Apesar da queda das commodities e exterior, Bolsa fecha em ligeira alta; dólar encerra a R$ 5,66

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São Paulo -A Bolsa terminou o pregão em alta de 0,02%, depois de operar praticamente toda sessão em tímida queda, perto da estabilidade, em dia de forte recuo das empresas ligadas às commodities, alta na curva de juros e um exterior no negativo. Mas em contrapartida, o setor bancário e frigoríficos, à exceção de Minerva (BEEF3), subiram.

As ações da Vale (VALE3) caíram 1,22% antes do relatório de produção e venda referente ao terceiro trimestre de 2024, que será divulgado após o fechamento do mercado. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) recuaram 1,13% e 0,82%. Itaú (ITUB4) subiu 1,14%.

Os frigoríficos subiam com a alta do dólar. Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) tinha ganho 1,67% e 1,48%. JBS (JBSS3) avançou 2,53%. Minerva (BEEF3) caiu 0,72%.

Os destaques de alta ficaram para as ações de Locaweb (LWSA3) com ganho de 4,21% “ainda refletindo a notícia sobre a troca do CEO [Rafael Chamas Alves assume no lugar de Fernando Cirne]”, disse Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

O principal índice da B3 subiu 0,02%, aos 131.043,27 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro perdeu 0,09%, aos 131.040 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,1 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no negativo.

O head de renda variável e sócio da A7 Capital, disse que “a bolsa opera próximo à estabilidade em dia de falta de indicadores [aqui e lá fora], apesar da queda das commodities que pesam. Os dias que podem trazer mais volatilidade e volume são amanhã (16) com o vencimento do contrato de Ibovespa futuro, e na sexta-feira (18) com o vencimento de opções de ações”.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que “o mercado está em queda pela alta das taxas dos DIs longos. Apesar dos frigoríficos e bancos subirem, não são suficientes para segurar o índice, a queda acentuada de Vale e Petro estão pesando mais. O mercado também fica de olho nos estímulos da China, que soltou que pode levantar até US$ 850 bilhões para estimular o crescimento. Até o fechamento, pode virar para o positivo”.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que a possibilidade de um ajuste nas contas pelo governo explica o movimento da Bolsa, mas commodities sofrem.

“O que está segurando o Ibovespa ainda é a notícia de ontem da Reuters com um possível corte de gastos que o governo poderia anunciar depois do segundo turno das eleições municipais, e isso empolgou o mercado, após um aumento do risco fiscal visto nos últimos dias. A princípio parece que vai ser anunciado, o que seria um bom trigger para o mercado local. Vemos as bancárias, B3 e os papéis de varejo subindo. Do lado negativo, as commodities e petroleiras, com queda do petróleo, estão segurando o índice. O recuo da commodity é por conta da demanda chinesa e as falas de Israel não vão atacar as bases petrolíferas do Irã. Isso deu um alívio”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 1,41%, cotado a R$ 5,6607. A moeda refletiu, especialmente a partir do final da manhã, a queda do petróleo, o que impactou diretamente as moedas dos países exportadores de commodities, como o Brasil.

Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, “parece que o mercado mudou a narrativa. A queda do petróleo, apesar de ser positivo para a inflação americana e para a maioria dos países, tem um efeito negativo para quem é exportador porque piora a balança comercial. Menos venda de petróleo e queda dos preços significa menor entrada de dólar”.

Segundo o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos, Weigt, “as pessoas vão esperar para ver as medidas deste pacote, que não devem ser anunciadas antes do 2º turno das eleições. O real, hoje, está seguindo seus pares”.

De acordo com a Ajax, “lá fora, destaque para a forte queda dos preços do petróleo, que impacta negativamente as ações do setor de energia. Por aqui, ativos devem acompanhar piora do exterior”.

“A ideia seria tratar as propostas de revisão de gastos como uma política de Estado. Ou seja, um esforço que deverá ser feito independentemente do Governo que esteja no comando do país. A intenção é dar andamento à agenda liberada pela Secretaria de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas, como ajustes no abono salarial, no seguro-desemprego e no BPC. As medidas seriam necessárias para retomar até o final do governo Lula o grau de investimento”, contextualizou a Ajax sobre o esperado pacote fiscal.

Diferentemente do câmbio, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, refletindo momento turbulento da economia brasileira. Além da expectativa de que o governo anuncie um pacote fiscal, os indicadores de atividade também guiam as taxas na medida em que indicam os passos mais prováveis do Copom em novembro. O dólar em alta frente às moedas emergentes também favorece a abertura das taxas.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,144% de 11,132% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,615%, de 12,530%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,755%, de 12,645%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,755% de 12,630% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta terça-feira em queda, com o Nasdaq liderando as perdas, pressionado pelo desempenho negativo das ações de semicondutores e pela queda nos preços do petróleo, que ofuscaram os resultados corporativos positivos divulgados ao longo do dia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,75%, 42.740,42 pontos
Nasdaq 100: -1,01%, 18.316,0 pontos
S&P 500: -0,76%, 5.815,26 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes / Agência Safras News