Após bater recorde, Bolsa fecha em queda seguindo exterior em movimento de realização; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa fechou em queda, rompeu a sequência de dois pregões no positivo, e perdeu os 131 mil pontos acompanhando o movimento de piora no exterior em um movimento de realização de lucros, após rali de alta.

Somado a isso, o recuo dos papéis do setor bancário e a virada Vale (VALE3) ajudaram a puxar o Ibovespa para baixo. A Petrobras (PETR4) conseguiu se manter em alta.

Ao longo do pregão, o Ibovespa operou praticamente entre altas e baixas, em uma sessão com bastante volatilidade, mas perto do fechamento firmou queda e chegou a perder os 131 mil pontos.

O principal índice da B3 caiu 0,79%, aos 130.804,17 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 0,99%, aos 132.660 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam em queda.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que pode ser uma realização de lucros lá fora e impacta aqui.

“Não viu nenhuma notícia mais significativa que pudesse disparar medo, o mercado pode dar uma realizada depois de esticar tanto. O Harker [Patrick Harker, fed de Filadélfia] falou sobre política de juros e disse que não estão discutindo queda de juros tão cedo mais ou menos na linha do Bostic [Raphael Bostic, Fed de Atlanta], todo mundo tentando tirar um pouco dessa euforia que adotada depois da decisão de juros nos Estados Unidos; as falas do diretores estão trazendo um pouco de cautela, eu não acredito em corte de juros no 1T24, está um pouco exagerado porque para cumprir com a estimativa de queda que vimos no sumário de projeções econômicas do Fed vão precisar de mais tempo”.

Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, disse que com uma agenda econômica fraca, a sessão desta quarta-feira foi marcada por intensa volatilidade e um volume de negociações mais baixo, uma característica comum na semana que antecede o Natal e a ausência de indicadores relevantes também contribuiu para essa dinâmica; mas conseguiu sustentar o patamar dos 131 mil pontos impulsionado pelas altas da Petrobras e da Vale, que têm peso significativo no índice. Em contrapartida, o setor bancário apresentou quedas”.

Almeida destacou a alta do Grupo Casas Bahia (BAHIA3), de 8,85%, que marca a primeira alta significativa desde o recente agrupamento de suas ações.

“Apesar de uma desvalorização de 80% no acumulado do ano, a alta de hoje, embora notável, ainda não é suficientemente impactante para alterar a tendência de longo prazo da ação. Ainda é muito cedo para identificar se este movimento é uma reversão de tendência ou apenas um breve respiro”.

Outro papel de alta é da Petz (PETZ3), subiu 4,52%, com fluxo comprador liderado por Bradesco, Santander e JP Morgan. Depois de quatro dias consecutivos na contramão do mercado com quedas chegando a 14%, na sessão de hoje o papel respira e tem uma alta valorização puxada pelo setor de varejo como um todo com a queda dos juros futuros, disse.

Já a Marfrig (MRFG3) subiu 4,12% após um banco elevar a recomendação da empresa de neutra para outperform, citando seu potencial de negociação abaixo do valor de sua participação na BRF (BRFS3).

“A Marfrig exibiu um desempenho sólido em seu último balanço, superando expectativas de receita e mostrando forte geração de caixa, particularmente nos EUA. Apesar dessa alta, acredito que o papel merece cautela com certas incertezas a serem consideradas ao longo dos próximos resultados”, alertou especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital.

Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, disse que a Bolsa tem um movimento de realização, após bater máximas.

“Tem um pouco do efeito de fim de ano em que muitos fundos reduzem risco, a performance entre as ações está heterogênea; o mercado fica à espera de importante indicadores nos Estados Unidos amanhã e sexta, mas a aposta no corte de juros no 1S24 já foi bem consolidada”.

Bruno Komura, analista da Potenza Investimentos também disse que o Ibovespa realiza lucros e a liquidez está baixa.

“Esse movimento se deve, principalmente, depois da animação de ontem com a mudança de rating da S&P e liquidez deve seguir reduzida até o fim de janeiro. Tem que tomar cuidado porque os movimentos podem ser mais erráticos por conta disso. O mercado está esperando o PCE e talvez tenha um pouco mais de volatilidade, mas não acho que vamos ter muita surpresa”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,98%, cotado a R$ 4,9109. Apesar do dia ser marcado pela falta de um driver específico e baixa liquidez com a proximidade das festas, a moeda norte-americana apresentou movimento de correção.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, na parte da tarde o mercado piorou, com o arrefecimento do otimismo de que os cortes dos juros nos Estados Unidos irão começar já no primeiro trimestre de 2024.

“O real está alinhado aos pares, com o mercado se preparando para a próxima semana, que será vazia. Também existe uma certa correção”, disse Nagem.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, seguindo os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano), e refletindo atividade econômica fraca mostrada IBC-Br, que veio abaixo do esperado pelo mercado, o qual esperava estabilidade.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,644% de 11,646% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,060% de 10,060%, o DI para janeiro de 2026 ia a 9,600%, de 9,625%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 9,680% de 9,720% na mesma comparação.

Os principais índices de ações dos Estados Unidos caíram na sessão, com os investidores obtendo alguns lucros após a recente onda de alta do mercado.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,27%, 37.082,00 pontos
Nasdaq 100: -1,50%, 14.777,9 pontos
S&P 500: -1,46%, 4.698,35 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Erika Kamikava / Agência CMA