Apesar da queda nos lucros, acionistas da Petrobras recebem mais dividendos em 2024, diz Elos Ayta

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Edifício Senado, sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. Foto: André Motta de Souza/Agência Petrobras.

São Paulo, 28 de fevereiro de 2025 – Mesmo com uma forte retração nos lucros, a Petrobras manteve uma distribuição elevada de dividendos em 2024, segundo levantamento da Elos Ayta. A Petrobras desembolsou R$ 100,7 bilhões em dividendos para os seus acionistas 2024, um volume 2,56% superior ao de 2023 (R$ 98,2 bilhões). No entanto, a queda no lucro líquido foi drástica, com um recuo de 70,6% em relação ao ano anterior, encerrando 2024 com R$ 36,6 bilhões o menor patamar desde 2020, período fortemente impactado pela pandemia.

A distribuição de dividendos beneficiou diretamente a União Federal, que recebeu R$ 28,8 bilhões em proventos no ano, levemente superior aos R$ 28,1 bilhões recebidos em 2023. A participação do governo na geração de caixa da estatal permaneceu significativa, com uma fatia média de 28,67% nos últimos quatro anos, consolidando seu papel estratégico como acionista da companhia, ressalta o levantamento.

A Elos Ayta ressalta que os dividendos desembolsados referem-se tanto ao lucro de anos anteriores quanto ao próprio exercício de 2024 e não estão limitados exclusivamente ao resultado do ano. O estudo considera apenas os dividendos efetivamente pagos, sem incluir valores provisionados nos balanços trimestrais. Assim, os R$ 9,1 bilhões anunciados no balanço do quarto trimestre de 2024 não entraram nessa conta, pois serão pagos apenas em 2025.

Ainda segundo levantamento, o período de 2021 a 2024 representou os quatro anos de maior distribuição de dividendos da história da Petrobras. O auge ocorreu em 2022, quando a estatal desembolsou um recorde de R$ 194,6 bilhões aos acionistas. Em contraste, 2023 marcou uma redução substancial para R$ 98,2 bilhões, refletindo um cenário de menores preços do petróleo e ajustes na política de distribuição da empresa.

“Os dados demonstram que, mesmo diante de um lucro reduzido, a Petrobras segue como uma das companhias mais relevantes do mercado brasileiro em termos de retorno ao investidor. A estratégia de manutenção da distribuição de dividendos reforça seu papel como importante geradora de caixa, beneficiando tanto a União quanto os demais acionistas”, comenta a consultoria.

Caixa em nível de 2019 e dívida de curto prazo em alta

Outro ponto da análise da Elos Ayta refere-se ao caixa da Petrobras. “No cenário atual, a situação da Petrobras com caixa reduzido e aumento da dívida de curto prazo acende um alerta para a necessidade de estratégias eficazes de gestão de liquidez, fundamentais para assegurar a solvência e a confiança dos investidores”, avalia a consultoria.

A Petrobras encerrou 2024 com caixa de R$ 46,6 bilhões, o menor valor registrado desde 2019, quando a empresa tinha R$ 33,2 bilhões em caixa. Essa redução de R$ 28,6 bilhões equivalente a 38% contrasta com o aumento da dívida de curto prazo, que atingiu R$ 68,7 bilhões, representando um crescimento de R$ 13 bilhões (23,3%) em relação a 2023, pontua a consultoria.

O levantamento lembra que, desde 2003, início do primeiro governo Lula, a Petrobras apresentou caixa inferior à dívida de curto prazo em apenas duas ocasiões: em 2019, com uma cobertura de 80,9%, e em 2024, com 67,8%, índice inferior ao registrado em 2019. “Manter um caixa superior às obrigações de curto prazo é vital para a saúde financeira de uma empresa. A análise de liquidez, que avalia a capacidade de cumprir compromissos imediatos, é crucial para investidores e credores. Um índice de liquidez corrente superior a 1 indica que a empresa dispõe de ativos líquidos suficientes para cobrir suas dívidas de curto prazo, sugerindo uma posição financeira saudável; já um índice inferior a 1 pode sinalizar dificuldades de liquidez, exigindo financiamento adicional ou a venda de ativos para evitar inadimplências”, observa a Elos Ayta.

Valor de mercado cai R$ 24,48 bi no dia 27

A Elos Ayta calculou que os investidores da Petrobras perderam R$ 24,48 bilhões em valor de mercado no pregão de ontem, 27 de fevereiro de 2025, um valor próximo ao da Porto Seguro, avaliada em R$ 24,6 bilhões. No fechamento do pregão de ontem, a Petrobras foi cotada a R$ 491,4 bilhões, inferior aos R$ 515,9 bilhões de quarta-feira (26). Para contextualizar, em 20 de fevereiro, a empresa atingiu o maior valor de mercado do ano, fechando com R$ 525,9 bilhões, enquanto o menor valor foi registrado em 12 de fevereiro, com R$ 490,2 bilhões, aponta a Elos Ayta.