Aneel aciona bandeira tarifária amarela em julho pela primeira vez desde abril de 2022

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São Paulo – A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou nesta sexta-feira, 28, o acionamento da bandeira tarifária amarela no mês de julho, pela primeira vez desde abril de 2022, em razão de condições menos favoráveis para geração de energia no País.

Com esse acionamento, as tarifas dos consumidores serão acrescidas em R$ 1,885 a cada 100 kW/h consumidos. Esse é o valor aprovado pela Aneel em março deste ano, quando houve redução de 37% do valor da bandeira amarela, caindo de R$2,989/KWh para R$1,885/KWh.

A bandeira amarela foi acionada em razão da previsão de chuvas abaixo da média até o final do ano (em cerca de 50%) e pela expectativa de crescimento da carga e do consumo de energia no mesmo período. Esse cenário de escassez de chuvas, somado ao inverno com temperaturas superiores à média histórica do período, faz com que as termelétricas, com energia mais cara que hidrelétricas, passem a operar mais. Portanto, os fatores que acionaram a bandeira amarela foram o GSF (risco hidrológico) e o aumento do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), visto que atualmente não há despacho fora da ordem do mérito (GFOM) decidido pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).

Essa é a primeira alteração na bandeira desde abril de 2022. Ao todo, foram 26 meses com bandeira verde. Com o sistema de bandeiras, o consumidor consegue fazer escolhas de consumo que contribuem para reduzir os custos de operação do sistema, reduzindo a necessidade de acionar termelétricas. Antes das bandeiras, o repasse desses custos de operação era feito apenas nos reajustes tarifários anuais, o consumidor não tinha a informação de que a energia estava cara naquele momento e, portanto, não tinha um sinal para reagir a um preço mais alto. Dessa forma, o consumidor ganha um papel mais ativo na definição de sua conta de energia. Ao saber, por exemplo, que a bandeira está vermelha, o consumidor pode adaptar seu consumo para ajudar a reduzir o valor da conta.

Com o acionamento da bandeira amarela, a agência recomenda “vigilância quanto ao uso responsável da energia elétrica”.

O sistema de bandeiras tarifárias foi criado pela Aneel em 2015 para indicar, aos consumidores, os custos da geração de energia no Brasil. Ele reflete o custo variável da produção de energia, considerando fatores como a disponibilidade de recursos hídricos, o avanço das fontes renováveis, bem como o acionamento de fontes de geração mais caras como as termelétricas.

ONS prevê aumento de 4,5% na carga do Sistema Interligado Nacional em julho

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê expansão 4,5% da carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) em julho, para 73.514 megawatts médios (MWmed), segundo dados do boletim do Programa Mensal de Operação (PMO) da semana operativa entre os dias 29 de junho e 5 de julho, divulgados nesta sexta-feira.

Nos submercados, a maior elevação deve ser registrada no Norte, 6,9% (7.656 MWmed), seguido pelo Nordeste com 5,2% (12.204 MWmed). Já no Sul e SE/CO, os avanços projetados são de 4,1% (12.554 MWmed) e 4,0% (41.100 MWmed), respectivamente. A comparação é realizada entre os números estimados para julho de 2024 e o verificado no mesmo período de 2023.

Os reservatórios do país encontram-se em níveis satisfatórios, mas com tendência de redução, já que estamos na estação tipicamente seca. Embora todos os subsistemas estejam com uma projeção para terminar julho com níveis ainda superiores a 60%, as menores afluências do período influenciam na diminuição do volume de água armazenado nas hidrelétricas. A Energia Armazenada (EAR) no Norte e Sul seguem com os percentuais mais elevados, com 90,3% e 73,6%, respectivamente. Já o Norteste apresenta 63,5%, enquanto o submercado Sudeste/Centro-Oeste, 61,9%.

As estimativas para a Energia Natural Afluente (ENA) no fim do próximo mês estão abaixo da Média de Longo Termo (MLT) em todo o Brasil. O Sul volta a apresentar o percentual mais alto, com 80% da MLT. As regiões Norte e Sudeste/Centro Oeste possuem os mesmos índices, com 53% da MLT, enquanto na região Nordeste é esperada 41% da MLT.

O Custo Marginal de Operação (CMO) está em R$ 102,58 em todos os submercados.