas comentam se ainda vale a pena investir na Petrobras

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São Paulo – O mercado reagiu às últimas notícias relacionadas à Petrobras, como o aumento de preços dos combustíveis anunciado pela empresa na sexta-feira e a renúncia do presidente da companhia na manhã de hoje e um possível aumento na tributação do setor. As ações da companhia (PETR3; PETR4), que têm forte peso no índice, subiram 0,86% e 1,13%, recuperando parte das fortes perdas das últimas semanas – só na última sexta, a estatal perdeu R$ 27,3 bilhões em valor de mercado, segundo a plataforma de dados financeiros Economatica.

A XP divulgou um relatório nesta segunda-feira em que diz que a ação da Petrobras é a mais barata do mundo no setor de óleo e gás e mantém a recomendação de compra, em que cita que as ações globais de óleo e gás caíram cerca de 15% este mês (em dólares) devido ao aumento dos temores de uma desaceleração global e riscos políticos internos devido à sua política de preços.

“A Petrobras se destaca como a major de O&G mais barata do mundo, negociando a 1,7 EV/EBITDA 2022. Por esses motivos, mantemos nossa recomendação de compra no nome”, comentam os analistas da XP, que citam múltiplo EV/Ebitda para 2022 de outras petrolíferas mencionadas em 3,8x e 2,2x em Ecopetrol e YPF, por exemplo.

Segundo a análise, mesmo com o crescente temor de recessão global e implicações políticas relacionadas à nova rodada de aumentos de combustíveis pela Petrobras e as reações furiosas dos políticos brasileiros após o aumento, as contas da XP para tratar dos riscos potenciais ao valor justo das ações mostram que o investimento na companhia ainda vale a pena.

“Reconhecemos que os riscos aumentaram, tanto internacionalmente (recessão global) quanto internamente (político). No entanto, negociando a 1,7 EV/EBITDA 2022, a Petrobras continua sendo uma aposta assimétrica e mantemos nossa recomendação de Compra no nome”, escreveram os analistas da XP.

A Ativa Investimentos aponta que a renúncia do atual presidente já era prevista pelo mercado e que, mesmo com os aumentos anunciados sexta-feira e aplicados no sábado para a gasolina e o diesel, o preço praticado pela petrolífera em suas refinarias ainda está abaixo do visto internacionalmente e deverá continuar apresentando relativo grau de defasagem durante a próxima gestão.

Para a Ativa, a saída do atual presidente deve baixar a pressão que vem se registrando sobre a companhia nas últimas semanas e tomou maior proporção na sexta-feira, quando propostas como a tributação de exportação de petróleo cru e a abertura de uma CPI foram aventadas.

A Ativa tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 41,00 para a ação preferencial da Petrobras (PETR4) segundo o relatório mais recente divulgado pela corretora, em 18 de maio.

Em outra análise, o BTG Pactual expressa certa preocupação diante dos ataques à empresa por vários membros do governo e que o aumento dos impostos sobre o lucro da Petrobras, cogitado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira,a fim de financiar um subsídio de combustível devem impactar todo o setor de Óleo e Gás. “Se o imposto dobrar de 9% para 18%, esperamos reduções no lucro líquido de 14%, 14% e 11% para Petrobras, PetroRio e 3R Petroleum”, diz a BTG. Esses impactos pressupõem um preço do Brent de US$ 100/bbl e uma taxa de câmbio de R$ 5,0/US$

“A ressalva é que o imposto mais alto, caso o projeto seja aprovado, só começaria a ser coletado três meses após a aprovação, o que significa que dificilmente afetaria os consumidores pré-eleições, reduzindo seu apelo ao Congresso”, diz a análise da BTG.

Com Camila Brunelli / Agência CMA.