Após dez altas consecutivas, Ibovespa pode testar 134 mil pontos, prevê BB Investimentos

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Touro de ouro da B3. Crédito: Divulgação/B3.

São Paulo – Os analistas começam a refazer suas projeções para o Ibovespa e para as ações, depois do pregão da última sexta-feira (12), que representou a décima alta consecutiva, algo que não acontecia desde janeiro de 2018. O principal índice de ações da B3 deu mais um salto de 0,47%, fechando aos 128.896,98 pontos. Só nesta onda positiva, o índice ganhou 4.990,43 pontos. O Ibovespa não atingia esse patamar desde 8 de maio de 2024, quando bateu nos 129.480 pontos, segundo análise da consultoria Elos Ayta.

A BB Investimentos comenta que, na semana anterior, o Ibovespa havia testado o topo do canal de baixa, e com a sequência de altas da semana passada, o índice acabou rompendo para cima o canal, que vinha contendo os movimentos desde o final de 2023. “Se confirmado o rompimento, vemos espaço para novas altas que podem trazer o índice de volta ao topo histórico, nos 134 mil pontos, com a faixa de 131.700 (máxima de fevereiro) como resistência intermediária. Para baixo, os suportes estão nos 125.800 e 124.600”, aponta a análise gráfica da BB-I, baseado no fechamento do pregão de 12 de julho.

No entanto, os analistas fazem duas ressalvas: o rompimento deixou o Ibovespa muito próximo à resistência dos 129.500, máxima do mês de maio e que precisa ser superada para alcançar novos patamares; além disso, é necessária uma confirmação dessa saída do canal, o que coloca forte expectativa sobre as negociações desta semana.

O Guia Técnico de Ações do BB Investimentos apresentou novo avanço de ativos com tendência de alta em relação à semana anterior. Dos 203 papéis monitorados, 75% (153) estão em tendência de alta ou alta consolidada, ante 71% (144). Entre as companhias com tendência de baixa e baixa consolidada, houve uma redução: 19% (38), contra 25% (50). O Ibovespa manteve a tendência de alta forte.

Movimento destaca reversão de gatilhos negativos e otimismo renovado no mercado

Para a consultoria Elos Ayta, “depois de um primeiro semestre de fazer qualquer investidor roer as unhas, o Ibovespa parece ter reencontrado seu sorriso”. Mas o que mudou no humor do mercado? “Após um primeiro semestre com um cenário de aversão ao risco, alimentado pela expectativa de juros altos nos EUA e turbulências políticas internas, o segundo semestre trouxe a calmaria tão esperada. Os dois maiores vilões da queda de 7,66% no índice parecem estar perdendo força. E, só para constar, no mesmo período, o dólar registrou uma valorização de 14,82%”, destaca.

A consultoria também ressalta que, desde o ano de 2000, o Ibovespa só registrou cinco oportunidades de dez altas consecutivas, e a rentabilidade no período atual é de modestos 4,03%, o que, na sua avaliação, coloca este rally como o mais modesto dos cinco do século. “O melhor desempenho foi no rally fechado em 20 de agosto de 2003, quando o Ibovespa valorizou 12,25% em 10 pregões. O segundo maior foi fechado em 19 de julho de 2016, com valorização de 9,37%. A terceira melhor marca fechou em 5 de janeiro de 2018, com 8,79%, e a quarta em 30 de julho de 2010, com rentabilidade acumulada de 8,30%.”

“Embora o rally atual em número de dias seja muito significativo, verificamos que sua força é tímida comparada aos quatro rallies anteriores. Isso pode representar uma timidez do mercado em procurar maiores retornos. Outro fato relevante é que o volume financeiro do mercado à vista se encontra em níveis muito baixos. No segundo trimestre de 2024, atingiu R$ 18,83 bilhões/dia, um valor que não era registrado desde o quarto trimestre de 2019”, acrescenta.

Segundo a análise da Elos Ayta, a ocorrência de valorizações repetitivas com baixo volume financeiro pode ser explicada por fatores teóricos como a baixa liquidez, que pode indicar que os movimentos de preço estão sendo impulsionados por um número relativamente pequeno de investidores. “Quando o volume é baixo, grandes compras ou vendas podem ter um impacto desproporcional sobre os preços, levando a aumentos significativos em períodos curtos”, explica.

Além disso, a repetição de valorizações em um ambiente de baixo volume pode sugerir a presença de uma “complacência de mercado”. “Investidores podem estar evitando tomar grandes posições devido à incerteza ou falta de convicção sobre a direção futura do mercado. Isso pode resultar em uma tendência de alta moderada e persistente, impulsionada por pequenas entradas de capital em vez de grandes influxos de investimento.”

Outros pontos mencionados pela consultoria foram o efeito dos investidores institucionais e o pessimismo excessivo dos investidores após períodos negativos. “Em mercados de baixo volume, os movimentos de grandes fundos ou instituições financeiras podem ditar a direção do índice”, avalia.