Apesar de discurso de Luna, segue dúvida sobre política de preços da Petrobras

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São Paulo – Apesar da reação positiva do mercado sobre o discurso de posse do novo presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, ainda há desconfiança sobre a possível manutenção da política de preços de combustíveis da estatal, com analistas afirmando que é cedo para saber como será a nova gestão.

Ontem, ao tomar posse, Luna disse que a Petrobras deve atingir as suas metas conciliando interesses de consumidores e acionistas e que buscará reduzir a volatilidade sem desrespeitar a paridade internacional de preços. O militar ainda afirmou que entre os seus principais desafios está fazer a Petrobras cada vez mais forte, “de forma a garantir maior retorno possível ao capital empregado”. As declarações fizeram os papéis da companhia fecharem em alta de mais de 5%.

“Em sua primeira aparição, o discurso teve um tom positivo, o mercado gostou. Focou em retornos crescentes sobre capital investido e criação de valor para o investidor. Dito isso, ainda achamos cedo para uma visão mais construtiva sobre o papel”, avaliaram os analistas do BTG Pactual, em comentário enviado a clientes.

Para eles, ainda que tenha falado em reduzir a volatilidade de preço sem sacrificar a paridade com os preços internacionais do petróleo, é difícil entender como isso será atingido. Embora vejam as ações da Petrobras como ainda baratas, afirmam que seguem com uma visão “neutra” e mais conservadora sobre as ações.

Já a Genial Investimentos avalia ser “difícil acreditar que a substituição no cargo tenha acontecido para que as coisas permanecessem como elas sempre foram”. Silva e Luna foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para substituir Roberto Castello Branco, que era ferrenho defensor da paridade internacional de preços. O próprio Bolsonaro fez críticas públicas à política atual e aos aumentos recentes anunciados pela estatal.

“Não seguir a paridade incorre em prejuízos para a empresa. Agora é ver para crer”, afirmaram, em relatório.

Os analistas da XP Investimentos, por sua vez, destacam que ainda veem desafios para que a política de preços de combustíveis seja mantida em linha com referências internacionais no cenário atual. Por isso, mantiveram a recomendação de venda para as ações da Petrobras, com preços-alvo de 12 meses de R$ 24,00 tanto para as ordinárias, como para as preferenciais.

Após a alta de ontem, as ações da Petrobras operam em queda (PETR3 – 2,52%; PETR4 -1,77%), em linha com as perdas de mais de 1% dos preços do petróleo, às 13h45 (horário de Brasília.