Após estresse com temor de risco sistêmico, Bolsa fecha em leve queda; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em leve queda de 0,24% com a melhora dos bancos e o afastamento do risco sistêmico em meio à quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e a forte queda das ações do Credit Suisse, após o grande investidor do banco afastar ajuda financeira.

Mas, o pregão foi de grande estresse com o temor de um contágio global. A Bolsa chegou a atingir a mínima do ano aos 100.692,04 pontos, mas acabou se recuperando. As ações ligadas às commodities caíram fortemente. Petrobras (PETR3 e PETR4) perdeu 2,44% e 1,76%. Vale (VALE3) caiu 3,01%.

Os agentes financeiros também ficam na expectativa do encontro de amanhã entre Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para avaliar o arcabouço fiscal. Haddad entregou a proposta ao presidente hoje.

As ações do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) reverteram a queda da manhã e subiram 1,89% e 1,42%. Itaú (ITUB4) caiu 0,25% e Santander (SANB11) perdeu 0,18%. As varejistas e construtoras avançaram com a queda dos juros futuros, sinalização de um corte na Selic. MRV(MRVE3) subiu 7,19% e EZTEC (EZTC3) avançou de 3,65%.

O principal índice da B3 caiu 0,24%, aos 102.675,45 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 0,33%, aos 103.570 pontos. O giro financeiro foi de R$ 52,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que a melhora dos bancos “fez a Bolsa reagir e deu afastada de risco sistêmico das quebras dos bancos; a percepção de queda de juros por aqui também ajuda as construtoras, que sobem “.

Leite acrescentou que “aumentaram as apostas de que o Fed não vai elevar os juros e pode até vir um pequeno corte”.

Rafael Schmidt, operador de renda variável da One Investimentos, disse que a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e o evento de hoje do Credit Suisse em que o apoiador saudita descarta qualquer assistência adicional ao banco deixam os investidores preocupados.

“Os dois fatores levaram estresse ao mercado e temos visto fortes perdas do valor de mercado dos bancos europeus e aqui não é diferente. O grande temor [do mercado] é o risco de contágio financeiro como aconteceu em 2008, o mercado precifica esse risco, mas pode ter sido fatos isolados. O SVB apesar de relevante não é dos maiores e estava correndo muito risco e o problema do Credit já se conhece há tempos. Precisamos de mais dados e notícias para entender o tamanho do problema para ver se vai haver contágio mundial”.

Segundo um analista do mercado financeiro, a forte quedada Bolsa “reflete o temor do investidor com uma crise generalizada diante dos problemas com o setor bancário nos Estados Unidos e com o Credit Suisse.; os principais papéis do índice têm forte perda como Petrobras e Vale e ajudam a derrubar a Bolsa”.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, a notícia do Credit Suisse “veio em um momento delicado e a fala do Fed de que vai garantir os depósitos de quem tinha nesses bancos aliviou o mercado ontem com as expectativas de pausem a alta de juros ou até implementem o 0,25 ponto porcentual (pp) e mudem o tom do discurso, mas a situação do sistema bancário está deixando todo mundo apreensivo. Na Europa, vemos isso um pouco pior porque o Credit Suisse é muito grande e se tiver grandes problemas pode gerar um contágio”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,72%, cotado a R$ 5,2940. A moeda refletiu o sentimento de forte aversão global ao risco, após o mercado tomar conhecimento da dificuldade do Credit Suisse em estabilizar as suas operações, o que é preocupante para os investidores.

Segundo o economista da BlueLine Flávio Serrano, “o movimento de aversão ao risco está desvalorizando os ativos em geral, com o medo de uma desaceleração severa que pode impactar a economia doméstica”.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “com a notícia do Credit Suisse os mercados entraram em movimento de aversão ao risco intenso e está contaminando diversos mercados, com os bancos europeus e americanos sofrendo bastante. O filtro para estas instituições com problema ficou mais rigoroso, e aí começaram a surgir estes problemas”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, com expectativa sobre o novo arcabouço fiscal, que deve ser apresentado nos próximos dias. o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,970% de 13,070% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,065%, 12,230%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,240%, de 12,355%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,535% de 12,590% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, enquanto os investidores avaliavam o futuro do Credit Suisse, um dos maiores bancos da Europa e com uma grande presença internacional e nos Estados Unidos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,87%, 31.876,22 pontos
Nasdaq 100: -0,15%, 11.410,5 pontos
S&P 500: -0,68%, 3.892,37 pontos

 

Com Paulo Holland e Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA