Após cinco pregões em queda, Bolsa fecha em alta com otimismo externo e impulsionada pelos bancos; dólar cai

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São Paulo- Após cinco pregões em queda, a Bolsa fecha em alta seguindo o bom humor externo refletindo a ajuda ao Credit Suisse e o alívio das ações do setor financeiro. Hoje circulou a notícia de que grandes bancos norte-americanos injetariam dinheiro para socorrer o First Republic Bank, evitando mais uma falência, o que animou os mercados.

As ações do setor financeiro subiram em bloco. Os papéis dos frigoríficos também avançavam com a notícia de peste suína africana (PSA) na China, podendo favorecer as exportações brasileiras. Marfrig (MRFG3) e JBS(JBSS3) subiram 3,34% e 3,79%. Minerva (BEEF3) teve alta de 2,16%.

O destaque positivo ficou para a Locaweb (LWSA3), que subiu 13,04%. Segundo André Fernandes, o head de renda variável e sócio da A7 Capital, além da expectativa de juros mais baixos, a empresa reflete “o aumento de participação da General Atlantic na composição acionária da empresa, que saiu de 10% de maio do ano passado, e foi aumentando a posição de lá para cá em 15%”.

O principal índice da B3 subiu 0,73%, aos 103.434,66 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançava 0,56%, aos 104.250 pontos. O giro financeiro era de R$ 26,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Alexandre Pereira, analista de ações da Casa de análises do TC, disse que o Ibovespa sobe “com alívio no setor financeiro devido à ajuda ao Credit Suisse e em linha com o mercado externo mais animado, mas ainda é cedo dizer sobre uma retomada de alta; as curvas de juros estão cobrando mais prêmio de risco na sessão de hoje e trazendo uma incerteza para o futuro da política monetária e queda na Selic”.

O head de renda variável e sócio da A7 Capital, disse que a Bolsa opera em alta acompanhando o otimismo no exterior” com a linha de crédito que o banco suíço vai disponibilizar para o Credit Suisse, animando os mercados e os investidores ficam atentos a possíveis desdobramentos em outros bancos, como do First Republic, que deve receber uma ajuda entre US$ 20 bi a US$ 30 bi; se instalou uma crise de confiança no mercado em relação ao sistema financeiro e enquanto houver esse perigo de que mais algum banco posso aparecer no radar, essa melhora que vemos hoje é momentânea”.

Segundo Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, a Bolsa avança “acompanhando lá fora junto com o setor bancário e a notícia de que o JP Morgan, Morgan Stanley e outros bancos estão avaliando um aporte de US$ 20 bilhões no First Republic Bank dando um alívio no mercado”.

Bruna Sene, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, disse que a Bolsa opera com volatilidade acompanhando lá de fora. “O mercado fica receoso com essa questão envolvendo os bancos, por mais que a Lagarde [presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde] tenha falado, o banco suíço, a Yellen [Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA] e o Fed tenham se manifestado que o sistema [bancário] está seguro, o mercado fica com ‘a pulga atrás da orelha’ e o ambiente é de incerteza”.

A analista de investimentos da Nova Futura Investimentos disse que os investidores também ficam à espera do arcabouço fiscal, que deve ser apresentado na semana que vem. “O mercado está esperando um horizonte mais claro tanto em relação ao ambiente externo como à questão fiscal por aqui para engatar uma tendência definida”, enfatiza.

O dólar comercial fechou em queda de 1,05%, cotado a R$ 5,2380. Apesar do clima cautela global, com os problemas que envolvem o Credit Suisse, o movimento desta quinta foi de correção.

Segundo a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, “a queda de hoje está mais relacionada a um movimento de técnico, mas as incertezas com o sistema bancário continuam. Por conta disso, é capaz que as moedas fiquem pressionadas por algum tempo. O ambiente é de cautela”.

Para o head de tesouraria do Travelex Bank Marcos Weigt, “temos um risco de crédito. Nem na pandemia a taxa das treasuries (títulos do Tesouro dos Estados Unidos). O fator de risco foi gigante, este evento será provavelmente deflator”.

Weigt acredita que neste novo cenário o real não tem espaço para se valorizar, e o mesmo acontece com seus pares emergentes. As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta após o Banco Nacional da Suíça garantir liquidez ao Credit Suisse. Além disso, a notícia de que J.P. Morgan, Morgan Stanley e outros bancos discutem injetar liquidez no First Republic Bank deu fôlego aos ativos estrangeiros. o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,035% de 12,970% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,180%, 12,065%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,320%, de 12,240%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,585% de 12,535% na mesma comparação. Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, à medida que crescia o otimismo em Wall Street depois que um grupo de grandes bancos norte-americanos disseram que ajudariam o First Republic Bank, em meio à crise do setor nos últimos dias.

Confira a variação dos principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,17%, a 32.246,55 pontos
Nasdaq: +2,48%, a 11.717,3 pontos
S&P 500: +1,75%, a 3.960,28 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA