São Paulo, 19 de abril de 2023 – A demissão do general Gonçalves Dias do cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, em decorrência da presença dele no Palácio do Planalto durante invasões golpistas de 8 de janeiro, deve determinar a abertura de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para apurar os atos antidemocráticos daquela data. O governo vinha tentando evitar a instalação da comissão, mas até mesmo governistas já estão a apoiando.
O pedido de exoneração foi feito após reunião do agora ex-ministro com Lula e chefes de outras pastas, no Palácio do Planalto. A presença e a atuação de Dias no Palácio do Planalto, sede do Executivo, no dia dos atos foram divulgadas em vídeo pela CNN Brasil.
O líder do governo Lula no Congresso Nacional, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), defendeu a instalação da CPMI. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também teve comportamento semelhante de apoio. Até a tarde de hoje e antes da revelação das imagens, o governo lutava para evitar a CPMI.
Além de ter como quase inevitável a abertura da Comissão, o governo inicia em desvantagem, com a provável convocação de Gonçalves Dias. O desgaste do governo deverá ser explorado pela oposição.
O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, que vinha auxiliando o governo, ao menos adiando a sessão que colocaria a questão em pauta, já deu sinais de que não poderá impedir a instalação.
A demissão do ministro-chefe do GSI foi anunciada no final da tarde, mas os rumores e ruídos estressaram o mercado financeiro. O dia já vinha não sendo dos melhores, com Ibovespa caindo e juros e dólar subindo. As dúvidas sobre a eficácia do arcabouço fiscal e o cenário externo negativo determinaram as perdas. Mas a queda da bolsa e a alta do dólar se acentuou no final do dia, o que pode ser sinal do efeito da crise política.
A instalação de uma CPMI neste momento pode resultar em atraso na avaliação de questões importantes para os investidores, principalmente a tramitação do texto do arcabouço fiscal. Ontem o presidente da Câmara, Arthur Lira, prometeu celeridade na avaliação do tema e projeto a votação até 10 de maio.
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