Anuncio de possível IPO e cisão da Aesop agrada mercado e ação da Natura dispara

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São Paulo – A Natura&Co anunciou ontem (17) que seu Conselho de Administração autorizou a sua administração a iniciar um estudo comparativo entre uma oferta pública inicial (IPO) da Aesop ou a sua separação do grupo, possivelmente seguida de uma oferta pública, para financiar o crescimento da Aesop. Às 12h55 (horário de Brasília), as ações da empresa operavam em alta de mais de 16%, a R$ 15 e eram o destaque de alta da Bolsa brasileira.

Para a XP Investimentos, que mantém recomendação de compra das ações, a transação destravaria valor, uma vez que a ação da companhia tem sido negociada por um valor assimétrico, com a operação da Natura&Co. LatAm negociando a um desconto de 40% (8,5x EV/EBITDA) aos pares globais, assumindo que todas as outras unidades de negócio (Avon Internacional, The Body Shop e Aesop) tem seu valor zerado.

“Enxergamos esse comunicado como o primeiro movimento de reorganização da nova gestão da Natura, possivelmente abrindo caminho para novos anúncios. Não vemos razão para existirem duas unidades de negócios para a marca Avon, enquanto o foco deve se voltar para os principais mercados da Avon Internacional, saindo de países pouco rentáveis. Isso reduziria a complexidade da empresa, além de representar um desinvestimento de um ativo que demanda atenção e capital”, explicou a XP.

A Guide Investimentos lembrou que, ainda que o movimento já tenha sido sinalizado anteriormente (há aproximadamente um mês), as ações devem reagir positivamente, principalmente no horizonte de curto prazo. Para prazos mais longos, a geração de valor para a Natura passa pela recuperação da marca Avon, que ainda não parece ter um caminho fácil pela frente.

Sobre a Aesop, a Guide disse que, como os estudos ainda serão iniciados, não se sabe qual o modelo a ser adotado para a movimentação, mas fica claro que a companhia está precisando de vias alternativas para financiar sua expansão. No segundo trimestre de 2022, a Aesop respondeu por menos de 7% do faturamento líquido da Natura&Co, apresentando margens bastante competitivas para o segmento (margem bruta de 90% e EBITDA de 16%).

Para o BTG Pactual, a empresa ainda deve manter suas margens pressionadas e receita líquida fraca. A perspectiva de alta de juros e da alavancagem (3,5x dívida/EBITDA, a partir de junho) mostram um cenário ainda preocupante. Diante dos desafios, a corretora mantém sua recomendação neutra para as ações da companhia, com preço-alvo de R$ 18/ação.

Por fim, o Bradesco BBI vê o movimento como positivo e que os investidores podem ser atraídos pelas melhores perspectivas de crescimento da Aesop, embora ainda seja muito cedo para afirmar qual será o impacto para a Natura.

“Acreditamos que o atual múltiplo EV/EBITDA de 6,4x 2023 está com grandes descontos. Reiteramos nossa recomendação de Outperform, embora reconheçamos que esse movimento é apenas um primeiro passo em potencial, mas não resolve todos os problemas da Natura”, explica o Bradesco BBI.