São Paulo – A ação do Banco do Brasil caminha para fechar em forte alta após o resultado do segundo trimestre, com rentabilidade que agradou os analistas. O papel BBAS3 fechou em alta de 4,42%, a R$ 41,74, bem acima de Bradesco, Itaú Unibanco e Santander, os seus principais concorrentes no setor financeiro, que subiram menos de 1%, enquanto o Ibovespa encerrou no negativo (-0,46%)
O Bank of America esperavas uma reação positiva aos bons resultados e à elevação do guidance (projeções) e disse que, embora a ação seja vulnerável à incerteza política antes das eleições presidenciais, acha a avaliação atraente em 0,7 vez preço sobre o valor de mercado, especialmente considerando que o banco possui o balanço mais forte entre os bancos brasileiros de grande capitalização, com cobertura de reserva de 271%. O BofA recomenda a compra com preço-alvo de R$ 46,00.
A Genial disse que o banco apresentou lucro e rentabilidade aos níveis do Itaú por 40% do preço. “Considerado como o benchmark entre os bancões, o Banco do Brasil (BB) definitivamente resolveu provar que não vai ser a eleição presidencial que vai atrapalhar sua trajetória de melhora de lucro, e por consequência, incitando um fechamento do grande desconto de valuation. O BB finalmente chega no topo do ranking depois de um bom tempo rodando com uma rentabilidade bem aquém dos seus pares privados”.
A Levante Ideias de Investimento avaliou o desempenho do Banco do Brasil como “extremamente forte” em termos de crescimento de lucro líquido, retorno sobre patrimônio líquido (ROE) e contenção de despesas. Outro destaque positivo foram as receitas de prestação de serviços, com crescimento de 4,3% no trimestre para 7,8 bilhões de reais.
Em relação ao perfil da carteira de crédito ampliada, os analistas da Levante ressaltaram a ligeira adição de 0,1 ponto percentual em relação ao 1T22 na inadimplência e a queda do índice de cobertura, que finalizou o 2T22 em 271%, considerada “considerável” em relação aos 297% do 1T22, mas ainda acima da média do setor. “Dessa forma, consideramos a carteira de crédito do banco com uma qualidade bem positiva, dado o, ainda, alto nível de cobertura combinado com um patamar muito saudável de inadimplência”, escreveram.
O Itaú BBA, por sua vez,tem classificação outperform (equivalente à compra) e preço-justo de R$44 para Banco do Brasil porque considera os resultados fortemente positivos, bem acima das projeções do consenso dos analistas e, que deve trazer forte reação positiva das ações.
Ao todo, o BB reportou de longe o melhor conjunto de resultados dentro de nossa cobertura bancária nesta temporada. A recuperação múltipla, além das revisões em alta dos lucros, provavelmente continuará a impulsionar a valorização do preço das ações, escreveram os analistas do Itaú BBA.
SELIC E INCERTEZAS DEVEM PREJUDICAR CRÉDITO
Para 2023, o Banco do Brasil admite que o cenário deve ser de menos tomada de crédito, visto a Selic elevada. “Com Selic elevada, muitos agricultores vão adiar a tomada de linha de crédito. É provável que linhas de investimentos sejam mais modestas, em função até do custo de equipamentos”, admitiu o presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, em entrevista coletiva.
Na coletiva, Ricardo Forni, vice-presidente de gestão financeira do Banco do Brasil, também admitiu que o cenário para o ano que vem segue nebuloso. “Ninguém tem muita noção de como será a carteira, mas o nosso crescimento será alinhado ao mercado”, disse.
Forni admitiu um cenário de alta da inadimplência, apesar dos resultados deste primeiro semestre indicarem apenas 2% de inadimplentes +90 dias.
Segundo ele, o cenário já vem se normalizando aos períodos anteriores à pandemia, mas a expectativa é altista. “A inadimplência está aumentando no mercado, mas estamos neste movimento de forma bastante controlada e com gestão”, disse Forni.
Presidente do BB, Faustro Ribeiro destacou que, apesar da expectativa altista, com ambiente inflacionário, esse resultado pode ser compensado pelo agronegócio, que saiu de 0,6% de inadimplentes para 0,4%.
Ribeiro destacou a participação da carteira de crédito no resultado semestral da entidade, que registrou lucro líquido ajustado recorde de R$ 14,4 bilhões, um crescimento de 44,9% comparado ao primeiro semestre do ano passado.
“O resultado está em linha com os maiores bancos privados, voltando a uma posição de destaque digna da nossa história”, destacou Ribeiro.
A carteira de crédito representa R$ 919,5 bilhões na operação do BB, com inadimplência +90 dias em 2%, o que é considerado baixo no mercado.
“Resgatar linhas de crédito faz parte da nossa governança. A primeira delas é o agronegócio, nossa vocação”, disse. “Construímos o maior Plano Safra de todos os tempos”, comemorou.
Em 2022 e 2023, estão previstas R$ 200 bilhões para o campo. Em 2021, R$ 135 bilhões foram projetados e R$ 153 realizados.
O Pronampe, programa de crédito para micro e pequenas empresas, representa R$ 6,5 bilhões. 62 mil MPEs já foram atendidas nestes primeiros meses do ano.
PARCERIA COM UBS NO EXTERIOR
A BB Securities LLC assinou uma carta de intenções não vinculante com a UBS para desenvolvimento de parceria no exterior. O acordo vai girar em torno de business weatlh management no exterior e tem como intenção aprofundar as discussões sobre potencial acordo comercial de prestação de serviço de gestão de patrimônio offshore e expertise em investimentos para clientes Private.
Segundo o presidente do Banco do Brasil Fausto Ribeiro, “provavelmente teremos mais de uma opção” de parceiro no exterior. “Vamos começar com a UBS, que já é nosso parceiro no Brasil”, disse.
Com Pedro do Val de Carvalho Gil e Camila Brunelli / Agência CMA.