São Paulo – O Itaú BBA prevê aceleração da Ambev à medida que o Brasil se aproxima de uma esperada expansão de margem para o negócio de cerveja no País – 2023 e 2024 -, apesar da perspectiva para os preços do alumínio ainda ser incerta, dado o cenário volátil de oferta e demanda para a commodity.
Os analistas do BBA notam, ainda, a falta de visibilidade de unidades da América Latinaque pesa nos resultados operacionais e financeiros. Nossa previsão de lucro líquido para a Ambev em 2023 era, anteriormente, de R$ 14,7 bilhões, diminuiu 7%, para R$ 13,7 bilhões, principalmente como consequência de maiores despesas financeiras estimadas, diz análise. Apesar da situação de endividamento saudável da empresa, carregar os custos em seus hedges na Argentina que aumentaram de 30% no 1T22 para 110% atualmente nos levou a reduzir nossas estimativas de lucro.
Além disso, o BBA destaca a incerteza sobre a taxa de câmbio normalizada na Argentina e sua potencial desvantagem para a conversão do ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) gerado que representa 14% do valor consolidado da Ambev em suas estimativas de 2023.
Uma potencial expansão da margem da Cerveja Brasil em 2023 pode marcar um ponto de inflexão após dez anos de queda nas margens brutas para este negócio. A discussão sobre essa possibilidade se intensificou desde que os preços das commodities começaram a cair, um desenvolvimento que sugeriu que a Ambev poderia finalmente desfrutar de um ambiente mais benigno para o repasse de custos.
Na opinião dos analistas do BBA, os fatores principais suportam a expansão da margem são o impacto do aumento esperado do preço da cerveja no 2S22, que deve sustentar um aumento de receita de 3% em termos reais em 2023, e o rastreador CPV/hl, baseado na cesta de commodities da Ambev, apontando para 2023, que seria a menor em 10 anos. “Com base nas considerações acima, estamos aumentando nossas estimativas de ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 2023 e 2024 para a Cerveja Brasil em 15% e 10%, respectivamente.”
O Bank of America (BofA) espera que a Ambev totalize R$ 5,3 bilhões de ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no 3º trimestre e que o Brasil supere as operações internacionais – uma vez que os volumes de cerveja no Brasil se esgotam em 3% e o rev/hl melhora em 15%.
Estima também, que as unidades de Caribe e América Central enfrentem um terceiro trimestre difícil devido às interrupções no fornecimento na região, juntamente com protestos e concorrência desafiadora. O BofA reitera recomendação neutra por causa da base de custo ainda elevada e repasse desafiador em um cenário de menor inflação no Brasil.
O BBA espera que a operação de Cerveja Brasil da Ambev apresente ebitda estável no 3T22, apesar do aumento de 20% A/A nos custos unitários por litro calculados por seus analistas. Esse desempenho deve ser explicado pela transferência de preços mais altos e melhor mix de embalagens, uma vez que a AmBev continua pressionando por uma maior adoção de RGB (garrafa de vidro retornável). No NAB (não – alcoólicos), os analistas esperam continuidade do forte desempenho visto no segundo trimestre, com volumes aumentando 10% A/A e mix de portfólio aprimorado por mais produtos premium e diet. “Esperamos que as embalagens voltem aos holofotes à medida que os clientes enchem os bares no quarto trimestre e a demanda por garrafas aumenta em um cenário de oferta limitada.”
Nas unidades de América Central e Caribe, além da baixa disponibilidade de garrafas, a participação de mercado na República Dominicana também continua sendo um problema. “Na América Latina (LAS), vemos volumes sustentados, mas a alta inflação e a desvalorização do peso argentino podem levar a maiores despesas com juros”, diz o banco. “No Canadá, esperamos uma leve recuperação das operações após um trimestre desafiador no 2T22.”