A Arábia Saudita e seus bancos iniciarão no domingo a recepção de pedidos para a compra de até US$ 13,1 bilhões em ações da gigante energética Aramco, em um teste significativo para o interesse de investidores internacionais em seu mercado.
Em um anúncio aguardado, a Arábia e a Aramco detalharam planos para vender até 0,7% da empresa estatal de petróleo, reservando 10% da oferta para investidores de varejo, com base na demanda. A tomada de pedidos será até 6 de junho e a precificação está prevista para 7 de junho.
A oferta, conhecida como Projeto Bond, tem sido anunciada há meses como um passo crucial para atrair uma variedade maior de investidores após o recorde de oferta pública inicial (IPO) da Aramco em 2019. A medida também avançará no maciço programa de diversificação econômica do reino.
“Desde o IPO, as expectativas mais altas em relação ao pagamento de dividendos e ao preço do petróleo têm superado as expectativas menores em relação à produção”, disse Hasnain Malik, chefe de pesquisa de ações da Tellimer, com sede em Dubai.
“Essa melhoria no fluxo de caixa disponível para os acionistas pode não ser suficiente para atrair os investidores estrangeiros que não participaram do IPO devido à preocupação ambiental com os combustíveis fósseis ou à preocupação com a governança das prioridades do acionista soberano dominante.”
Ao ser questionado sobre o interesse de investidores âncora em adquirir uma parte significativa da oferta, o diretor financeiro da Aramco, Ziad Al-Murshed, não deu muitas pistas.
Ele observou que as ações estão à venda acima do preço do IPO – dentro de uma faixa de 26,7 riais (US$ 7,12) a 29 riais (US$ 7,73), após fecharem a 29,1 riais (US$ 7,75) na quinta-feira, avaliando a empresa em US$ 1,87 trilhão. O IPO da Aramco a avaliou em US$ 1,7 trilhão.
A venda ocorre em um momento em que as ofertas de ações globalmente alcançaram US$ 247,4 bilhões no acumulado do ano, o maior nível desde 2021, de acordo com dados da Dealogic. Será uma das maiores vendas de ações da última década.
O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, conhecido como MbS, tem injetado centenas de bilhões de dólares por meio do fundo soberano do reino, o Fundo de Investimento Público (PIF), em projetos massivos, desde veículos elétricos até esportes e uma nova companhia aérea, para diversificar a economia longe dos hidrocarbonetos e criar empregos.
O reino conta com um grupo familiar de assessores, assim como no IPO da Aramco. A empresa do negociador de Wall Street Michael Klein, Klein & Co, e a empresa americana de boutique Moelis & Co estão atuando como assessores independentes no negócio, de acordo com um comunicado à Bolsa Saudita na quinta-feira.
O braço de banco de investimento do Banco Nacional Saudita, SNB Capital, atua como líder da oferta, além de seu papel como coordenador global conjunto ao lado do Morgan Stanley, Citi, Goldman Sachs, HSBC, Bank of America e JPMorgan.
O CEO da Aramco, Amin Nasser, disse aos repórteres que a venda era uma oportunidade para investidores atuais e novos construírem uma posição significativa na empresa, e para a Aramco ampliar sua base acionária e impulsionar a liquidez de suas ações.
A Arábia Saudita é a líder de fato da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que – via grupo Opep+ com aliados como a Rússia – ajuda a engenharia de movimentos de preços nos mercados mundiais de petróleo.
A venda de ações da Aramco coincide com uma reunião da Opep+ para determinar suas futuras políticas de produção. O grupo está considerando estender alguns de seus significativos cortes na produção de petróleo até 2025, de acordo com fontes familiarizadas com as discussões. As expectativas do mercado estão cada vez mais inclinadas para uma prorrogação, o que James Swanston, da Capital Economics, acredita que “pode não resultar em um impulso tão grande para os preços”.